28.10.01

Fatboy Slim

A pleiboizada que estava lá esperou cinco horas achando que ia ver o seguinte:
Fatboy Slim entra no palco de macacão fosforescente, dá uma estrela, agarra o microfone e diz... "hello brazil! you know it's a great thrill to be here... this is a great country...i've learned some words during my stay... caipirinha, samba, feijoada. obrigado brazil!"... aí atacaria de "Rockafeller skank", depois "Praise you", depois não se sabia mais o que esperar...
Mas ele nunca foi dessas palhaçadas, então... Foi com uma camisa de botões, ficou mexendo nas pick-ups como os outros (bons!) DJ's, e inventou um techno-samba especialmente para nós, brazucas. Dele mesmo, apenas músicas desconhecidas: "Everybody needs a 303" e "Star 69", além da frase de efeito "Fatboy Slim is fucking in heaven". Estava felizão e terminou o set com "19/2000", do Gorillaz. Deu tchauzinho e foi, sorrindo.
Por isso, os que esperavam um lado mais mainstream dele ficaram decepcionados e foram embora logo depois que começou sua apresentação. Eu não, mas como tinha dançado demais com os outros DJ's (realmente superaram minha expectativa, especialmente o terceiro), sentei na arquibancada. Estava pregada! Mas as dele eu dancei, claro!

26.10.01

Cada uma

Não lembrava disso, mas minha mãe e avó me lembraram. Coisas de quando eu tinha seis anos.

Eu ficava achatando o cabelo da empregada e elogiava: "O cabelo da Rosa é cabelinho de Bombril". É sério, eu achava isso elogio.

A professora ensinou a escrever bilhetes e eu escrevi um pro caseiro negro da minha mãe:
"Domilis,
por favor avise à mamãe que a escravidão já acabou.
Ass: Simone."

Minha tia cortou o cabelo e me perguntaram: "você gostou?" Eu disse: "Gostei. Tá lindo, parece o cabelo do Djavan".

Eu era terrível.

22.10.01

Olha eu mãe olha eu!

Minha mãe arranjou um namorado que é a personificação da Chatice, a encarnação da Presunção, o cúmulo da Síndrome dos Dez Irmãos... Sim, como o energúmeno não teve oportunidade de aparecer na infância, está tirando o atraso agora, depois de burro velho... e eu é que tenho que agüentar suas longas e estéreis divagações sobre o marxismo e o existencialismo (enquanto minha mãe o ouve, entre embevecida e desplugada, senão dorme).
Certo é que nunca agüento muito tempo e logo chuto o pau da barraca... Provo pra ele que ele não sabe do que está falando, apenas repete o que algum professor comentou trinta anos atrás (trinta? bondade minha...).
Ele me odeia.
Constituição de uma ditadura

Não acertar o relógio pra 10 minutos mais tarde (é doideira)
Não levar só um prato de cada vez para a cozinha (é perda de tempo)
Jamais completar consumação de boate levando latas de refrigerante pra casa (é cafona)
Não dormir de dia ao invés de noite (não é o normal)
Cumprimentar as pessoas olhando para elas (a educação manda)
Não deixar o jornal no chão (estraga a arrumação da casa)
Não deixar o telefone sem fio fora do lugar (senão perde a bateria)
Não acumular roupas sujas (senão vai ficar sem nenhuma)
Tomar banho todos os dias (senão fede)
Não beber direto da garrafa (é falta de educação)
Não andar descalça (senão o pé fica preto)
Não sair mal-vestida ou vestida de modo estranho (senão as pessoas vão olhar e reparar)
Não pagar nada para ninguém (vão te fazer de otária e não vão te pagar)
Não levar dinheiro solto na bolsa (não é chique)
Não ficar o dia inteiro sozinha (não é normal)
Não ficar o dia inteiro dentro de casa (não é saudável)
Não sair sem bolsa (é falta de bom-tom)
Não beber mate do copo plástico (é grosseria)
Não roer unha (senão não arranja namorado)
Não tirar casca de ferida (deixa marcas)
Não sair sem jóias ou bijuterias (é falta de finesse)
Não sair despenteada ou com penteado estranho (é horrível)
Não voltar sem dar relatório de onde esteve (é um ato anti-social)

19.10.01

Chocolate politicamente correto

Lembra dos cigarrinhos de chocolate da PAN? Pois é, eu descobri que eles ainda existem! E continuam com o mesmo gosto (na minha opinião; meu namorado, o JP, achou diferente). Como somos ambos não-fumantes, resolvemos comprar os de chocolate para tirar uma onda de intelectual. E relembrar a infância, claro.
Mas que decepção! A embalagem mudou e agora diz ROLINHOS, e não CIGARROS, de chocolate! Os anos noventa estragaram o fucking chocolate... Pior ainda, os tais "rolinhos" não possuem mais aquele invólucro imitando cigarro! É uma embalagem sem graça qualquer.
Tem um aviso que mantém o espírito do original: nas mesmas letras do aviso do "MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE...", está escrito: "A CHOCOLATE PAN INFORMA: CHOCOLATE É GOSTOSO E ALIMENTA".
E incorreção política, apesar de fazer mal à saúde, é bem legal às vezes!

17.10.01

Minha página

Fica em www.simonecampos.cjb.net.
Juro que vocês vão gostar. E tem a explicação do nick maya_sibylla.

(PS.: link atualizado.)

15.10.01

Mafalda

Na época do meu primeiro contato com Mafalda, pensei com meus botões: “ela ficaria feliz de ter visto o Muro de Berlim cair, como eu vi quando tinha a idade dela...”. Mas apesar do imenso sucesso, Quino parou de desenhá-la em 1973. Hoje, depois de devorar o livro que tem todas as tirinhas dela, fiquei pensando no que Mafalda teria a nos dizer sobre a situação atual, ou seja: terrorismo, bombardeio com pacotes de comida, antraz... Será que ela estaria com a idade dos seus pais e já não contestaria mais coisa nenhuma? Ou apenas sonharia, de novo, em impedir a guerra com apelos de cima da sua cadeirinha?
Não sei dizer, não me atrevo a afirmar, mas aposto que daria uma palmada na testa e afirmaria, desconsolada: “Vocês não aprenderam nada, estúpidos?”.
*Livro

Estou escrevendo um livro péssimo. Péssimo, no sentido de “pior que mau”. Um livro muito mau. Mau, no sentido de evil. Enfim... deu pra entender.

Trilogias

*1 - Musicais
Já reparou que os musicais estão voltando, aqui e ali, pelas mãos de diretores geniais? E que, cada vez que um deles sai, é saudado pela crítica equivocada como “a volta dos musicais em grande estilo”? Putz, se é assim, já tivemos uma trilogia da volta dos musicais: “Dançando no escuro” (Lars von Trier), “South Park” e, agora, “Moulin Rouge” (Baz Luhrmann). Se bem que “Moulin Rouge” mais parece uma ópera!
Respectivamente: Dramalhão. Comédia animada. E ópera romântica.
Respectivamente também e na minha opinião, as melhores músicas de cada um. “Cvalda”, “Uncle Fucka” e o “Zidler’s Rap” (que mistura “Lady Marmalade” com  acredite se quiser e leia por própria conta, porque é surpresa  “Smells like teen spirit”!!!).

*2-Big Brothers
Tá. Além disso, temos a Trilogia Big Brother: “O Show de Truman”, “Pleasantville  A vida em preto e branco” e “Matrix”. Precisa dizer mais? Talvez, mas eu tô com preguiça. Pense bem nisso e verás que faz um certo sentido. Só digo, pra não dar uma de incompetente, que em cada um dos três, pessoas são arrancadas de sua normalidade por informações novas sobre o que seria a “realidade real”, sendo perseguidas por causa disso. Em contextos bem diferentes, é claro, mas o miolo do roteiro tá lá, é o mesmo, pode ver.