26.10.02

Como ligar seu microsystem no computador

Eletrônica básica! Se seu microsystem tiver dois furos atrás e uma opção chamada VIDEO/AUX (além de TAPE, FM/AM e CD)... você pode ouvir suas MP3s com alta qualidade e volume, além de tomar sustos terríveis com os oh-oh's do ICQ!
Vá numa loja de ferragens ou no supermercado e compre um treco chamado CABO RCA. Ele deve ter dois jacks (pluguezinhos) numa ponta, e apenas um na outra. Não custa mais de cinco reais.
Primeiro, ligue os dois jacks nos furos atrás do microsystem. Moleza saber qual é qual: junte o vermelho com vermelho e o preto com preto. Às vezes o microsystem tem um furo branco em vez de preto; nesse caso, o jack preto vai com o furo branco.
O jack da outra ponta entra no computador. Siga o fio e veja onde o jack das suas caixinhas de som entram (atrás da CPU). Tira ele de lá e ponha o novo.
Pronto. Veja se está tudo bem encaixado, ligue o computador e o microsystem, aperte a opção VIDEO/AUX... e parta pro abraço.
Mais duas

- As letras A: e B: te dizem alguma coisa? A mim dizem: dois drives para dois tipos de disquete...
- Fui uma das pessoas a descobrir MP3, antes do Napster, quando tinha que se procurar via Yahoo ou AltaVista... (Google? O que é isso?). E conseqüentemente fui uma das primeiras a usar o Napster (que tinha uns 3000 usuários na época).
Eu coloquei coisas ontem que ainda não entraram! Odeio o Blogger!

nuff said
O que o computador fez da minha vida?

Me tornou escritora. Não foi só ele, mas é que... eu jamais suportaria escrever à mão. À máquina de escrever até podia ser, mas eu me perderia nas provas e rascunhos e desistiria mais rápido ainda. E, sem a Paciência e o Campo Minado (ou o Prince e o Digger) para distrair, eu jamais teria algumas idéias (que vêm em momentos de descontração - sabe a descoberta da estrutura em hélice do DNA? O cara teve a idéia olhando pruma escada em espiral...). Também joguei muuuuito adventure. Toda a série Kyrandia, Amazon, etc - todos me inspiraram muito. E aquele joguinho de empurrar as caixas, So-ko-ban? E o Taipei, para tirar a sorte dos personagens? E o que seria de mim sem Heretic, Duke Nukem 3D (Atomic Edition) e toda a série Tomb Raider? Alguém que nunca teria pego numa besta, nem numa Uzi; nem coletado artefatos arqueológicos, nem usado teletransportadores; e nem derrotado a Natla, nem os aliens.
A experiência não é fundamental para um escritor. Mas é interessante encontrar um tigre na minha biblioteca (e matá-lo com a pistola, lá de cima).
(R)etry

Mexo no computador há tanto tempo, que...
- usei Pkunzip
- usei disquetes grandões
- já achei os disquetes "menores" a coisa mais fofa do mundo
- já achei o CD-ROM a coisa mais poderosa do mundo
- meu computador já teve 680 K de memória (e hoje tem 131000 K)
- lembro dos botões toscos do Windows 3.1 (sem sombreamento)
- ficava horas brincando no AfterDark...
- ...especialmente com as Torradeiras Voadoras
- o Paintbrush, assim como a Paciência, já foi uma novidade (e disputado a tapa)
- joguei Prince of Persia... verde!
- joguei Digger... verde!
- joguei Tartarugas Ninjas 2... verde!
- achei o Word 2.0 (para DOS) uma grande evolução em relação ao Wordstar
- achei o Word 6.0 (para DOS) lindo e perfeito, o máximo da evolução em tela azul
- fui quase que formalmente apresentada a um mouse (de dois botões, da Microsoft)
- imprimi numa impressora matricial de formulário contínuo (Epson LX-810)
- um dia, já achei uma impressora preto-e-branca da HP o máximo da perfeição...
- ...tanto que imprimia trabalhos de escola em papel "salmon", pra combinar
- e por último, vergonha suprema... já entrei no chat da UOL!

25.10.02

Bad command or file name

Mexo no computador há tanto tempo, que...
- usei Wordstar e lembro vagamente dos comandos.
- ainda chamo as pastas de "diretórios"
- e o HD de "winchester"
- sou a única do meu círculo de conhecimentos que ainda sabe mexer no DOS...
- ...apesar do teclado ter mudado para ABNT 2, ou seja, decorei a posição das teclas.
- usei Carta Certa, DBASE e XTree (que depois virou XTreeGold...)
- sinto saudades da mensagem de erro mais tosca da história: BAD COMMAND OR FILE NAME
- e da segunda mensagem de erro mais tosca: (A)bort, (R)etry, (F)ail?
- e da sua versão em português que veio a seguir: (A)bortar, (R)epetir, (F)alhar?
- sinto saudades também do tempo em que o Memmaker funcionava
- e de ter que digitar "cd windows", enter, "windows", enter pra entrar no Windows 3.1 preto-e-branco
- e depois, de ter que digitar "win" na linha de comando do DOS pra entrar no Windows 3.1 colorido

22.10.02

A nova do Serra

A patricinha loira de blusa rosa está fazendo seu dever de casa quando sua mãe chega perto. A patricinha, espevitadamente, diz que vai votar no Serra. A mãe diz que ia votar no Lula mas está em dúvida. (Como aquela mãe parece com a minha, e como a filha dela parece com a filha que minha mãe queria ter tido). O comercial termina com a dúvida da mãe e o logotipo azulão do Serra no canto inferior direito da tela.
A convicção da patricinha de votar no Serra me lembrou um caso ocorrido lá no Santo Inácio. Na apresentação de um trabalho sobre crises econômicas, quatro delas declararam que a presente crise (uma dessas que atravessamos) não as impedia de continuar levando a mesma vida que sempre levaram, e que seus pais continuavam comprando "as suas joinhas".
Bom, uma dúvida EU não tenho: a patricinha do comercial estuda num colégio particular de mais de 500 reais de mensalidade. Depois, com a ajuda do curso PH, passará para a PUC. Ela não precisa mesmo da democratização da educação.

21.10.02

Frases borbulhantes/melodiosas largadas no chão do dia

Jardim da figueira que se bifurca.
Bullet with butterfly wings.
Whipped cream feito com chicotes de verdade.
Os dois olhos-de-lâmpada repousavam contra a noite e enxergavam Maria Luiza sentada junto a Francisco, o suficiente para ele pensar em se render à calidez e buscar e sofrer o percebimento da sua pele.
Feigenbaum

Ainda em Araras, visitei a horta-pomar com a namorada do meu primo, Juliana. "Isso é cebola, isso é cebolinha. Isso é uma parreira, isso é um antúrio que nasceu no lugar errado. Couve normal, couve azul, salsinha, bananeira, limão galego."
Nisso chegamos numa árvore que parecia ter morrido. Era baixinha e estava quase sem folhas. Eu não conseguia identificá-la; assim ia acabar perdendo credibilidade como especialista em sítio!
Até que prestei atenção nos galhos se bifurcando ao infinito. Lembrei do livro sobre Teoria do Caos que tinha lido (e que me inspirou o livro novo). Nele, havia um "diagrama das bifurcações para o mapeamento logístico", e sua estrutura era como a de uma... figueira.
- É uma figueira!
Ian Stewart, autor do livro (Será que Deus joga dados?) diz que batizou o esquema de "figueira" porque levou a uma descoberta do físico Mitchell Feigenbaum - que quer dizer figueira em alemão...
Fato irrisório

Os passarinhos cantavam até irritar, em Araras. Além do tradicional bem-te-vi, havia um que faz tí-tuí, tí-tuí, tí-tuí. Depois de uns dias ouvindo o bicho, a gente começa a imitar o som dele só de zoação.
Mais Utena!

Aqui explica melhor o filme!
http://www.omelete.com.br/cinema/artigos/base_para_artigos.asp?artigo=1001
Podrópolis

Da coluna de Carlos Albuquerque e Tom Leão: "Imagine ver Matrix com show de Jorge "Vacilo"! É o máximo da inovação (o telão e o filme em questão) com o máximo da estagnação.
Minha mãe deixou o Jorge Vacilo tocando em Araras. Ela comprou o CD dele. Quando ela passou pela minha "mesa de jogo" (onde vale de tapão a pôquer), perguntei, em desespero:
- De quem é esse CD?
- Do Jorge Vercilo.
- Ah, tá. Porque é uma merda.
E para minha grandissíssima surpresa, minha mãe totalmente dominada pelo mainstream disse:
- É MESMO, NÃO É? ME ARREPENDI DE TER COMPRADO.
Nem ela suporta, gente! É um festival de clichês (e escutei tudo). No final das músicas nunca faltam os infames tchu-ru-ru, lálálá, e o dub-dub-dub-dub, além de outros ruídos duvidosos... E aquele ritmo que você escutou nas piores músicas imitativas da Tropicália...

17.10.02

Metrópolis

Fui vê-lo, finalmente, na repescagem do Festival do Rio. O filme é ótimo! A trilha é grudenta! E o GROT, capataz da máquina central, parece o Lula! O filme dura quase três horas... mas passa rápido!

15.10.02

O jab de direita

Demorei pra criar coragem, porque sou paranóica e fico achando que o cara vai ler meu blog...
Mas imagine a cena: num desses dias de calor infernal (todos ficam mais violentos no calor), eu suando em bicas após andar quase quinze minutos com uma mochila pesada e quente nas costas, decido tirar os óculos porque eles estão escorregando na minha cara suada. Prendo os óculos na blusa e enxugo a cara com a mão (a parte do nariz em que os óculos se apóiam está gordurosa e nojenta). Nisso, um gordão de terno e óculos escuros (nunca confie em quem usa óculos escuros e terno) que estava encostado perto do ponto de ônibus e me secava descaradamente durante toda a operação de secagem (redundância necessária), sem que eu me dignasse a olhar para ele, solta essa:
- Que calor, meu amor.
Eu me viro e, com um movimento preciso, desfiro um jab de direita na bochecha gorda do paquidérmico. Eu quis apenas cumprir uma promessa que fizera a mim mesma: se você se sentir ultrajada, não vai engolir calada, nem que tenha que bater no cara. Virei, bati, e saí - andando, do mesmo jeito de antes. Como ele tinha uma bochecha bem gorda, não senti dor na mão. Nenhuma. O impacto ficou todo na mandíbula do animal. Foi um soco muito bem dado e merecidíssimo.
Ele veio atrás de mim como um louco (apanhou de mulher!... e tão rápido que quase ninguém viu) e esfregando a bochecha (vendo isso, fiquei feliz de ver que tinha funcionado). Tentou me dar um empurrão, mas falhou. As mãos esbarraram na minha mochila.
- Tá maluca, garota?
- Eu? Não. Você é que está. (Eu não podia crer que ele ainda queria argumentar.)
- Tá maluca? Só falei "que calor, meu amor".
- Pois então! Não sou "seu amor".
Foi então que ele ficou meio perdido. Perdeu distância, confuso. Voltou à ladainha de dizer que eu era doida e coisa e tal.
- Se quiser ainda vai levar mais! - ameacei, com plena intenção de realizá-lo.
Aí ele tentou soltar umas bravatas, dizer que também acabava comigo, etc - mas não colou. Só se lutássemos sumô. Acabou desistindo de vir atrás de mim depois de mais alguns impropérios que só me fizeram rir.
Petrópolis e Metrópolis

O feriado foi na casa em Araras. Sol, piscina, soneca, buraco e pôquer. Muito tranqüilo. Tive que pegar quatro ônibus e um metrô na ida - escalas em Afonso Pena, Rodoviária Novo Rio, Petrópolis e Corrêas. Mas juro que valeu a pena.
Ontem tive que voltar pra ver Blade Runner no Telefônica Open Air. E... o projetista começou a fumar maconha! E não é tipo: "ahá, maconheiro". É que é um dos piores cheiros do mundo (brócolis cozido, mijo seco, charuto, maconha são alguns dos piores, a mon avis), inclusive no quesito impregnação. (Aliás, gosto um pouco do cheiro de pneu queimado. Mais alguém?). Todo mundo saiu das cadeiras próximas e o indivíduo (sendo pago pra isso) ficou lá... o filme inteiro. Nenhum segurança circulando. Tirou meu prazer em ver o filme.
E amanhã, na ressaca do Festival do Rio, Metrópolis - que eu não pude ver porque estava de refém do Governo na "Festa da Democracia Compulsória". Que nem aquelas festas de escola em que você é obrigado a dançar sem uma razão satisfatória... deve ser pra ir acostumando.

10.10.02

Acabou

E estou exausta. Mas foi divertido revolver minhas impressões dos filmes. Hora da retrospectiva (pela ordem):

Muito Recomendados:
Utena, a guerreira. (Lynch anime!)
Dois perdidos numa noite suja
O romance de Morvern Callar
Meu namorado Pumpkin
A viagem de Chihiro (resolvi subir de categoria)
Ainda estou viva

Recomendados:
Meu primeiro homem
Ali
Madame Satã
Cuide das minhas coisas
O reencontro
Miranda
O túnel
The Gathering

Execrados:
Separações
O instante do adeus
O voto é secreto
Festival XV

Quinta.
4 da tarde: O crime do Padre Amaro (El crímen del Padre Amaro). Escolha esperta dos nomes dos personagens (obrigada JP). Mostra provavelmente bem o México de hoje. Odiei o "objeto da paixão" do Pe. Amaro: é uma patricinha católica - dessas que estuda no Santo Inácio e vai fazer Direito na PUC. Usa crucifixo, mas papa a hóstia com trejeitos linguais gretchianos. Depois que pega o padre é levada por Dionísia (habla Nietxxxxche) pra fazer um aborto. Pílula no México? Hã? De qualquer modo, o filme é bom, mas inferior às minhas expectativas.
Festival XIV

Quarta.
5:30 da tarde: Meu irmão, o vampiro (??? der vampyr). Achei meio bobo. Tem momentos engraçados. Mas se quiser ver o melhor retardado - ops, deficiente! - do Festival, devia ter ido ver "Meu namorado Pumpkin".
7:30 da noite: O romance de Morvern Callar (Morvern Callar). Perfeito. Quanto mais penso no filme, mais vejo perfeição. Aos "fatos": foi inspirado num romance, ou seja, é feito de desacontecimentos. Por isso, tive que ouvir uma velha resmungando no final da sessão: "a gente vê a sinopse de um filme e acha que é legal...". Ainda bem que você não achou legal, minha senhora. (Faço questão do meu egoísmo, obrigada). A trilha sonora, pela Warp Records (gravadora de Aphex Twin e do Squarepusher, e de uma penca de artistas eletrônicos/independentes), só tem pérolas-de-rara-beleza. O nome Morvern Callar quer dizer "silêncio mais calado". Filme pra mulheres de verdade (morte a Bridget Jones!) e homens que as apreciem. Recomendo muito! Veja, veja, veja! Ouça, ouça, ouça.
9:30 da noite: O instante do adeus (rashcechahahaah acha que sei escrever "despedida" em alemão?). Filme chato sobre o finalzinho da vida de Brecht. Espero sinceramente que tenha sido mais interessante antes, ou na realidade. Pessoas (várias) saíram no meio da sessão. Brecht fode teoricamente com todas as mulheres da casa, mas não vemos nada. E Brecht peida na cara de seus discípulos. Aliás, Brecht peida! Hahahahaha...

8.10.02

Canções

Para Lula, após o primeiro turno, Alliyah canta: if at first you don't succeed/ you dust yourself off and try again...
Depois do segundo turno, Billie Holiday: what a difference a day made...
Deuses pra cada coisa

Lula é nosso Brahma (deus hindu da criação) e nosso Shiva (deus hindu da destruição). Serra é nosso Vishnu (deus hindu da conservação).
Precisamos demolir umas estruturas e construir outras, ou manter tudo como está? Pensemos nisto... está perto.
Festival XIII

Terça.
2:00 da tarde: Miranda. A abertura promete (é muito bacana), mas não cumpre. O filme, lamentavelmente, não é tão bom assim. Tem umas coisas legais - mas é mal desenvolvido... não sabe pra onde ir. É o famoso "filminho simpático". Não decepciona nem fica chato em nenhum momento (em parte... tá bom, vocês sabem que eu vou elogiar a Christina Ricci). Parece um pouco com meu livro (de novo). Recomendo timidamente.
Festival XII

Segunda.
1:30 da tarde: 12:00, a noite te chama (12:00). Filme legalzinho escondido no meio do festival. Mais pra pipoca, tem umas besteiras e umas tragédias. E também detalhes interessantes. É sobre a vida de pessoas se cruzando durante a noite numa metrópole. Usa uns recursos furados e outros novos. Mas legal.
6:50 da tarde. O túnel (Der tunnel). Gostei muito desse. É emocionante, tem bons atores, e as mais de duas horas passam rapidinho. Tem intensidade dramática sem deixar de ser pipoca e contar a história. É sobre o primeiro túnel que refugiados da Berlim Ocidental cavaram pra resgatar gente da Berlim Oriental. Recomendo.
Festival XI

Domingo.
6 da tarde: Amen. Odeon. Sessão quente. Quase fervendo com aquela porcaria de ar-condicionado. Cheio de gente, até nas escadas... rolou overbooking). Filme longo. Mas bom. Costa-Gavras falou.

6.10.02

Democracia

Olha o que descobri: Prêmio UIP. É pra votar nos filmes da mostra Panorama do Festival do Rio... E eles dão o prêmio pro "eleito". Eu já votei em alguns. Fica em http://www.festivaldoriobr.com.br/f2002/asp/filme_uip.asp.
Eleições

Hoje fui mesária e votei pela primeira vez. Na minha seção, o Lula ficou com 141 votos, o Ciro com 55 e o Serra com 44 (algo assim). A Benedita também ganhou de muito.
Festival X

Sábado.
1:00 da tarde: Desmundo. O filme é legendado em português, porque é falado em... português arcaico! "Chenta acó"... ou "senta aqui"! Simone Spoladore está ótima, pra variar.
9:30 da noite: The Gathering. O argumento é ótimo, Christina Ricci também, mas falta alguma coisa. E tem um ar meio trash. Ainda assim, recomendo.
Festival IX

Sexta.
Eu deveria ter visto o Homem sem passado, mas o Paissandu atrasou a sessão em (pelo menos) meia hora por causa de "uma pecinha que estava faltando" e pedi (pedimos, eu e JP) nosso dinheiro de volta. Senão atrasaríamos para o próximo filme...
4:30 da tarde: 11 de setembro (September 11th). Esse é um filme controverso. São episódios dirigidos por diretores de diversas partes do mundo sobre o acontecido em NY ano passado. Um dos episódios de 11 minutos foi coberto de aplausos: o que fazia paralelos entre a terça-feira, onze de setembro, em que Pinochet deu o golpe no Chile e a terça-feira, 11 de setembro dos EUA. Era narrado por um exilado chileno que hoje mora na Inglaterra e cheio de imagens de arquivo. Foi o do diretor inglês.
Já Iñarritú fez um imbróglio de sons (que ficou pior mal-legendado) sem imagem. Ou quase sim. As imagens eram poucas e esparsas; apenas o balé das pessoas se jogando do WTC. Eu gostei um pouco.
O do diretor japonês, creio que ninguém conseguiu relacionar com a tragédia de NY. Era sobre um homem que voltava da Segunda Guerra agindo como cobra (!). Talvez tivesse a ver com o fato do oponente japonês serem os EUA, mas ficou enigmático demais. Mas é uma história legal (e o cara parece mesmo uma cobra).
O que menos gostei foi o do diretor... acho que de Israel. Fez uma história muito boba a partir de um atentado acontecido em Israel ao mesmo tempo do do WTC. Parecia um argumento de um aspirante a cinema de 2o grau!

4.10.02

Festival VIII

Quinta.
1:01 (?) da tarde: Madame Satã. Muito legal. O espírito da Lapa, presente. A macheza de Madame Satã (que só vira M.S. lá pelo fim do filme) é notória. A fotografia é muito esperta. Recomendo!
7:00 da noite: Meu primeiro homem (My first Mister). Esse filme parece meu livro! Metade dele pelo menos... Leelee Sobieski parece ter trocado de papel com Christina Ricci. Está gótica, de cabelos pretos. Roteiro esperto. Participação de John Goodman. Vai estrear em circuito. Recomendo!
11 da noite: Meu namorado Pumpkin (Pumpkin). Christina Ricci parece ter trocado de papel com Leelee Sobieski. Está patty, patty, patty, como Carolyn. Mas sua felicidade e sua "vida perfeita" desabam quando ela se apaixona por Pumpkin, o atleta deficiente que devia ajudar nas Olimpíadas. Pior que a legenda é eletrônica, ou seja, não está comprado e pode não passar mais no Brasil.
Dois momentos memoráveis:
Quando a mãe superprotetora de Pumpkin entra no quarto dele e dá de cara com os dois na cama: "Você estuprou meu filho!!!".
E quando o ex-namorado de Carolyn ameaça surrar Pumpkin, que aparece no baile de formatura de Carolyn... "Se é homem pra roubar minha mulher, tem que ser homem pra bater em mim!". Todos tentam segurá-lo e impedi-lo - afinal o garoto é deficiente - enquanto Pumpkin gagueja: "O-out-side!" (Lá fora!). O cinema veio abaixo.
Recomendadíssimo! Corram pra ver!
Festival VII

Quarta.
Eu errei um código e pedi o ingresso antecipado errado. Com isso, tive que deixar de ver Samy e eu pra ver A viagem de Chihiro.
7 da noite: A viagem de Chihiro (Spirited away/ Chihiro alguma coisa). Todo mundo fala bem desse filme. E, realmente, é um épico. É engraçado, é universal, é lindamente desenhado (e dura 2 horas e 5 min, que passam bem rápido). Novamente, um "filme do Lynch". Isso acontece em vários mangás e animes... é que a cultura oriental tem outra noção de contar uma história. Recomendo!
9:40 da noite: Irreversível (Irreversible). Epiléticos, afastem-se. A tela pisca e roda. Muito. Está a serviço da história, tudo bem, mas o lanche do McDonalds quase voltou. A história é contada como em Amnésia, ao contrário. Tudo isso porque o filme é entrópico... sabe a entropia, a lei que diz que a tendência de qualquer sistema é murchar e desaparecer? Essa. O lema do filme é "o tempo destrói tudo". Quem fez esse filme ainda não descobriu o reverso da moeda da entropia, a Teoria do Caos. Mas vá lá.
A famosa cena de estupro de dez minutos me lembrou outra, e teve o mesmo efeito desta; em Cidade de Deus, a esposa de Mané Galinha é estuprada por Zé Pequeno. O que vemos da cena são dois ou três flashes de fração de segundo, enquanto o som (da brutalidade do estuprador e do sofrimento da mulher) permanece todo o tempo, e depois a mulher fora de foco, ao fundo, humilhada. Ambas as cenas causaram exatamente a mesma repulsa. O tempo que elas duram colabora para o mesmo efeito.
De qualquer modo o filme é forte pra caramba. JP disse uma coisa certa: "Eu não teria coragem de recomendar isto pra ninguém".

1.10.02

Pause para explicar meu intenso ódio

Nesse nefasto esquema (abaixo) é que vivem minha mãe e seu namorado (moram na Lagoa). Depois ela "não entende" porque não moro com ela. Vou é morar no Grajaú, onde ela nunca vai ter coragem de "arriscar a pele", e me livrar de uma vez por todas. Minha mãe me acha louca porque gosto bastante do triunvirato Tijuca-Vila Isabel-Grajaú. "Tem favela!!!!" E minha filha, ou minha mãe, o que que tem em Botafogo? Hein? Dona Marta existe. "Não tem praia!" Eu vou à praia duas vezes por ano e olhe lá. Tenho cultivado uma cor meio mórbida pra combinar com o cabelo ruivo. "Não tem nada!" Opa, aí é que pega. Realmente, não tem desses lugares pra "ver e ser visto". Que bom, porque abomino isso. Enfim. Só vejo vantagens.
Quero ir morar num andar alto, nessa área - que é barata - num apartamento de um quarto, protegida de favela, perto do metrô (que ainda não rola essa de carro; primeiro, casa).
Aceito doações.
Socorro!
Festival VI

Terça.
1 da tarde. Separações. Sala cheia, imprensa em cima. O filme foi dedicado, entre outros, a quem circula pelo Baixo Gávea e Leblon. Engoli em seco. O pessoal que circula pelo filme, tão moderno (lembre-se que "somos" pós-modernos), com aquela história de manter as aparências, casar "pra ter companhia", depois ficar um traindo o outro pelas costas sem ter colhões pra se separar e desorganizar a vidinha tão esquematizadinhazinha... os fins de tarde sorrindo no boteco chique, enchendo a cara pra esquecer as merdas que fez e as futilidades praticadas, fazer mais merda quando bêbado e usar a desculpa de que ama o amorrr... teorias empurradas com a barriga de chope. O primeiro filme no festival que odiei. Por causa do povo dele. Tem tiradas engraçadas sim, e eu ri sem culpa. Mas preferia que todo esse bububu no bobobó fosse pro 2 perdidos numa noite suja, que merecia tão mais... Não é porque o Separações é "filme de rico", ser rico é bão e não tem nada de errado, mas o esqueminha de vida Baixo Gávea é tão medíocre... Me enerva que tais sujeitos possam se achar artistas. Morram! De cirrose e câncer pulmonar.
Festival V

Segunda.
1:00 da tarde: Dois perdidos numa noite suja. Puta filme (pra não fugir ao vocabulário de Paco). Débora Falabella, maravilhosa. Tipo, apesar das drogas, esqueça a Mel que você viu na novela. Ela acabou de provar que sabe ser versátil, que sabe criar um personagem diferente do outro, que sabe dar coesão e coerência a personagens por si já fragmentários. Você a vê na tela e pergunta: "quem é aquele garoto?". Enfim, uma puta atriz. E o cara que faz o Tonho (que crime, esqueci o nome), perfeito como um mané de Governador Valadares. O diretor, José Joffily, fez um filme com tudo, comida pesada mas que desce muito bem. Nada é gratuito. Tudo, desde a violência até a sensualidade, é bem-dosado e funciona. Nem tudo é explicado. Trilha sonora perfeita. A sessão popular (a 2 reais, no Odeon) não estava cheia, ao contrário da de Separações hoje. Mas eu amei, recomendo muuuuuuito!!!!!
4 da tarde: Ali. Outro puta filme. Toda a negritude - a black music, a África - é convocada para contar a vida do boxeador lendário. Procura-se mostrar todos os aspectos da vida dele, como algumas conquistas lhe foram sendo tiradas, as convicções de Ali. Eu não gosto de boxe e adorei. Amei. Eu quis ser negra para ter aquela força. Muito legal. Filmaço. Recomendo.
11:30 da noite: Cinemania. Filme sobre adoradores de cinema que mostra como somos ridículos. É legal, mas vidas de nerd não são tããão legais assim e alguns são problemáticos. E realmente, os cinemas deveriam parar de vender pipoca.