20.8.03

Bum!

Esse blog acabou de explodir. Estou cansada de ficar purgando meus pecados aqui feito uma alma penada. Só falta martelar o teclado, e nada desses caracteres malucos sumirem... nem da imagem aparecer. E também, sem comments!
Mas calma, meus 17 leitores. Vou continuar a escrever no blogger.com.br, por favor se redirecionem pra lá. O novo endereço é simonecampos.blogger.com.br.
Aos poucos vou mexer no blog novo pra ele ficar bonitinho.

18.8.03

Resenha dos professores (at? agora)

Deixei de ir a aula do sr. D. por um bom motivo, mas perdi um momento memorável.
Enquanto explicava a matéria, ele faz a pergunta fatídica:
- Afinal, vocês sabem qual a minha fama, né?
Constrangimento generalizado. Ninguém tinha coragem de replicar, "velho tarado que abusa das calouras", muito menos "recordista de processos de assédio sexual".
Ele ainda esperava a resposta. Aí, completou: "sou muito rigoroso com as faltas!".
Ah, bom...
O Ref deixou crescer a barba e botou uma blusa de lã em cima da camisa social. Virou poser da própria profissão (professor universitário).
O'Neill = Fragozo
Já o Fragozo é a cara (cuspida e escarrada) do sr. O'Neill de Daria. Também tem o mesmo temperamento e a mesma roupa. Também esquece nossos nomes. E também é um nice guy total.
Cheire meu cabelo e vomite

Foi o primeiro pensamento de hoje. Ontem saí pra dançar no 00 e voltei cedinho (porque termina cedinho). Não sei porque, o cheiro de cigarro que pegou em mim estava pior do que nunca. A roupa, enfiei no cesto. Claro que não pude fazer o mesmo com o cabelo, e nem mesmo lavá-lo, primeiro porque eu ia dormir em cima dele, e segundo que eu já tinha lavado na manhã anterior. Pois caí na cama assim mesmo e dormi até a hora da aula. Tive que ir ainda com o cabelo fedido. E dessa vez, pasme! - teve aula! Me surpreendeu. Na volta, claro, me despedi definitivamente da nojenta lembrancinha olfativa do 00.

17.8.03

Meu log atemporal do ICQ

Tudo bem, sou um fóton. Definitivamente sou um fóton. O tempo é uma ilusão, diz o cara de Waking Life. O lance é que a conversa abaixo seria meio desinteressante não fosse a salada temporal envolvida nela. Isso não é ficção, aconteceu mesmo.
Dei várias olhadas pro relógio que fica no canto do computador e ele continuava marcando o mesmo minuto por um tempo que parecia anormalmente longo. Aí, resolvi perguntar pro JP que horas eram, pra sanar minha dúvida: será que o relógio do meu computador parou? Depois que eu perguntei, o tempo começou a andar de novo. E de repente voltou pra 01:51, e aí começou a andar normalmente de novo, tanto que o log do ICQ acompanhou. O pior é que o JP mal me respondeu durante a minha torturante sessão temporal, me deixando ainda mais na dúvida: será que eu entrei num buraco de minhoca particular, à la Donnie Darko (que aliás está legendadinho no E-Donkey pra quem quiser pegar)?
Yikes!
Com vocês, os fatos. O que está em negrito (ou "verdito") é o que eu escrevi "depois", mas saiu "antes"... ah, sei lá, foda-se o tempo...

JP 01:48 voltei!

eu 01:48 q horas sao?

JP 01:49 dez pras duas

eu 01:49 entao ta certo...

JP 01:49 o q?

eu 01:50 o relogio do computador!

**eu 01:50 Q HORAS SAO AGORA PORRA!

JP 01:50 moça sem noçao (do tempo)!

eu 01:51 e q parecia q o relogio tinha parado, sei la!

JP 01:51 moça parada no tempo!

**eu 01:51 nao e possivel! acabei de olhar, eram 1:53! agora
sao 1:50 de novo! q porra e essa?


eu 01:52 estou na velocidade da luz! socorro!

**eu 01:52 q q ta acontecendo? socorro!

**JP 01:52 aquela hora q eu te falei dez pras duas eu
arredondei!
eram 1:49!


JP 01:52 claro, vc é um fóton, ora!

eu 01:53 sou um foton! verdade!

JP 01:53 tchau de novo!

eu 01:53 vai mimir? (aí, volte para o Q HORAS SAO AGORA PORRA lá em cima)

**eu 01:54 mas aqui tb era 1:49!
e eu tinha olhado ha um tempo atras e eram 1:53!
ai eu olhei de novo e tinha voltado pra 1:50!
tanto q o LOG do icq ta com discrepancia
temporal!
o "Q PORRA E ESSA" saiu ANTES do "vai mimir?"


**eu 01:54 agora sao 1:53!

**eu 01:55 como vc explica isso?????

15.8.03

Testezinhos bobos

Finalmente achei um teste que vale a pena colocar aqui. "Qual partícula fundamental você é?". Não é esnobismo, é que as perguntas são muito boas e realmente demandam que o Tico e o Teco troquem uma idéia... Eu sou um Fóton.


Qual
Partícula Fundamental você é?
Alison Goldfrapp - Utopia (Plaid Mix)

Reptar.
Quero escrever sobre escrever hoje.
Eu quero soltar esse livro por aí, mas ele não está pronto! Não posso...
Às vezes acho tudo horrível e quero apertar CTRL+T+DEL+disquetinho de salvar. Uma catarse informática. Mas isso aconteceu no No Shopping também. São os momentos de insanidade. Sei que estou fazendo o melhor que posso ou até melhor do que posso. Aquela história de se superar, conceito engraçado, porque seria como se sua alma ganhasse do seu corpo no photochart (sabe quando um cavalo ganha do outro porque estica o focinho, então...). Me lembra aquele Animatrix, "O recorde mundial", em que o atleta "se supera" e vislumbra a irrealidade da Matrix...
Ontem dei aquelas mexidas no texto, mexidas insignificantes mas fundamentais. E teve a fase em que o No Shopping passou por isso... Faltava escrever umas poucas cenas também, mas elas surgiam conforme eu dava essas peneiradas. Dessa vez também tem o roteiro pra ajudar a mapear a evolução dos personagens (que evoluem mais linearmente dessa vez... primeiro o Francisco tenta entender a ML nos termos que ela mesma entende, depois cria seus próprios termos... depois descobre, bem, não vou estragar a surpresa). Os meus próprios insights sobre os personagens vão pra boca deles, no último não havia muito propósito para isso, mas nesse tem. E fica até parecendo que estou dando lição de moral, às vezes, como se estivesse defendendo aquilo em que acredito... pois em algumas afirmações eu acredito, outras não. Parece "Assim falou Zaratustra" às vezes. Mas eu sabia que esse livro ia ter um pouquinho de Nietzsche... de certa forma ele até faz uma aparição especial não-creditada...
As peneiradas, vou chamar assim, são demoradas. Não sei quanto. Até eu achar que está bom. Dezembro? Maio do ano que vem? Paciência é tudo...
(Poxa, eu só poderia amar um homem que tivesse um CD com "In my eyes" do Stevie B e gostasse apesar de achar cafona. Quer dizer, é uma das condições. E o JP tem.)
Estancalagna

Escrevi ontem de novo até às 5 da manhã. Preciso parar com isso. As minhas aulas vão voltar de verdade agora. Se tivessem voltado mesmo na semana passada, mesmo que só um pouquinho, eu teria mantido a sanidade horária. Ou não, porcausadecoisasquemetiraramosono. (E por causa delas comecei a olhar apartamento de novo. Quitinetes de vinte mil.)
Também estou sem saco de aturar grupões, meus amigos e conhecidos que me desculpem, hoje vou sair com JP. É esse clima de hoje, parece que estanqueia, alaga, estagna a gente.
Nina

Nina
Ai que lindo

Provocar Sin. Excitar, incitar, estimular. Irritar, exaltar, assanhar, exasperar. Desafiar, reptar; insultar, injuriar. Atrair, chamar sobre si: Provocar a ira divina.
Espicaçado Sin. Ferido, picado (com instrumento pontudo). Torturado, pungido, magoado. Estimulado, incitado.
Viva meu dicionário de sinônimos. Ele é lindo. Poesia de hinos e cânticos. Acho que vou usar o verbo espicaçar, mesmo. Porque é lindo.

14.8.03

Roteirizando

Assim como traduzir não é a mesma coisa que legendar, escrever roteiro é diferente de escrever livros. Tenho uma percepção incomum do que funciona bem num livro e do que funciona num roteiro. Não sei se já disse, mas pretendo filmar o livro novo, o "A feia noite", porque ao contrário do "No Shopping", ele é bem cinematográfico... Já tenho até um candidato a diretor, o cara que está adaptando "Crime e Castigo" (que vai se chamar "Nina" e o Raskolnikov é a Guta Stresser! Achei isso foda.). Quando terminar e registrar o bichinho, mando o roteiro pra ele. Estou até suspeitando que escrever esse roteiro vai me ajudar a escrever o livro...
Então, nas três cenas que escrevi ontem, existem diferenças em relação ao que acontece no livro. Uma das cenas é a primeiríssima do filme, diferente da primeira do livro, com a mulher de Francisco, Amanda (que provavelmente nem vai aparecer no filme). O filme começa nos anos 80, contando a história dos pais de ML... ou melhor, como ela foi concebida. Aí é que entra o Francisco (no filme) e depois é que ele encontra a ML.
Outra diferença é que o stalker da Maria Luiza não a encontra pela segunda vez, quando ela tem 12 anos, numa praia, como no livro, mas numa boate estilo Mikonos ou Vogue, ao som de... Stevie B! Quem tem lido meus posts percebeu como cheguei a essa idéia, né? Porém, acho que não funcionaria no livro. Vai ficar só no roteiro mesmo. E as poucas músicas que existirão no roteiro, vou tentar manter no baixo custo... Stevie B pode ser substituído por Latino, porque não? E também pode entrar Chopin (Nocturne opus 9 número 2), talvez Satie... (huahuahua... tudo farinha do mesmo saco, né?).
Vamos ver se isso sai ou não.

13.8.03

A voz do morro

Ah, mas esses funkeiros de hoje cantam mal. Quer dizer, berram, desafinam, rouqueiam a voz e terminam os verbos num infinitivo sem erre... concordância zero.
Mas cê acha que esses cara que consegue fazer música tem instrução nenhuma não? Ou não tem ninguém tipo assim, um revisor, professô de canto ou coisa que o valha que pudesse contratá? E os funks mais antigos, dos anos 90, tinham muito menos erros, se você for reparar.
Sei não. Me cheira a estilo.
Os Bee Gees cantavam em falsete, Renato Russo fazia voz grossa, os rappers americanos fazem voz de cafetão-barítono. E todo cantor de house tem a voz meio enjoada, se é que vocês me entendem. E toda cantora de house canta daquele jeitinho, sabe, que o gogó treme...
E tudo bem, não tô falando que é ruim. Estou dizendo que os funkeiros aqui do Rio encontraram uma forma pro seu conteúdo. A voz deles também grita, mesmo que saibam falar "certo" (ou seja, que nem no asfalto): é assim que o cara médio do morro fala, morou? É assim que a gente se expressa... É assim que a gente seduz, é assim que a gente faz graça... e se não gostou que se foda. Cantar assim é uma agressão ao "nosso" "bom gosto", de propósito. Estamos ambos blefando; mas os tolos metidos a moralistas protestam, pondo mais lenha na fogueira que querem extinguir.
Cantam roucos, estourando os canais, distorcendo. As vozes que embalam as letras já pornográficas demonstram uma espécie de sexualidade mais animal que a do asfalto (tipo, "aqui o negócio não é usar chicote nem comer merda, é "tira bota bota e tira"...), enquanto os bacanas fingem que são Primeiro Mundo e que sexo comum está fora de moda.
E as mulheres, como se sabe, não conquistaram nada nessa. Continuam objetos sexuais. Ou é mais profundo que isso. A garra da pobreza machista ainda é forte o suficiente pra puxá-las de volta, por mais longe que tentem ir. Tive uma amiga que morava lá depois de Bonsucesso, acho que num rincão de Del Castilho, perto, evidentemente, dos bailes. Gostava de rock, cortava o cabelo curto, ia fazer estágio num curso de computação. Mas a atração do abismo acabou pegando ela. Juntou com um cara, morando também com a sogra, pegou um filho aos 19 anos, perdeu. Depois não soube mais dela. Troço naturalista. Triste.

11.8.03

Insaciável!!!

Mais música horrível! Freestyle que você ouvia na Mikonos e na Vogue...
Freestyle - Don't stop the rock
Lil suzy - Take me in your arms
NV - Just like the wind
Trinere - They're playing our song
Buffy - Give me a reason
Noel - Silent morning
Stevie B - Spring love
Stevie B - I'll be loving you
Tudo do Information Society...
E Connie - Funky little beat (bem, essa é uma preferência pessoal. É um freestyle diet.).
De qualquer modo, creio no que dizem os adeptos do funk: que daqui a alguns anos, ele vai ganhar o status do samba (assim como nos anos 20 samba era "música de crioulo"...). Em 2020 vão reverenciar "Feira de Acari" e "Rap do Silva" como funk de raiz... diferentes da "Egüinha pocotó" e do "Vai Serginho", aquelas corrupções... E samba também tem letra tosca sim, nada mais infame que "faixa amarela com o nome dela na porta da favela"... (acho que é assim).
Aliás, como é que quem gosta realmente do chamado eletro pode deixar de gostar de freestyle...? É impossível, os elementos da tosqueira estão bem presentes em ambos, as batidas foscas, os vocais pobres, as letras "poderosas", o ritmo dançante (se bem que eletro é pulante e freestyle, saracoteante, mas dá no mesmo numa boate)... Exceto se o amante de eletro em questão for, ops, teleguiado pela moda. Então tá.

10.8.03

Tabus

Fui almoçar com meu avô paterno, 91 anos. Meu pai, como sempre, me chamou com antecedência e listou os assuntos proibidos:
1-que eu estava morando com ele
2-que ele tinha carro
3-a morte do Roberto Marinho.
E me vesti numa roupa muito bonitinha e lisinha cheia de babados e não muito transparente, e fui sentando. O restaurante preferido do meu avô, com excesso de mesas, e naquele momento com um burburinho insuportável.
Pediram um bacalhau a não sei o quê, mas era uma coisa de quatro sílabas, tipo "bo-lo-nhe-sa", o que rendeu um verdadeiro debate sobre se a receita vinha de Portugal (donde seria o nome duma bela cachopa, ou duma imigrante russa) ou de alguma região da Itália (assim como bo-lo-nhe-sa vem de Bolonha).
O bacalhau à não-sei-quê, explicou minha vódrasta com orgulho, não existe no cardápio. É preciso pedir especialmente ao maître. Mesmo assim, só um dos maîtres conhecia o prato - o mais antigo, amigo do meu avô. Na vida real também existem "easter eggs" e "locked features" e "hidden characters" - basta apertar os botões das pessoas numa determinada série, durante um certo tempo. Interessante.
Tive que fingir uma alergia pra minha vódrasta fazer meu avô apagar o cigarro. Tivemos que fingir que estávamos comendo pro meu avô comer mais, "nos acompanhando". Tínhamos que dar umas risadinhas chochas quando ele queria pedir o prato pela quarta vez. Tivemos que mudar de assunto algumas vezes por causa do meu avô. É difícil selecionar frivolidades.
De vez em quanto eu gosto de desafios, mesmo os burgueses. Me comportei direitinho, estou orgulhosa.
"Cartas deletadas"???

Depois do almoço com meu avô (que vou contar em seguida), olhei uma chamada do Caderno B (Jornal do Brasil) que dizia algo sobre escritores não trocarem mais cartas e sim e-mails. Prometi a mim mesma não esquecer (pois sempre esqueço) e fui olhar no JB Online.
Pronto, começou chamando o novo hábito de "comodismo digital". Que gracinha. Título: "cartas deletadas". Como se papel também não se perdesse. De quem que é a reportagem? Rodrigo Fonseca. Não leio o JB com freqüência, mas esse cara tem problemas. Sempre que leio algo de lá e penso, "quem escreveu essa mierda?", não dá outra: é ele. Se não me engano, ele também escreve algumas críticas de cinema. É um cara meio radical, sabe, daqueles que têm excesso de pêlos na cara durante a faculdade, e muito freqüentemente fumam? E quer posar de vanguarda, mas no fundo é um puta dum conservador? Então.
A coisa das cartas digitais é muito mais complexa. Quantas cartas de papel não foram deletadas também? Deletadas, aliás, neologismo muito bem-vindo, vindo de delere, não sei porque não havia antes - mas fazia falta. O verbo "deletar" chegou pra preencher um assento vazio já reservado a ele.
Mas sim, eu guardo as cartas digitais e as de papel. Tem gente que não tem disciplina ou vontade pra guardar nada, e aí não tem meio que segure suas mensagens... por muito tempo. Claro que de vez em quando acontece um acidente, mas compara as chances da empregada jogar no lixo, a traça traçar, pegar fogo ou perder na mudança (o papel) com as chances de perder tudo num apagão, vírus ou HD broxa (o digital). São equivalentes.
Quanto à parte do novo estilo, não foram fundo o suficiente. Ou melhor, fundo nas críticas e rasos nas benesses. Eu peguei a transição. Vivi 1992. Tive uma pen-pal (por um curto período de tempo) e hoje troco e-mails.
Classificar as mensagens, por exemplo. Adicionar o que esqueceu, em Post-scripts seqüenciais. Anexos plásticos, obras-primas de Paint e Photoshop, e fotos. Aproveitar-se da pequenez da mensagem pra escrever pequenas jóias crípticas. Pequenos poemas concretos. Charadas. Aproveitar-se poeticamente dos meios, e de sua abrangência, pra mandar mensagens que só certas pessoas entenderão completamente, ou do jeito certo. É quase uma nova forma de arte.
Cheguem ao fundo, gente, pois só então a superfície fará sentido...

9.8.03

Músicas horríveis

"Ich bin die fesche Lola". Estava procurando essa música onde a Marlene Dietrich rimava Lôla com pianôla. Procurei pela letra no Google (lola +pianola +marlene) e achei uma tradução pro inglês que prova que o "Tchan" não inventou as músicas idiotinhas de duplo sentido. Mais ou menos assim: sou a Lola, todos me conhecem, mas ninguém põe a mão na minha pianola...
Outra música velha que gosto é aquela "Rumba azul" que o Caetano Veloso canta, mas eu abomino a versão dele, que infelizmente é a única do Kazaa. Vou pesquisar mais.
E um cara chamado Frankie Lymon, nome artístico horrível provavelmente inventado pelo mesmo empresário daquele Kim Carnes, canta uma música igualmente horrível com dezenove nãos: "no, no, no, no, no, no, no, no, no, no, no, no, no, no, no, no, no, no, no, I'm not a juvenile delinquent".
Pra quem quiser pegar, o nome é "I'm not a juvenile delinquent".

7.8.03

Ah...

E o Roberto Marinho morreu. Será verdade?
Throttling my bandwidth

Vocês, que usam E-Donkey e Velox, sabem que de vez em quando aparece aquele "Firewalled" naquele espacinho lá de baixo... Mas que firewall é essa se a minha já está configurada pra aceitar o burrinho?
É a Velox. Usa um programinha que acho que se chama "Transparent Proxy Server". Não aparece em nenhum lugar. Daí, você fica sem poder pegar os arquivos que você quer. Conseqüentemente, você nunca vai atingir os tais 24 kbps que a Velox promete (e pelos quais você teoricamente está pagando).
Aposto que se você ligar pra lá, eles vão dizer que é por segurança. Mas não sei porquê, a firewall só funciona pros programas peer-to-peer, quando certos sites na rede são muito mais inseguros... vide o probleminha que eu tive. É que um site quase nunca vai pedir os 24 kbps da Velox.
Aliás, mesmo quando aparece "Open" em vez de "Firewalled" no E-Donkey, parece que quando o programa está prestes a desenvolver plena velocidade, a conexão "cai" (como num IG fuleiro) e aparece o avisinho: "o servidor cancelou a conexão"!
Ou seja: em vez de "reservar" 24 kbps pra cada usuário pagante, eles racionam sua conta sem você saber! Não é sacanagem?
Sim, a rede peer-to-peer deve chupar a banda da Velox. Até entendo. Mas estou pagando, poxa! E muito!
Como se não bastasse a venda casada que eles já fazem, que é uma vergonha (você não pode comprar o modem, só alugar... e tome mais 20 pilas por mês). Só querem lucro e lucro e lucro...
Mas fodam-se. Descobri um jeito, meio amadorístico, de dar a volta nessa firewall intrometida. É só ligar o E-Donkey, esperar aparecer Firewalled lá embaixo, e ir em "Options", depois em "Network", e mudar a porta de 4661 pra 80. Daqui a pouco aparece "Open" lá embaixo. Pronto. Agora você vai ver o que é o E-Donkey. Da próxima vez, mude de 80 pra 4661 e vice-versa, porque o programa deles é burro.
Mas os malditos não poderiam deixar isso barato. Da próxima vez que você conecta, a página de autenticação (onde você põe usuário e senha do provedor) está lerdíssima. Quando você finalmente consegue conectar, tudo baixa len-ta-men-te...
Então, o que você faz? Com o computador ligado, desplugue o modem e ligue-o de novo. Enquanto o modem reinicia (demora mais ou menos 1 minuto), pegue o cd de instalação da Velox e reinstale o programinha. Quando ele pedir pra reiniciar, reinicie. Pronto. Seu (sua?) Velox voltou ao normal.
Bom, tudo que eu fiz aqui foi por tentativa e erro. Não me responsabilizo se der errado na sua máquina etc. etc. Provavelmente devo ter falado alguma besteira também. Mas sempre falo...

6.8.03

Estas férias estão muito contraditórias

Eu mandei um único currículo na vida, em janeiro. Me responderam agora. É pra trabalhar no que eu quero, numa editora, traduzindo. Só que a editora é de... livros evangélicos! Muito interessante. Nada contra. Mas que é uma das ironias do destino que a resposta venha agora, isso é.
E o Lula, minha gente

Ninguém tem coragem de falar mal, realmente, deste senhor; de dizer em público que não gosta mais dele. Mas as pesquisas mostram que sua aprovação popular, puf, despencou. As pessoas são egoístas e falsas, e sua falsidade encobre o egoísmo; assim, "porque mexeu no meu, não gosto mais dele". Mas no fundo sabem que ele fez a coisa certa.
Eu acho que ele está fazendo as coisas certas. Talvez precisássemos esperar por um presidente único, com altíssima aprovação popular, pra conseguir passar pelo aro de fogo das reformas. Como numa fase de Tomb Raider Chronicles em que você tem que usar um medkit pra ficar com a saúde no máximo pra poder atravessar um corredor em chamas e apagar a si mesma numa piscina... ah, deixa pra lá.
O importante é que o Lula é estratégico. Ele sabe gastar sua munição na hora certa. Assim, por que as reformas que atingem mais o povo primeiro? Por que não uma campanha anti-corrupção antes de tudo? Oras, ele não pode acabar com a mamata dos senhores congressistas já-já porque são eles que votam as reformas... Senão nada mais passa, nunca, jamais, em tempo algum. Não haveria nenhuma "verbinha amigável pros meus correligionários" que desse jeito... E o Lula estaria pavimentando seu caminho prum golpe (dele, ou de outro) e o nosso, pro abismo que muito bem conhecemos.
Acho que a gente não entende de política... escolada nas metáforas (ou "meta foras") do Lula, posso dizer que a política é como um jogo de varetas... se tirar uma na hora errada, ou sem delicadeza na ponta dos dedos, desaba tudo e game over.
A Turma da Mônica como um sistema político

Cebolinha: louco pra dar um coup d'état. Terrorista ocasional. Obcecado pelo poder.
Cascão: testa-de-ferro, parte de cima do disfarce e braço direito do Cebolinha. Faz o serviço sujo, e bota sujo nisso.
Magali: alienada social. Maria Antonieta. "Se não têm pão, que comam brioches".
Mônica: ditadora involuntária. Mas já que os outros a apontam como detentora do poder, quer mantê-lo.
Franjinha: cientista que fornece os insumos terroristas ao Cebolinha.
Zé Luís: veterano da resistência, tendo participado de milhares de tentativas de golpe.
Titi: ensaio de casanova dividido entre o dever patriótico e a paixão (pela Aninha e etc.).
Carminha Frufru: cortesã.
Xaveco: primeiro a morrer no filme.

4.8.03

Trauma

Sendo meu último mês de NET, estou me empenhando em gravar os últimos poucos filmes bons que passam nos Telecines. Ouvi falar bem daquele "Trauma" do Dario Argento, e inadvertidamente gravei e assisti...
A primeira coisa que notei foi a exploração que o diretor fazia da, naquela época, filhinha (a Asia Argento, conhecem? Dirigiu e atuou num filme foda, "A virgem escarlate", se não me engano. Meio inspirado na vida dela, muito doido. E vendo o "Trauma" você quase entende porque a garota ficou all fucked up. Porra, a cena final, dos créditos, é meio revoltante. O cara pôs a filha pra dançar ao som de um reggae aí, de short de lycra, e depois um ventilador na cara e uma iluminação alaranjada e close nela. Fora mostrar os peitos dela, isso durante o filme, totalmente sem necessidade. Parecia coisa do Facó... que nem todo mundo sabe quem é.).
Depois percebi que já tinha assistido aquela grande porcaria em vídeo, na casa de uma amiga... filme trash relativamente recente, coisa rara. Putz.
Imagine só. O assassino (meu Deus; é um filme de... de terror!) primeiro dá uma machadada e depois decapita as vítimas com uma maquininha estranha. Mas um dos infelizes usava uma correntinha, que trava a maquininha. Daí o assassino arrasta o cara até o elevador (daqueles antigos) e... chama o elevador, que decapita o cara. E aí, o que acontece?
A CABEÇA DO CARA CAI PELO POÇO DO ELEVADOR, GRITANDO: AAAAAAHHH!!! (É, sem as cordas vocais, que ficaram lá em cima.)
Fora a punhetice de botar um repórter pegando uma menina de 16 anos. Que come e vomita, donde um "gênio" conclui que... ELA É ANORÉXICA!!! Ora, anoréxicos não comem nada. Bulímicos é que comem demais e vomitam. O pior é que parte do drama do filme é baseado em ela ser "anoréxica" e nos estereótipos psicológicos da doença (é que ela não quer dar pro cara, o repórter gostosão; logo, ela "tem medo do sexo").
E a cena do hospício, em que a minha ex-professora de geografia (tá bom, não é ela, mas parece) fica gritando "you did it you did it you did it."
Esse mês não vai passar mais. Mas é um filme ruim que vale a pena ver, então queira ir até a videolocadora e alugá-lo.

2.8.03

A lua está crescente ou minguante?

Estou sentindo minha vida ficar espessa. Leader Magazine. Viagem de Chihiro. Filipetas. Encontros casuais. Muitos. Gente agindo estranho. Empregos estranhos. Conversas estranhas. Sonhos estranhos. Tempos estranhos.
Alguma coisa vai acontecer no mundo. Digo, em algum tempo. E vai ser menos um tiro que uma punhalada.
Spreeeeeeee

É quase horrorizante, exceto porque eu fui a vítima: minha mãe gastou 200 reais comigo hoje. Fora o almoço.

29.7.03

Mil e uma utilidades

Hoje de madrugada, descobri onde mexer no registro pra extirpar aquele site pornô que não saía da página inicial; porque o meu browser não dava mais login e onde baixar a solução, e o mais importante: que posso trocar a merda da NET por Directv. Com isso, vou receber os mesmos canais, com exceção dos Telecines, Multishow e outros que não fazem falta, mas em compensação tem o HBO e o Cinemax. Vou receber também 129 canais em vez de 70. Vou pagar 12 reais a menos. E ainda consegui uma promoção em que vou pagar 50 reais de inscrição em vez de 200.
Ridículo, não?
Ora, ora

Gostei disso.

27.7.03

Quinn the brain and the greenish indians

Nesse episódio, Daria tem sua identidade nerd usurpada por sua irmã, Quinn, quando ela entrega uma redação brilhante. Mas o que é essa "redação brilhante" de Quinn? É um panfletozinho contra a "prisão acadêmica", ou seja, o fato de a escola roubar tempo de suas pequenas futilidades. Fora a linguagem, uma coisa desnecessariamente rebuscada que usava palavras que mal existiam...
Aí me lembrei de uma certa amiga que eu tinha (e se alguém não sabe eu era nerd). Meus sucessos acadêmicos deixavam uma pontinha de inveja nela. Até porque ela não tinha muito. Tá bom, ela era péssima na escola. E repetiu, bum, no segundo ano.
Ela ficou com a minha ex-professora de português e suas pulseiras. Um dia, cansada de tanta redação (haja redação naquele lugar), ela surtou. E veio me contar:
- Eu escrevi muita merda!
E me mostrando o rascunho, e rindo pra caramba, eu vi do que se tratava. Não só ela havia escrito muita merda, como ela achava que ia funcionar, ou seja, que ia tirar uma nota boa. Era um tipo de redação que demandava ufanismo, um tema meio nacionalista, não lembro qual, e ela havia escrito coisas tipo "matas e índios verdejantes", e poucas vírgulas em períodos longos, e pontos de exclamação e parágrafos longos, e clichês, clichês, clichês...
Poderia funcionar com algum desavisado. Mas não achei que a professora fosse um deles. Minha amiga pedia minha opinião e eu não sabia o que dizer.
-É... bom... pode funcionar!
Terminamos o recreio rindo da redação dela. Eu não queria ser escrota, mas estava convencida de que num lugar de "excelência acadêmica" (ou seja, obcecado por vestibular) como aquele, aquela redação não faria sucesso. Então fui chamando a atenção para os pontos que eu tinha notado (por exemplo, que índios não são verdes) e a gente acabou rindo daquilo (como ríamos de muitas coisas, inclusive do meu "mundinho paralelo").
Mas qual não foi a minha surpresa quando a menina me surge, dali a alguns dias, vangloriando-se de uma nota alta. A professora lera para a turma e apontara aquilo como exemplo, brandindo os badulaques. Comecei a me sentir estranha. Não sabia o que dizer, apenas assisti ao show da minha amiga, que agora dizia que eu não sabia o que estava dizendo, afinal a própria professora falara que, e tal, e tal.
Então, me sentindo estranha, estranha porquê? Comecei a apertar pra saber onde doía, como num exame. A hipótese mais óbvia era inveja, mas não era isso, porque eu não estava querendo "escrever como ela", de jeito nenhum. Estava desconfiando da minha capacidade de julgamento? Talvez... mas não, índios não podem ser verdejantes...
Finalmente cheguei ao ponto, que era um pouco complicado. Primeiro, eu estava simplesmente desconfiada da capacidade de julgamento da professora. E depois, o mais terrível... se ela havia julgado minhas redações no ano passado, e eu tirara um monte de boas notas, será que eu escrevia mal e não sabia? Gaaaah!
Depois não sabem porque sou exigente comigo mesma. Eu me tornei.
Legendas

Mas, de qualquer modo, não é o que eu queria dizer, que é que a legenda é uma atividade eminentemente antiliterária. O que o cara fala em inglês tem necessariamente muito mais nuances do que a sua tradução que-tem-que-caber-em-duas-linhas. Como não sou contratada, às vezes eu quebro essa regrinha, até pra efeito cômico (se um cara fala depressa, por exemplo, é viável encher as 3 linhas). Mas o normal é ser obrigada a mutilar uma pérola que até tinha uma comprida, mas muito legal, tradução (quando termino de legendar um episódio de "Daria", estou cheia de remorsos).
Felizmente, na tradução literária não tem isso. Você pode manter todos os floreios, ou quase todos. Porém, é isso que a torna tão difícil... um dia, eu chego lá.
Droga

Faz um tempo que entrei num site pra buscar um crack prum programa e de alguma forma o maldito contaminou meu Internet Explorer; não importa quantas vezes eu mudava a página inicial, a porcaria de um site pornô voltava a aparecer toda vez que entro na internet. Depois, ficou pior: eu não conseguia mais entrar em nenhum site que exigisse senhas, incluindo o Blogger. E eu já tentei Ad-Aware, SpyBot, o diabo; preciso de uma intervenção papal, ou de um bom técnico, ou reinstalar o Windows... porque o Internet Explorer eu já tentei. Se alguém tiver enfrentado o mesmo problema e souber como resolver, cartas pra redação.

26.7.03

Pensamento do dia

Esquizofrenia deve ser quando um lado da sua cabeça está escutando "(We like) short shorts" e o outro está ouvindo "Come as you are".

23.7.03

A festa de Saddam

Em "A festa do bode", Llosa conta a história de Urania, que volta à República Dominicana para revolver feridas que carrega desde sua adolescência, durante a ditadura. O livro todo é chocante, mas a parte que achei mais chamativa (sem ser a parte em que Urania pensa que os homens latinos olham as mulheres como um boi olha pruma vaca) é a descrição das atrocidades, provavelmente reais, de que Trujillo e seus filhos foram capazes.
Lembrei disso lendo a historinha (bed-time story) dos filhos de Saddam que o titio Bush matou. Coisa literária. Imaginei o repórter escrevendo aquilo com cara de nojo, meio incrédulo. A semelhança com a outra ditadura é grande. Quase que dou razão ao Bush.
Nomes: Uday e Qusay. Uday era um pitboy violento (redundei), mas com a sensível diferença de ser poderosíssimo. Pobres iranianas. Qusay era "frio, calculista" e o provável herdeiro de Saddam. Quando eram pequenos, seu pai os levava em alegres excursões às câmeras de tortura.
Não é literário? Come on... Os dois disputando a atenção do pai. Misturando as aptidões pessoais com a vontade de agradar a um homem daqueles. Uday quase mata um assessor de Saddam de porrada numa recepção com representantes de outros países. Qusay tinha a fama de ser pelo menos tão casca-grossa quanto o pai na direção do "Serviço de (falta de...) Inteligência".
Precisamos de alguém pra romancear esse troço. Já! Quem se habilita?
Estou feliz

Sim, estou muito feliz... há tempos que estava tentando resolver minha cabeça. Mas, após algumas descobertas, coincidências e surpresas, estou me sentindo ótima! Ótima.

20.7.03

Incomum

A camisa de biquíni acabou ficando ótima, ao preço de praticamente secar o marcador de tecidos vermelho.
Naquela tarde, comprei também duas bóias de piscina, daqueles canudões, que parecem artefatos eróticos. Desfilei com aquilo pela Av. Presidente Vargas, entrei no metrô, peguei o trem (claro que tive que ficar de pé), e antes de chegar em casa ainda precisei dar uma passada no banco. Desgraça pouca é bobagem.
Eu nunca na minha vida vou conseguir afetar seriedade (mesmo porque eu não tento).
Saara e os anos 80

Adoro esses títulos com "E" tipo "Lúcia e o sexo", "O demônio e a srta. Prym" etc. O inconveniente é que eu raramente chego a saber o conteúdo dessas obras. Não sei se é coincidência, mas despreze o "E" e leia assim mesmo...
Tive uma epifania oitentista no meio de uma loja do Saara. Procurava uma camisa bege para desenhar um biquíni, tipo uma pegadinha... na verdade, uma crítica ao fato de o biquíni ser símbolo da "mulégostosa". E também uma saída de praia original.
Não tinha camisa bege. Mas tinha "Save a prayer", do Duran Duran, ecoando pelo lugar. Ecoando, aliás, seria uma inexatidão da minha parte: sabe aquele som de rádio-de-fundo de loja? Então.
E de repente, parei pra olhar as paredes mal pintadas, de cores indigentes, aquelas roupas cafonas, vendedores sem noções de marketing nem cortes decentes na cabeça. Vendedores que olhavam pra você quase querendo que você fosse embora. Algo meio deixe-nos com nosso bode-preto, vamos à falência mesmo... você está atrapalhando nossa falência, menina. Xôô.
"Some people call it one night stand... but others call it paradise".
Putz, dentro daquela loja tem um vácuo de tempo. Dentro daquela loja são os anos 80, entende?
Não comprei nada ali. É um santuário. Mas fiquei até o fim da música.

19.7.03

Algú va robar la bola de discoteca

Isto pode mesmo se tornar um vício. Estou viciada em legendar episódios de "Daria".
E já que o DVD não tem previsão de sair nem nos Estados Unidos, vou disponibilizar os episódios que eu for legendando no E-Donkey. Já legendei o piloto (Destruidora de corações), o primeiro episódio (Aumentando a Auto-Estima), e mais uns cinco. Se não conseguirem achar, vão pro Pootz (sem trocadilho), em "Lançamentos de Usuários", e finalmente em "Seriados".
A coisa mais divertida é dar título aos episódios. Geralmente são algum trocadilho em inglês que eu substituo por um equivalente em português. Ou não. Por exemplo, "I don't" virou "Néscias Núpcias".
Outra coisa muito engraçada foi um script de Daria que achei, escrito em catalão. Catalão, pra quem não sabe, é muito parecido com português. E pra quem já aprendeu quatro línguas, a gramática das outras se torna uma coisa meio Chomskyana. Catalão é assim: use X em vez de J ("hoxe" em vez de "hoje", etc.). Use as gírias e palavras casuais do espanhol ("nena", "hola"). Misture com um pouco de francês e português arcaico (o das peças de Gil Vicente). Parabéns, você sabe falar catalão!
Uma coisa é certa: o fato de eu me divertir assim denuncia que não sou muito normal.

17.7.03

Referência

Agora que acabei de copiar "A vida como ela é", percebi que o último episódio ("A grande mulher", em que a Malu Mader faz uma puta) faz referência a um outro episódio ("Amor mercenário"). Nesse, pra encurtar a história, uma irmã segue os passos da outra e acaba fazendo a vida num puteiro à moda antiga (com escadas, luz baixa, cabelos armados... enfim). Já em "A grande mulher", a "Nenê" de Malu Mader está no mesmíssimo puteiro e, pra não deixar dúvidas, lá estão as duas irmãs do outro episódio, vestidas e maquiadas como antes. O tratamento global do universo de Nelson Rodrigues foi mesmo, pra dizer o mínimo, coeso...

16.7.03

A personalidade de Maria Luiza

Restless. Eu não toco naquele livro há um tempão, "tocar" entendido como adicionar alguma coisa de realmente relevante. Mexer, até que mexo. Mas eu tenho mais é pensado nele.
O negócio é que ontem eu desenhei Maria Luiza (depois escaneio) e fiquei pensando na personalidade dela. É a chave de tudo, mesmo. Se ela usasse drogas, por exemplo, não seria a mesma coisa. Mas o fato de ela suportar viver como vive sem nada, nada, nada, isso me faz pensar, como Francisco: com quem estou lidando?
E ML, não é que ela é capaz de tudo, não, esse ângulo está errado. Só tem uma coisa de que ela é incapaz e isso é que comanda tudo: ela é incapaz de viver uma vida falsa, que não lhe diga nada (ela não é uma salaud). Para piorar ela não se contenta com pouco. Ou melhor: sendo 'arguta' como só ela, ML não encontra muitas opções aproveitáveis. E logo percebe quando está num caminho errado... e tenta outra coisa. E se não percebe logo, quando percebe manda parar tudo, realisticamente emputecida... porque suas opções se reduzem a menos ainda.

15.7.03

Rock sponge

Tem uma propaganda do Bob Esponja na NET, ao som de "Rock Lobster" (B-52's), que é simplesmente genial. Casou perfeitamente.
E a música que eu dancei como nunca ontem foi...

"Reach", Patti Austin. Eu não esperava que tocassem uma coisa dessas.
As horas

É castigo. Só pode ser.
Depois daquele post em que eu prometia responder a hora em beats, todo mundo começou a me perguntar as horas. Todo mundo. E não é de sacanagem, as pessoas passaram realmente a precisar saber as horas, e parece que ninguém mais usa relógio a não ser eu (será que saiu de moda?). As pessoas me páram para saber as horas, mesmo que eu esteja de cara fechada e no meio de alguma atividade importante.
Não é possível que esse blog tenha tanta audiência assim, portanto vou considerar uma dessas ironias metafísicas que de vez em quando, a vida me aplica. Enquanto isso, vou respondendo: dez pras quatro. Quinze pras nove.
E o mais irônico é que eu nunca terei dinheiro pra comprar um relógio que marque a hora em beats.

13.7.03

Aliás

Há muito, muito tempo que não dançava uma música como dancei "Afro left" na Boogaloo... poxa.

12.7.03

Round and round

Mas veja bem, se você estivesse de férias e tivesse 20 anos. você gostaria de ir a uma festa. Ontem eu fui. Fiquei até às 5 da manhã. Hoje meu pai me chamou e disse: o que você ficou fazendo até às cinco da manhã?
- Dançando.
- Ah, dançando?
- Dancei pra caramba.
(sentando no sofá) - Senta aqui, vamos conversar.
- Que senta aqui, o quê.
- Ah... não quer. Tá bom... (num tom de: você não quer se confessar. Logo, vai pro inferno.)
- Que bom que você confia em mim.
É constrangedor. Meu pai é sem-noção.
Hoje eu vou a uma festa junina. E mais tarde vou sair de novo. E amanhã, vou sair de novo. Pra dançar.

11.7.03

260 em ponto

- Que horas são?
Pergunta idiota. Você não quer saber a hora. Você quer que eu preste atenção em você.
Acho que vou comprar um relógio que marque a hora em beats. Assim, se às 20 pras 4 um idiota fizer essa pergunta idiota, eu posso responder:
- Oitocentos e sessenta e um.

9.7.03

"Assim, tipo, nóia... é, nóia." - Marina, "O invasor".

Sims não tiram férias. É muito mais fácil começar o jogo roubando para os Sims não terem que trabalhar, até que suas habilidades estejam desenvolvidas o suficiente. Sims têm habilidades a desenvolver como aprender a cozinhar, cuidar do corpo e aprender a consertar coisas. Sims lêem o jornal e procuram emprego. Sims se relacionam com os vizinhos, bem ou mal, e com as pessoas dentro de casa. Sims sentem a higiene em baixa ou a fome em alta. Sims aprendem qualquer coisa lendo. Sims têm sonhos premonitórios.
Por isso esse meu nome. Só pode ser. Eu sou uma Sim. Alguém está brincando comigo.
Como vocês podem notar

Mudei o template do blog. Os arquivos não entravam de jeito nenhum, e eu só conheço a HTML "arcaica", até 96... Então me rendi a um desses templates prontos; mas claro que tive de usar meu parco conhecimento pra mudar as cores. Quanto às fontes, não pretendo arriscar; mas se você não gostou delas, saiba que não está sozinho...

8.7.03

Sobre a beleza

Porque para mim, a beleza é mais bonita estragada. Vira um símbolo, como uma laranja mofada. Eu gosto de exotismo.
Porque a beleza tem que ser lisinha, cor-de-rosa? Porque não arranhada e enlameada? Porque não posso andy-warholizar e photoshopar em mil cores, só em tons pastéis?
Inseguros e covardes, muitos fazem variações sobre o mesmo tema... formas sem conteúdo. São belezas riscadinhas (e num padrão diagonal ou xadrez). Mas se põem nas prateleiras para serem comprados como todos os que criticam. Basta olhar direito para perceber a (falta de) diferença.

6.7.03

Dolores e Dolores

Dee Dee e Lolita têm um parentesco.
Estava pensando na coincidência de nomes entre a protagonista dos filmes da Turma da Praia (lembra, a Annette Funnicello e o Frankie Avalon?) e a ninfeta de Nabokov. Será coincidência? Se for, é uma das boas.
A moral da Turma da Praia é coisa das mais impressionantes. Dolores, ou Dee Dee, tem um date fixo e um fica chifrando a prancha do outro. Depois dão uns beijos de boca fechada e dizem que se amam.
Não sei, só vi dois filmes: "A praia dos amores" (em que Dolores trai Frankie com um antropólogo mais velho e Frankie trai Dolores com uma húngara) e "Como rechear um biquini" (cujo título original, "How to stuff a wild bikini" foi emprestado por aquela peça com a Cláudia Jimenez. Neste Frankie trai Dolores com uma nativa de ilha e Dolores trai Frank com um garoto-propaganda de moto).
I mean, cruz credo. Se é pra fazer isso, que seja às claras. E o filme ainda é machista. Dolores tem que hesitar e se fazer de difícil (porque não é) e falar que "fulano é pra casar, sicrano não".
Enfim, quem leu Lolita sabe do que estou falando. A cultura do dating e as sacanagens de acampamento. Ou de praia. Ambientes promíscuos. Nabokov enxergou o que estava acontecendo antes dos outros (que só viram lá pelos seventies...).
American Pie é franquia. Conseqüência.
Mais frases ouvidas por aí

"Tem calmante? Sem receita?" - Balcão da farmácia.
"Você não tem coração?" - Churrascaria
"Você já viu 'O homem que copiava' " - Balcão da xerox

3.7.03

Ontem foi um dia estranho e legal

A professora picareta nos dispensou das aulas.
Vi o JP. Passeamos pelo bairro e pegamos minha bicicleta de pneu consertado. Namoramos.
Furei a câmara da minha bicicleta imprensando-a na porta do elevador (anteontem). Descobri isso na volta da faculdade, quando notei o pneu murcho, murcho. Como disse, isto já está consertado, mas faltava instalar uma cestinha para eu carregar aquelas coisas pesadas... Deixei a magrela na oficina.
Aproveitei que estava perto e aluguei "Ringu" na videolocadora, mas não gostei tanto quanto do americano.
Joguei na Mega-Sena. Acertei um número.
Passei na casa da minha avó, que remendou um furo nas minhas calças. São calças novas mas já têm história. Passei de ônibus, gostei das calças num manequim, e fui procurar a loja a pé. Andei pelo trajeto do ônibus e achei. Era uma malharia pra turista e as calças eram de capoeira! De início, achei-as meio grandes. A vendedora disse:
- Olha, você colocou ao contrário.
Putz. Depois o preço. Tive que pechinchar, e consegui um bom desconto. Mas tinha um furinho do lado.
Ontem também recebi a notícia de ter ganho uma ação. Bem gorda. E melhor, justiça houve. Vou meter tudo no investimento. Minha casa-só-minha está bem mais perto.
Peguei a enciclopédia Barsa pra fazer uma pesquisa e finalmente compreendi toda a lógica daquilo. Ainda sei pesquisar no mundo real, e melhor que nunca. O Google me transformou.

29.6.03

Sui-generis

Sabe a Aeon Flux? Vão fazer um filme dela. Em Brasília.
Pô, tudo bem, mas é Brasília... capital federal... portfólio do Oscar Niemeyer... home of Lula.
Se fosse antes, eu poderia dizer que tinha tudo a ver... "do jeito que estamos indo", acabaríamos mesmo sendo cenário pra algum drama pós-apocalíptico. Mas o Lula está mesmo governando... este país está realmente se movendo, indo para a frente. Meu medo é precisarem explodir o prédio do Congresso. No filme, claro.
De certo modo tudo se encaixa... O futuro não tem água. Brasília é sequíssima. Quem sabe o Lula não aproveita pra obter mais projeção (ou até faz uma ponta. Ele tem cara de renegado do futuro. Ele parece o chefe dos operários de "Metrópolis".). Quem sabe não começam a acertar o nome da nossa capital.
Meu estranho gosto musical

Podem ir na Usina do Som e procurar a rádio chamada "Bicicleta"... É a minha.

28.6.03

Direto da mente de Maria Luiza...

"Você acha que uma pessoa que sai dos trilhos passa por estágios... Quer dizer... começa a beber, depois a fumar... aí sexo, drogas... então aí é que piram. Frank, essas pessoas não são piradas de verdade. Elas se construíram. Subiram uma escada. Elas nem sofrem."

27.6.03

O caboclo cabulador (tx Sabino!)

As férias estão chegando, é isso aí... Não sei se estudar numa universidade pública e federal ajuda, mas o fato é que estão acontecendo coisas meio X-Files me empurrando para as férias.
Por exemplo?
A UFRJ aprovou indicativo de greve, adiantando as férias em 2 semanas. Por isso, não vai mais ter prova daquele livro que li no feriado. Sem contar que na próxima semana, que deveria ser a última, vai ter um evento matinal paralelo às minhas aulas.
Mas isto é apenas parte do empurrão do destino em direção ao ócio criativo. Sem mais nem menos, meu despertador quebrou, não vira mais o minuto. A tranca da bicicleta desmontou na minha mão, logo não posso mais ir com ela para a faculdade. Fora que estou com uma preguiii... Só me resta esse computador, onde fico ripando DVDs e mais DVDs... e escrevendo o livro num esquema "idle time only".

24.6.03

É isso aí

Desta vez eu consegui. Glória, glória.
O resto está aqui do lado (à esquerda, à esquerda), basta clicar em "Desenhos e fotos". Adorei essas fotos.
Fotos memoráveis

Vou fazer isso agora. Escanear essas fotos. Depois eu ponho aqui, ou se não der, na página de fotos.
Feriado produtivo

Li muitas páginas de um livro sobre "consumo e pós-modernidade" que eu tenho que ler porque cai-na-prova... e esbocei a idéia pra minha monografia final (doravante denominada TESE, só). Minha mãe me atochou de compras na Feirinha de Itaipava (pelo menos comprei coisas que eu precisava). Cozinhei tudo o que eu sabia, fiz chá, acendi a lareira. Cheguei segunda à noite, morta de saudade da tecnologia e de fome também, comprei muzzarela e fiz uma pizza, depois terminei de zerar Tomb Raider 4. (É. Estou atrasada. Já vão lançar o sexto.)

19.6.03

Lhes peguei

Ai, estou cuma idéia... Piratear mexe com meus nervos, vivo com excesso de inspiração e falta de tempo... Gostaria de viver sem ter que trabalhar. Eu sei que teoricamente escrever livro é trabalhar. A desregulamentação dos empregos, etc. Isso é balela. Eu não me considero empregada só porque tenho uma editora legal. O problema nem é trabalho, é emprego - não gosto de ter horário. Posso ser tradutora em casa, dá uma boa grana. Mas eu sei que terei que procurar algum estágio período que vem. Uma merda. Preciso terminar esse livro até lá; já o próximo, nem sei como vai sair. Espero que esse venda bastante... até porque, como eu disse, ele merece.
Mas voltando ao gado na luz, a idéia é essa: câmara de tortura baseada na minha vida, algo kafkiano. Cenas traumáticas por acaso registradas em vídeo: meu pai me tirando do alto do escorrega 15 vezes (2 anos), minha apresentação de balé (4 anos), meu desfile em volta da piscina (5 anos), minha tia cantando "Corcovado" (estava mais pra "Desafinado") comigo no colo (7 anos). Estão todas aqui, só falta codificar.
Não me procurem

Estarei em Araras pelos próximos 4 ou 5 dias... este blog entrará em paralisação por melhor remuneração e contra a taxação dos inativos (brincadeira... sou a favor). Levarei meu namorado, meus DVDs e CDs (o que é a tecnologia)... e nada mais. (Ah... tem a mala também... infelizmente a minha mãe vai).

16.6.03

A mulher que ripava

Hoje terminei meu curso-de-captura-autodidata-de-três-dias, interrompido apenas por uma sessão do ótimo "O homem que copiava" no Odeon (que pretendo ripar um dia), quando topei com um texto magnífico. O textinho, um FAQ do programa VirtualDub, descrevia em pormenores o problema das minhas capturas: som saltando, bizarras linhas verdes e frames que "permaneciam" depois de passados. Causa: o buffer não era completamente esvaziado depois de cada "bloco". O verdadeiro problema: placas-mãe com tecnologia VIA Tech OU placas de som SoundBlaster de baixo QI. (Eu tinha as duas.) Solução: trocar os drivers. Troquei. Pronto. Um cinema.
A seleção e acumulação de habilidades humanas, que muitos apontam como uma maldade pós-moderna, é justamente uma das coisas que adoro nessa época (às vezes falo como se tivesse vivido em outras... mas não creio em reencarnação). Eu posso aprender o que quiser, num estilo bem Matrix ("Eu sei kung-fu"). Eu quero aprender a lutar krav-magá e a tocar teclado e a mexer no Corel Draw...
(No post de ontem eu esqueci uma música muito importante: Coldness, do Kreidler.)
A trilha da bicicleta

Desisti do meu walkman pré-histórico há tempos (conhecido entre os objetos da minha gaveta como "Come-Pilha"), mas nada me impede de imaginar músicas enquanto pedalo até a faculdade. Minha memória musical é boa...
As minhas preferidas:
Been caught stealing - Jane's addiction
Home and dry - Pet shop boys
Judy is a punk - Ramones
Lick the pavement - Garbage
Planet Claire - B-52's
She's a maniac - Flashdance
Connected - Stereo MC's
Tough at the top - EZ rollers
Bizarre love triangle - New order
Didn't know I was looking for love - Everything but the girl
It don't come easy - Ringo Starr
Tô feliz, matei o presidente - Gabriel o Pensador
Vida bandida - Lobão
I'm gonna leave you/Go with the flow - Queens of the stone age
American woman - Lenny Kravitz
It won't be long - Beatles
Miss Sarajevo - Passengers
One velvet morning - Nancy Sinatra e outro cara
Walk on by - Dionne Warwick
Crossbones style - Cat Power
God lives underwater - Tortoise
You can fall - Broadcast
Blue milk - Stereolab
Como se pode ver, a minha bicicleta é bem eclética...

12.6.03

O velho e o novo

Hoje fiz uma apresentação em grupo bem punhetinha: a minha parte era o shopping. Assim como a discoteca e o videogame, outras partes do trabalho, um moto-perpétuo... uma roda de ratinhos... um "infinito periódico"... narrativas sem histórias... uma cara de nada olhando pro nada... bem, como diria o Alexandre, "já deu pra entender".
Só fiquei com essa parte porque o professor pediu, mas até esqueci de levar o livro (o "No Shopping"). De qualquer modo, no meio da apresentação (dos outros, eu fui a primeira e fiquei de bobeira) tive uma súbita inspiração e comecei a escrever nas bordas do texto-base. Comecei a escrever o livro novo.
Eu não sabia porque Maria Luiza gostava de videogames. Mas ela gostava. E eu não sabia porque ela gostava de se perder naquela corrente. Ela não entra num cassino e sim numa Lan House. Ela é "boa jogadora" (excelente!), por isso ganha de todos. Acreditou que o sexo era o jogo mais fácil de se perder e portanto ganhar.... ela não precisa ser boa de cama, apenas agüentar bastante... dançar, foder, comprar, jogar, tudo é teste de resistência hoje em dia... daí a semelhança entre o "No Shopping" e o "A feia noite"... bem, vocês vão ver.

10.6.03

Fiat Lux

Ontem estava uma barulheira no corredor, olhei pelo buraco (voyeuse) e vi uns caras mexendo nas lâmpadas.
Desde então, a luz do corredor é controlada por sensor de movimento. Um sensor de movimento tão fuleiro que pessoas que gostam de enxergar as coisas, como eu, têm que entrar no corredor balançando os braços. Já estou desenvolvendo um estilo meio "eu tenho poderes" de acender a luz: ergo os dois braços e separo (e a luz acende).
Não deviam ter instalado isso aqui. Agora vou ter diversão por semanas.

8.6.03

Alerta vermelho

Hoje lançaram Lolita de graça e teve uma parada de techno gigante no Rio.
Segunda-feira, tremei.
Porque eu acho justo que esse livro faça sucesso

Porque minha respiração pesa, água sai dos meus olhos e tremo quando penso nele.
Porque é como uma oração.
Porque parece um sonho (parece aquele quadro da menina jogada no campo com uma casa lá em cima).
Porque ninguém diz.
Porque o livro é uma idéia com vida própria como um filho, e quero que ele tenha sucesso pra ele e não pra mim. Porque para mim eu quero apenas o dinheiro.
Porque as coisas pioraram adquirindo mais beleza.
Porque é musical e matemático.
Porque é inspirado nas "Mil e Uma noites" e em "Alice".
Porque dialoga com "Crime e Castigo".
(Eu ainda não terminei, tá?)
Miracle Party - Underworld (fase brega)

Não odeio mais esta cidade. Amanhã, por um milagre qualquer, A PREFEITURA está organizando a Rio Parade no Centro.
Sabe o que meu pai me disse quando eu disse que ia?
"O quê? Parede?"
Mudei de personagem

Eu não sou a Trinity. Sou o Wolverine.
As marcas na cara já sumiram. Completamente.
Resumo da civilização ocidental

"Quando o dedo aponta a Lua, o imbecil olha para o dedo".
Provérbio budista. Resume a causa de muitos problemas que tive ultimamente. Imbecis olhando pro dedo...

4.6.03

Eu quero contar uma coisa

Porque eu faço sempre a mesma coisa? Eu dou sempre uma chance à minha mãe, nem que seja me dizendo que vou me aproveitar do dinheiro e não da companhia dela...
Ontem fomos alugar Harry Potter e a Câmara Secreta. Eu vi o um, queria ver esse também. E é um ótimo alimento para o meu lado criança.
Minha mãe pegou o DVD, foi pro balcão. Nisso, eu vejo um anúncio da continuação de "Cubo" (sabe "Cubo"?): "Hipercubo"!!!
"Eu tenho que ver esse filme"!
Fiquei esquadrinhando a seção de DVDs, neurótica, querendo saber se já tinha chegado... Fiquei um tempo, nisso ouço minha mãe me chamar, já de saída. Corro até lá (passando por um cara) e entro no carro.
Silêncio no carro. Nisso, quase lá no Humaitá, minha mãe pergunta:
- Você não viu aquele cara olhando para você?
Eu estranho.
- Não, não vi. Que cara? Eu vi um anúncio da seqüência daquele filme... Sabe aquele filme, "Cubo".
- Não...
- Você NÃO viu "Cubo"? Bom, mas é um filme fantástico, em que as pessoas acordam presas num cubo... aí tem armadilhas mortais, e as habilidades de cada um são essenciais pra eles poderem sair... Acaba todo mundo morrendo, menos uma pessoa, que é quem sai do Cubo.
- Ahn...
- E aí tinha a seqüência, fizeram um "Cubo 2", mas em vez de ser "Cubo 2" é "Hipercubo". Porque é em 4 dimensões! Logo, as armadilhas devem ser piores! (Ela não entendeu nada.) Bom, mas de qualquer modo, eu fui procurar e não chegou...
- Então você não viu o cara??
Porra.
- Não, mãe, não vi.
- Simone! Tinha um cara na videolocadora te olhando muito! Ele ficou te olhando... Ele tava te olhando muito! Você não viu? Ficou te olhando direto!
- E daí?
- Um cara lindo! Maravilhoso! Você não viu?
Aí eu lembrei, devia ser o tal cara com quem cruzei na saída. E decididamente, não tinha nada a ver. Tinha cara de escutar, não, ir em show de Jorge Vercilo.
- Não, não gosto de caras bonitos.
- Ele te olhou, ficou olhando... e tinha um carro igual ao meu! Um Gol, só que o dele era preto...
Eu faço uma cara de desgosto. Minha mãe vive num mundo cor-de-rosa. O ideal dela é marido-rico-e-bonito-pras-amigas-ficarem-com-inveja. Bonito e com carro. Isso já seria horrível mesmo que eu fosse uma "garota normal", a cobrança, mas sendo como sou, é um ordálio.
Ah, e detalhe, eu tenho namorado. E ela sabe que eu gosto dele. Mas e daí? Ele não tem carro e mora na Tijuca... e não é Padrão Globo, é exótico, tem cara de árabe (a mãe dele é do Acre e o pai dele parece com o Marlon Brando...). Quase sou compelida a pedir desculpas, mas é disso que eu gosto.
Joguei isso na conversa e minha mãe começou com aquela conversa de personagem de Manoel Carlos e Domingos de Oliveira de que "fidelidade é voltar sempre pra mesma pessoa" (se bem que ela não foi tão longe. Ela disse que):
- Apesar de estar namorando, você não está proibida de "admirar" os outros caras.
E mais:
- Isso é a essência do carioca!
Isso me deu um ódio, que eu explodi:
- Eu odeio esse lugar! Porra! Não gosto de praia, não gosto de carnaval, gosto de dia nublado, odeio quando furam o sinal, abomino jeitinho, odeio quem fuma em shopping, e não admito - eu não admito! - esse negócio de ficar olhando "pras bunda das mulé"!
Ela cantou um pedaço da música da Marina que fala dos cariocas (que bate com algumas coisas que falei). Me acalmei.
- Se isso é ser carioca, eu vou me mudar pra Londres.
- Ah, mas é assim em todo lugar.
- Não é não. Lá é diferente. Eu sei porque eu fui. As pessoas fazem outras coisas, mas não me incomodam tanto quanto isso!
(Agora lembrei, em Londres: o lixeiro me parou e disse que me via passando todo dia, que gostava de mim. Foi um doce. Eu não gostava dele, mas parei e fiquei conversando porque o sentimento era genuíno. E o italiano da boate? Parecia uma mistura do cara que faz "Angel" com o cara que fez o Matteo naquela novela Terra Nostra. Falava um inglês horrível... Pegou na minha mão só depois de um tempo... Dançou comigo de rosto colado numa boate de turista... Super respeitoso... Também naquela viagem, a suíça gordinha começou a namorar com um negro lindo. Estava extasiada.)
Ela ficou me acusando de ser "tímida" (que nem aquele cara ridículo, amigo do meu pai). Também não sou tímida... só fico tolhida porque ninguém vai entender meu ódio.
- Mãe, você não me conhece. Eu já passei dessa fase. A Monica está nessa fase. Ela fica achando que, quando os caras falam com ela, é por causa da roupa dela... tá entendendo?
- Tô.
- O que me incomoda é que eu não quero que o cara chegue e me considere apenas como "mulher". Porque que ele não chega pra um homem e solta: "Seu advogado", "seu cara de terno" e tal? Porque a primeira coisa que o cara vê em outro cara é: não é mulher. Logo, ele não vai olhar pra ele procurando bunda, peitos... tentando medir, ver se é "bom", e se for bom, passar uma cantada, buscar o olhar dela! Tá entendendo? Primeiro, eu sou "mulher". Depois, um "ser humano". Eu quero que um cara olhe pra mim e pense: "poxa, um ser humano! Igual a mim, portanto não vou tratá-lo diferente do que eu gostaria de ser tratado"! O cara vê uma forma, se for feminina ele presta atenção, se for legal ele desrespeita. Foda-se se eu tiver sentimentos ou alguma coisa na cabeça. É assim? Eu não quero que seja assim. Às vezes, preferia ser feia.
Ela ficou calada. Não por muito tempo, mas ela nunca havia pensado nisso. Do mesmo modo, na cabeça dela, "filha mulher" é pra casar com "bom partido" e não pra pensar... quer dizer, se quiser escrever um livrinho de vez em quando é bom, faz propaganda dos seus "dotes intelectuais"... mas nada de levar essas ideiazinhas para a vida prática.
As pessoas se prendem a costumes velhos e ultrapassados. Quando alguém vem com uma idéia nova, é um sufoco. Mas tudo bem. É pra isso que estamos aqui.
Então...

Por uma manobra do professor, eu estou com oito faltas (afinal, chegar na metade da aula rende "meia presença"... pena que ele só falou isso agora). Metade da turma também. Logo, ninguém pode faltar, muito menos eu.
Por causa disso hoje eu me superei no pain management ("gerenciamento da dor"), porque a merda federal que deu ontem... e eu fui dormir uma da manhã, mas acordei às 7, me vesti, peguei a bicicleta e fui mesmo assim.
Eu não acho que seja uma questão de fingir que está tudo bem, até que pela cara com que entro na sala dá pra ver que nada está bem. É uma questão de não deixar seus problemas de um lugar atrapalharem/contaminarem os do outro. E dói mais, mas você pode usar a dor de um lugar para fazer coisas legais no outro...
Parece uma espécie de castigo por maltratar meus personagens. Coisas muito parecidas começam a me ocorrer.
Às vezes é algo legal que acontece, mas eu só queria... saber a fonte disso. Outras vezes isso quase, quase me dá certeza de que eu escrevo bem, tão bem que as coisas vêm a vida. E me mordem. Nestas vezes, eu fico achando que tudo tem seu preço, de uma maneira meio oriental... Mas a maioria do tempo, além de aturar esses possíveis "efeitos colaterais", não é o que eu acho...
Broadcast - You Can Fall

To those who hate
Have cried for no one
You can call
You can call

To those who talk
And wish against me
You can call
You can call

Late in the evening when it gets dark
You can call
Nanana, nananana, nanana

To those who say
They go unbeaten
You can fall
You can fall

To those who say
It's because they're weak
You can fall
You can fall

Late in the evening when it gets dark
You can fall
Nanana, nananana, nanana

1.6.03

Margot "Lain" Tenembaum

Seguindo o meu projeto "Vamos Fraudar a Indústria Cultural Fraudulenta", estou fabricando VCD's a três por dois. VCD's são CDs que passam no seu drive de DVD, e têm a qualidade de uma fita de vídeo. Também comprei uma placa de captura e uns cabos com os quais posso chupar o conteúdo do que quer que passe no meu videocassete ou DVD.
Acabei de legendar "Donnie Darko", podem pegar no E-Donkey. Vou sair legendando e compartilhando os filmes que nunca chegam aqui. Os outros, não-tão-subversivos, eu guardo só pra mim.
Estou legendando os "Excêntricos Tenembaums", porque não achei a legenda em português. Mas é até melhor, porque faço uma legenda decente. Estou me identificando (de novo) profundamente com Margot Tenembaum. Só que em vez de me trancar no banheiro, me tranco no quarto de empregada reversível e em vez de fumar na banheira vendo TV, fico no computador roendo unha e legendando. E em vez de teatro, meu negócio são livros.
Outros VCD's que tenho feito são do anime "Serial Experiments Lain". A menina vai incrementando seu computador até que se conecta a ele. Vocês tinham que ver o quão revertido está esse quarto de empregada. Cabos RCA, s-vídeo, composite vídeo, modem-externo-estojo-de-maquiagem, mouse-com-scroll-pressionável-infravermelho, placa-de-rede, placa-de-captura, memória-ram-triplicada, DVD, vídeo, minisystem acoplado no som (caixinhas de Toddynho de chocolate branco são para crianças), impressora, benjamim, estabilizador, pilha-de-cds. Ocupei a estante inteira. Acho que vou trazer o scanner também só pra gente rir da foto.
De resto, como diria a professora de inglês do Donnie Darko: "FUUUUUUUUCK!!!!!".
Matrix Stigmata

Meu rosto está com marcas similares às da Trinity em Matrix Reloaded, quando luta com o agente.
Mas nem queiram saber porque. Eu não vou contar. É por demais deprimente.

25.5.03

Jornais

Eu compro, toda prosa, "Lolita" por 10 reais num sebo. Daí, uma semana depois, eu abro o jornal e dou de cara com isto: Lolita a dois reais. Não é quanto custa um jornal? Então. Vai ser distribuído com o Globo e a Folha de São Paulo, de graça. E outros depois a 11,90.
Idiota.
Mas não tão idiota, porque a minha edição é mais fofa. Tem escrito "nymphet" e na deles não tem.
Comprei "Diário de Lô", "Acqua Toffana", "Minha querida Sputnik" (que já li, droga, mas eu tinha que ler, era perfeito) e "O Ocidente é o Acidente" (comprei a última cópia da edição. Sério). Por isto estou feliz. Por não ter comprado "Onze minutos" também...
Por falar nisso (em escritores que saem no jornal), eu saí na Folha de sábado. A foto ficou legal, não fosse pelo famigerado "olho encolhido" que sempre sai... eu fico tensa nas fotos, quem manda? Não nasci pra ser modelo, sempre disse isso.
Amanhã é aniversário do meu pai. Tô pensando em comprar uma TV com entrada pra DVD, se bem que vai ser bem mais presente pra mim...

18.5.03

Os "luluzinhas"

Como se sabe pela ranzinice costumeira deste blog, eu detesto alguns hábitos que envenenam o convívio social. A mania estúpida de 99,9% dos homens cariocas de querer ser sempre o "malandro" e nunca o "otário" torna a vida das cariocas um inferno. Não vou me estender no assunto, pelo menos as mulheres sabem do que estou falando.
"A little respect". É tudo o que eu peço. Aí o cara, querendo ser mais "malandro" ainda, resolve que vai me "filmar" (se é que vocês me entendem) sem que eu veja. É aí que se desenrola uma das cenas mais patéticas que existe.
O cara está sentado na frente do ônibus e não tem nenhuma mulher pra ele filmar à sua frente. Aí você entra e, pensando em preservar sua paz de espírito, senta atrás do indivíduo. Mas ele nota. A partir daí, ele é tomado de súbito interesse pela paisagem e fica "olhando pela janela", ou seja, torcendo o pescoço pra olhar pra você. Achando que você não está percebendo que a janela pode muito bem ser olhada a 45 graus, e não a 110 como ele está fazendo. E também que a pupila dos olhos dele não está olhando a paisagem coisíssima nenhuma. Os mais profissionais escondem isso com óculos escuros.
Isso me fez pensar no gibi da Luluzinha, não sei se vocês lembram. A menina (e toda a sua turma) conseguia virar a cabeça 180 graus! Aquilo me deixava abismada! Eu tentava fazer igual, e não entendia porque não conseguia. Mas, claro, eu era pequena. Ao contrário de mim (mas olhe lá), esses "luluzinhas" não evoluíram.
Porém, este tipo de mané não possui apenas esta técnica; ele é especialista em "olhar pelo reflexo". Sabe aquela brincadeira em que tem um espelho posicionado de maneira a que você veja a outra pessoa e a outra pessoa veja você? Ele usa isso. Ou seja, o mané brinca de "caverna": não olha para você, e sim para o seu reflexo: através dos vidros de ônibus, das vitrines, sem arriscar tanto um torcicolo - e provando que, além de idiota, é preguiçoso.
Bienal

Cara, não sei se vocês sabem... mas quando eu tinha uns 8 anos, e ia à Bienal com meu pai, ele extraía facilmente descontos de até 40% nos livros dos donos dos estandes, especialmente porque comprávamos muito... e hoje? Hoje tem que batalhar por 10%. É tudo preço de tabela. Tudo sem desconto. O preço dos estandes inflacionou legal, e os caras acham que esse é o meio de pagar! (Exceção honrosa: o estande das editoras menores, o LIBRE).
Ó, estupidez... e na van que voltei, tinha uns distribuidores de Porto Alegre conversando... falaram tanta merda, me desculpe, mas coisas que decididamente monopolizam o mercado e estrangulam a porra da distribuição... "O importante é ter livro novo, senão o leitor não volta mais na sua livraria". (Claro que também existe a culpa dos donos de livraria, mas isto é uma outra história.) E os livros velhos, cara pálida? As pessoas não dão nem chance de haver sobrevida no mercado para uma boa obra... a culpa é do marketing também, com aquela história de just-in-time, o estoque entrou, tem que sair... é a cultura do best-seller.
Mas chega de reclamar. Quem procura, acha. Achei "Lolita", aquela edição que tem uma mocinha na capa, e não aquela boneca loura cretina, por dez reais, num sebo. Sim, um sebo dentro da Bienal. Fuça que tu acha... Mas, bem, por 10 reais e em perfeito estado de conservação. Beautiful garbage.
Geralmente não compro livros que já li (creia, não tenho nenhum da Clarice Lispector, li todos os que eu li de aluguel). Mas eu já andava com a idéia maldita de comprar esse livro e ele caiu do céu bem na minha mão. Como ninguém tinha levado aquela jóia ainda eu não sei. Talvez porque estivesse escondido atrás da placa que dizia "10 reais". Sei que adoro aquela edição da mocinha na capa, com a costura dos jeans aparecendo (foi a que li, com uns 16 anos, emprestada da biblioteca, em péssimo estado). A edição tem escrito "EDITÔRA" Civilização Brasileira atrás, sim, antes da reforma ortográfica. Que beleza. Significativo eu gostar desses sinais de velhice. Transferência, aliás, porque eu fui uma leitora muito implicante; quando Humbert/Nabokov pede ao leitor pra não pular as próximas páginas, eu ("ah, é?") saía virando freneticamente. Ele me dera a idéia... E crítica, espezinhava aquela auto-piedade que ele amostrava...
Comprei "Mundo Fantasma", e não "Cão", porque se tratava da edição portuguesa. Mas só descobri isso depois que abri o plástico, em casa. Porém, era mais uma vez o caso de o aspecto do livro combinar com o espírito do livro... e não me chateei. Li tudo, devorei. Tem que ler pra entender, mas combina estar em português de Portugal porque... a Enid e a amiga dela gostam de anormalidades/coisas ímpares em geral. Também levei "Mangá tropical", um livro pra faculdade e um livro que custava 3 reais (ou um dólar!) dentro de uma editora que parecia freudianamente obcecada por sexo.
Também olhei uns livros sem comprar: "O diário de Lô", que seria a versão dela, da Lolita, dos acontecimentos (não vai vender nada porque ninguém sabe o que é Lô). Dei uma lida e não achei idiota, graças, se mais dia menos dia iam fazer uma coisa dessas, que sorte que não foi idiota. Eu pretendo comprar, assim como "O Ocidente é um acidente", "Minha querida Sputnik", "O chão que ela pisa" e, talvez, "Acqua Toffana".
Fui e voltei de van da Bienal e, aparentemente só de sacanagem, na ida e na volta tocou uma música do Ed Motta que eu nunca tinha ouvido: "Tem espaço na van". Putz.
E as editoras de quadrinhos estão ótimas.
Aliás...

O lançamento não é domingo, não. É sábado. E não é às 8, é às 7. Falha nossa. Olha:
Dia 24 de maio, sábado, às 19hs
na XI Bienal internacional do livro
Estande da Libre, no Pavilhão 4 (verde)
Riocentro
Av. Salvador Allende, 6.555 - Jacarepaguá.

16.5.03

Gato que nasce em forno não é biscoito

Minha avó por telefone:
"Mas você vai lançar um livro mesmo ou só folha no livro dos outros?".
Perfeito!

11.5.03

Overpost

Sei que já postei bastante hoje. Mas é pra informar duas coisas:
1- Um amigo meu, o Alexandre, me convenceu a fazer um negócio chamado "Humor de webcam". O que significa que vocês vão me ver falando besteira. Ainda não tá lá, mas o endereço é este.
2- Vão lançar uma antologia de autores e eu estou nela. "Geração 90: os transgressores", da Editora Boitempo. O lançamento vai ser domingo, dia 24, às 8 da noite (no estande da Boitempo, duh.).

10.5.03

E meu segundo livro...

Hoje cortei a parte do hotel. Eu vou mudar completamente o approach. Vai ficar mais dinâmico. Não quero partes chatas no meu livro.
Na verdade, fiz todo um arquivo novo, tipo uma seleção natural. O problema é que o molho do livro, a Maria Luiza, não entra imediatamente. Resolvi, então, encurtar a parte pré-ML. Quando ela entra no livro, se você ler a primeira página, já está enredado. E tem que ler até o final.
É uma maldade muito bem arquitetada. Maldade...
Esse livro ficou bem mais "filosófico"... não poderia escrevê-lo, de jeito nenhum, antes da faculdade... por vários motivos.
Quando eu publicá-lo, meu pai e minha mãe vão parar de dizer aos amiguinhos que a filhinha escreveu um livrinho. Na verdade, eles vão começar a esconder. O "No Shopping" já é bem pesado, mas dá pra disfarçar. As pessoas cegas podem não enxergar que os personagens se tratam como mercadorias ("O pior cego é aquele que não quer ver".). Mas nesse, o livro cheira a maldade. Não vai rolar suavidade.
Na verdade, estou com um pouco de medo. Mas vamos fazer de conta que não. Foda-se o medo. O medo tem que ser expulso, como ele tenta fazer com a gente. "El miedo vai comer su cabeza...". Buuu! Xôôô!
Temo que vire, por uns tempos, o que João Ubaldo Ribeiro virou quando escreveu "A casa dos budas ditosos". As pessoas entendem tudo errado... não entendem liberdade criativa... não entendem que eu possa escrever um livro mau sem ser má, apenas porque vê claramente o que é a maldade, apenas porque aquilo precisa ser dito e ninguém diz... coitado do Nabokov.
Musical

Entrei na Leader Magazine e estava tocando "She's a maniac" (sim, da trilha de Flashdance). Depois começou a tocar "Love Shack", dos B-52's. Atordoada com tanto revival, acabei comprando uma blusa violeta ("And the sky was made of amethysts..."). Deve ser alguma estratégia.
Ah, e passei na frente de uma oficina mecânica e estava tocando "Rhythm is a dancer" (sim, a do Snap!). Será que era mesmo oficina mecânica ou "clube das mulheres"?

9.5.03

Voltando à vaca fria

Depois de ver X-Men 2 pela terceira vez, e sem enjoar (é sério), estou concentrando minhas expectativas na chegada de Matrix Reloaded. Minhas expectativas e minha bandwidth. Acabei de baixar a trilha de Matrix Reloaded, e, pelo que vi, eles conseguiram transmitir a "síndrome de ponta" da franquia Matrix aos dois CDs. "Síndrome de ponta", sim, pois querem garantir que nada será facilmente copiado, e para isso criaram novas tecnologias - para o filme, para o jogo, para os animatrix's (que também já estão rolando legendados em português)...
Eu sei é que cada música, além de ser muitíssimo bem-produzida, ainda tem alguma bugiganga interessante pra gente se divertir. Facetas novas dos artistas, por exemplo. Os Deftones e Linkin Park (na genial e semi-instrumental "Session", que abre o disco e é "cantada" por tiros) estão bem diferentes do que se costuma ver. O mesmo vale para a Dave Matthews Band (sim, juro que está no cd!) remixada pelo Paul Oakenfold (ah, bom...), que aliás também participa em outra faixa muito boa, "Dread rock".
A colaboração do Juno Reactor é visível em várias músicas, inclusive incrementando o score: "Mona Lisa" é uma espécie de sonho realizado, eletrônica com os instrumentos "eruditos", saca? Lembra de "Corra Lola Corra"? Juno Reactor e aqueles violinos parece isso à quarta potência. Sei que já devem ter feito isso antes, mas agora fizeram de um jeito que simplesmente combinou. O baixo eletrônico, com os violinos, e a batida hipnótica, e os metais, e os snares, e os corais... ficou indescritível, especialmente mais pro meio da faixa. Mal posso esperar até ver isso junto com a plástica matrixiana na tela... Já estou cansada só com a música, imagine com as imagens... Vai ser aquele tipo de cena em que você esquece completamente que está no cinema e, no final, desaba na cadeira e suspira...
Além disso, e o nome enigmático, hein? "Mona Lisa"... Dá o que pensar... Fora as músicas do Rob Dougan, como "Furious Angel", que mexe com seu córtex cerebral (que deve ser aquele ponto atrás da minha cabeça que ficou pegando fogo durante a execução de "Furious").
Infelizmente, tem uns new metal perdidos no meio da trilha que só servem pra eu ter o que falar de mal... Mesmo assim, pra new metal até que não estão tão ruins.
Pra terminar: X-Men 2 está dèja rolando no E-Donkey... legendado em espanhol ou francês. Pode escolher.

6.5.03

Entre a cruz e a caldeirinha

Bom, aí eu sou obrigada a fazer uma escolha entre péssimas opções: fingir que nada está acontecendo e falar com as pessoas, o que também pode acabar em briga; ou ignorar as pessoas que estou achando, pelo menos no momento, que não vale a pena falar. Entre ser falsa e ser indiferente, preferi ser indiferente. Mas fala a verdade, é escolher entre uma opção escrota e uma um pouco menos escrota... Se bem que existe a opção "existencialista" de não ir à faculdade ou, se for, não entrar na sala, como certas pessoas estão fazendo...
Ninguém merece

É difícil escrever coisas light quando você descobre coisas não tão light... ai ai.
Lembram do post da terça-feira passada? Pois então. Cada vez se complica mais.
Sabe por quê? Egoísmo. Cabeça-dura. Auto-engano. Carência. Medo de ficar sozinho. Complexo de Édipo mal-resolvido, como disse o professor hoje. Ele também sugeriu que um bebê às vezes possa chorar sem receber colo ou carinho imediatamente. Muitas meninas se incomodaram com isso. Mas é verdade. Senão o bebê fica muito mal-acostumado e vai crescer achando que o mundo é dele. Aí, vira um monstro tirânico que faz coisas socialmente inaceitáveis para satisfazer seu próprio ego; coisas que são inaceitáveis até mesmo se disser a si mesmo que tem a melhor das intenções, que tem que pensar nele mesmo de vez em quando... E aí, meus amigos, não dá pra viver em sociedade... Até, eu, que sou anti-social, sei disso.

4.5.03

Bunker, a fronteira final

Foi difícil. Demorou muito. Estava cheio demais. Mas eu dancei muito.
Era o último dia. Irrespirável. Centenas de pessoas. Cheiro de suor. Banheiros entupidos e vomitados.
Chegou uma hora que fui no banheiro, liguei a torneira e tomei um banho.
JP, me vendo fresquinha, resolveu ir no banheiro dele fazer a mesma coisa. Enquanto isso, fiquei paradinha dentro do banheiro feminino, encostada na bancada da pia.
Uma garota veio e se deitou sobre a bancada da pia para descansar. Abri a bolsinha e tirei o relógio: eram 3:44.
De repente, sinto um cutucão. Era a garota da bancada. De novo, não.
Ela me perguntou uma pergunta com uma só palavra. Tive que pedir pra repetir, não estava acreditando.
"Loló?"
"Não" - e tirando o relógio da bolsa - "Só as horas, mesmo".
Nisso, um casal de meninas expulsa dois caras do banheiro reservado. Eles saem alegres e elas entram.
JP estava lá fora o tempo todo, mas tinha uma parede que impedia que eu o visse. Contei o que aconteceu. E terminei:
"Toma cuidado. Pelo andar da carruagem, ainda hoje você vai ser cantado por um cara!"

30.4.03

Resenha de X-men 2!!!

Fui a primeira da fila do Cinemark... Eu tinha muita expectativa quanto a esse filme, mas juro que superou tudo... Até porque (vou contar, hein? "spoilers ahead") usa a Saga da Fênix... Cada vez que a pupila da Jean ficava em chamas eu me arrepiava... No terceiro filme vamos ter Fênix e sentinelas com certeza... (As sentinelas sairão do "dossiê Stryker", certemente). Acho, porém, que não vai caber a saga da Fênix Negra e o Império Shi'ar; isso fica para uma quarta seqüência.
O filme está mais adulto, tem mais sexo e violência, tanto que a censura subiu; tem detalhes que só fãs vão entender, outros que quem não viu o primeiro filme vai perder, e ainda outros que só maiores de idade vão sacar (como quando Wolverine elogia a Mística, "ela é boa", e Magneto replica: "você não sabe como").
O roteiro ficou bem amarrado, até nos mínimos detalhes (o lance da menininha de seis anos... preste atenção como, mais tarde, vemos que realmente o Professor X transformou alguém em menina de 6 anos). Noturno está perfeito... Colossus aparece também, e Jubileu... Tempestade está com um cabelo melhor e bem menos burra, além de participar mais. Jean também tem um papel mais importante, embora não maior. Wolverine... bom, ficou na mesma participação, mas está bem mais feroz! O Ciclope e o professor é que tiveram suas partes reduzidas. Aliás, o Professor não salva os alunos, assim como no primeiro filme. A ação é inteligente e não pára um segundo. E as piadas são muito melhores que no primeiro filme. A sala do Perigo ficou para o terceiro filme mesmo... mas a seqüência da invasão à escola já vale por uma sala de perigo...
E faltou luz no meio da sessão, foi aquele auê. Todos compraram aquele combo que dá direito a um boné... o boné é muito bom.
Amei. Amei. Amei. Eu sempre soube que Bryan Singer era um gênio. A culpa é dele.

29.4.03

E last but not least

O que eu escrevo acontece. Sim.
Acho que hoje ouvi o professor chamando o namorado da Maria "Fulana" (que não é Luiza mas é um nome composto...) de Francisco... Sim, o mesmo nome do meu personagem. E só ouvi porque cheguei atrasada e tive que sentar atrás deles.
Ou então estou louca.
Intuição

Minha intuição anda em alta. Isso significa que eu mesma achei que chorei sem saber porquê ontem. E hoje não queria acordar, mas acordei na hora da segunda aula e com vontade de ir! O professor da primeira aula havia faltado. E o da segunda, que nunca falta, também!
Oras, então porque diabos minha intuição me empurrou para lá? Porque eu tinha que encontrar uma informação que me confirmou algo de que eu, intuitivamente, desconfiava há tempos... E quando eu soube, soube porque chorara. Porque minha intuição me dizia, também há tempos, que o clima estava pesado. Porém, acabei sabendo da melhor maneira. Agora estou muito feliz.
Espero que outras pessoas percebam que a música abaixo pode e deve ser ouvida when appliable.
Special, do Garbage

Conhecem a letra? É uma música MUITO interessante.

I'm living without you but
I know all about you
I have run you down into the ground
Spread disease about you over town

I used to adore you
I couldn't control you
There was nothing that I wouldn't do
To keep myself around and close to you

DO YOU HAVE AN OPINION
A MIND OF YOUR OWN?
I THOUGHT you were special
I thought you should know
But I've run out of patience
I COULDN'T CARE LESS

Do you have an opinion
A mind of your own
I thought you were special
I thought you should know

I used to amuse you
But I knew that I'd lose you
Now you're here and begging for a chance
But there's no way in hell I'd take you back

Do you have an opinion
A mind of your own
I thought you were special
I thought you should know

But I've run out of patience
I've run out of comments
I'm tired of the violence
I couldn't care less

I'm looking for a new infection
I'm looking for a new infection
I'm looking for a new infection
I'm looking for a new infection

But we were the talk of the town
We were the talk of the town
We were the talk of the town
We were the talk of the town

I thought you were special

23.4.03

"Mexa esse traseiro gordo, Sucker!"

A onda de traduções ruins nunca termina. "The final flight of the Osiris", o curta-prévia de Matrix antes de "O apanhador de sonhos", ganhou o nome de "O vôo final do Osíris". É óbvio que colocaram "final flight" em inglês por causa da aliteração (FÁinal FLÁit) e em português deveriam ter mudado para "O último vôo do Osíris". Tudo bem que antigamente mudavam demais os títulos, mas hoje as pessoas ficaram traumatizadas, têm medo de tocar no que os outros fizeram...
E, na esteira, vem uma série de coisas geralmente mal-traduzidas.
Don't be stupid = Não seja BURRO. (e não "estúpido" - como a maioria desses "tradutores")
Black eye = Olho ROXO (e não preto!)
Girl = "aí varêia": menina/guria/mina... "garota", quase nunca! Aqui no Brasil tem conotação de "moleca", "criança"...
Eventually he did kiss her = Ele acabou conseguindo beijá-la (e não "ele conseguiu beijá-la eventualmente"!)
Actually = Na verdade (e não "atualmente"...)
Really? = É mesmo? (e não "realmente?")
He really did it = Ele conseguiu mesmo (e não "ele realmente o fez"!)

18.4.03

Simone, a feia

Inspirada em Beth-a-Feia e Frida, e também nos acontecimentos da tarde, resolvi me disfarçar de feia. Não que eu seja uma capa de revista, mas é que os caras mexem com qualquer coisa que use saia e seja remotamente certinha.
Coloquei meus óculos para leitura, que nunca uso no dia-a-dia porque apertam meu nariz. Coloquei uma calça jeans e um par de sandálias havaianas. Coloquei uma blusa qualquer, mas não importava: ela não ia aparecer sob o grosso casaco que eu ia colocar por cima. Prendi o cabelo molhado (que depois, evidentemente, se arrepiou) num rabo baixo, deixando as orelhas aparecerem bem. Arrepiei a sobrancelha. Escondi os lábios - com os dentes, para parecer a Mônica dentuça. Curvei os ombros pra esconder os peitos, e finalmente, treinei andar como uma pata, quase manca, mas não muito, senão poderiam desconfiar da farsa.
Sucesso total. Quando algum pobre senhor dava uma olhadinha, eu caprichava mais nos dentões. E ele desviava o olhar. Mas o melhor mesmo foi quando saltei do ônibus, em plena Copacabana. Meu andar de pato espantou até mesmo os olhares que EU procurava. Comecei a sorrir, com o mórbido prazer da feiúra, uma visão aterrorizante para aqueles idiotas superficiais.
Superficiais sim. Porque reparei duas coisas. A primeira: mesmo que a mulher esteja no prego, se estiver usando minissaia eles olham. Entrou uma bem já-era. Mas estava de saia curta, então... A segunda coisa que pensei é que não devia ser assim. A beleza deveria ser uma bênção e não uma maldição. Eu não tinha que ser obrigada a me vestir de feia para me permitir um sorriso. Mas os homens não permitem que as mulheres saiam nas ruas e gozem de uma verdadeira liberdade, andem saltitantes, sorriam quando estão felizes. Se chamarem a mínima atenção, a qualquer momento pode surgir um idiota e deixar claro o lugar dela com um olhar invasivo ou até uma palavra grosseira. "Você não pode ser feliz: a tesoura corta o papel. O papel jamais eclipsa a tesoura, muito menos a ignora". (Pensei nisso agora. Mas é verdade.) Andamos contidas, cerceadas, e mesmo assim, a qualquer momento... o inferno. Não gosto de viver assim.
Nada como um estudo antropológico. Agora vou para Araras. Não pretendo voltar até o fim do feriado, mas quem sabe?
Sick sad world

Além de contratempos menores com a minha mãe, fui passear com o meu pai. E um amigo dele que pelamordedeus. Eu estou escrevendo mais para desabafar.
Eu tive que agüentar o indivíduo por duas horas. Sendo que a primeira coisa que ele fez quando me viu foi apresentar um brilho de cobiça nos olhos e dizer: "Eu te vi pequenininha... naquela reunião de político... você tinha três, no máximo oito anos". E perguntou quantos anos eu tinha agora. Eu respondi. Eu pensei em perguntar a idade dele também, só de sacanagem, mas ele poderia tomar a pergunta como um genuíno interesse de minha parte. Não perguntei nada. A partir daí, baixou em mim a Mulher de Gelo.
Enquanto ia me secando, teve a brilhante idéia de tentar me impressionar contando sua vida de jovem empreendedor. Contou que fizera engenharia na UERJ, terminara, mas como não gostava do ambiente de propinas, resolveu mudar de vida. "É que nem você largar o que está fazendo para ir garimpar em Serra Pelada" (frase punhetística número um!). Foi vender calças jeans e foi parar numas empresas aí. Contou todas as "interessantíssimas" reviravoltas, inclusive porque saiu da empresa: "Não dava pra sustentar meu estilo de vida. Eu gosto de andar de carro importado, daqueles que bebem muito, e o salário era quase igual ao que eu gastava de gasolina por mês, uns 1400 reais" (frase punhetística número dois!) Então disse que voltou à faculdade pra se formar em Comunicação, onde aprendeu todo tipo de lixo marketeiro (usou a palavra "share"... argh!). Daí meu pai soltou que eu também cursava Comunicação. Praquê.
Vendo que eu fazia cara de bunda para a sua carreira de jovem empreendedor, ele resolveu mudar de tática. Disse que poderia me arranjar estágios em grandes empresas. Começou a agitar os braços, excitado, falando dos "seus contatos". Não agüentei:
- Mas acho que não vou fazer nada em Comunicação, não. Eu quero trabalhar com traduções.
"O quê?" - disse ele, espantado com finalmente-alguma-resposta. "Infelizmente", ele não conhecia ninguém na Herbert Ritchers, na Videolar...
Ele recomeçou a falar sabe-se lá de quê, enquanto eu pegara um pedaço de papel e começava a dobrar, cuidadosamente, um aviãozinho. Arremessei-o em direção à lata de lixo e caiu fora. Ele rapidamente apanhou o aviãozinho e jogou-o no lixo. Ou não entendeu o propósito, que era fazer qualquer merda pra não ter que prestar atenção nele (ou seja, eu voltaria a apanhar e arremessar o avião até ele atingir a lata de lixo), ou entendeu e queria ser o centro das atenções. De qualquer modo, é idiota...
Finalmente, fomos almoçar. Ele sugeriu um restaurante a quilo todo fresco. Só tinha uma coisa boa: tinha crepes. Crepes a quilo.
Mas ele não queria parar de falar. Depois de tentar tudo, até usar a odiosa palavra "benchmarking", adivinha o que ele fez. Começou a contar uma historinha. Uma mulher "queria porque queria" casar com ele, e ele não queria, porque isso "atrapalharia seu estilo de vida". Ele "não conseguiria sustentar as viagens que gostava de fazer, os luxinhos". E, além do mais, (ATENÇÃO! ESSA É A FRASE MAIS PUNHETÍSTICA JÁ OUVIDA PELOS MEUS OUVIDOS, ALÉM DE SER UMA PÉSSIMA METÁFORA!) "COLECIONAVA PAQUERAS COMO QUEM COLECIONAVA LIVROS NUMA ESTANTE"!!!!!
Mas a pobre coitada conseguiu casar com ele (ninguém merece...) e logo depois se separou. Claro.
Depois dessa, eu levantei e fui ao banheiro. Demorei mais que o necessário. Fiquei me olhando no espelho. O mundo é ridículo. Eu não sabia se tinha um ataque de riso ou de choro.
Voltei para a mesa. O indivíduo ainda estava comendo, suspeito que lerdou de propósito pra ver se ganhava tempo. Então ele me perguntou, meio que afirmando:
- A SIMONE É TÍMIDA.
Ah, não. Estava passando para a próxima fase. Claro que eu não poderia deixar de ficar de quatro por aquele exemplo de macho. Logo, o defeito só podia ser... MEU! O idiota ainda usou meu nome, técnica ensinada na porra da praga do marketing.
Eu disse, alto, claro e articuladamente, olhando fixo nos olhos dele:
- NÃO. EU NÃO SOU TÍMIDA.
Depois disso, ele nos arrastou para um "cafezinho", que declinei, mas meu pai não. Novamente ele pareceu lerdar de propósito (ninguém pode ser TÃO lerdo pra tomar café). Começou a falar de vinhos (sente o meu drama). Depois de cachaça. "Você deveria provar a cachaça que tem no..."
- Eu não bebo.
Com isso, estavam liquidadas suas esperanças de me embebedar. Ou não.
- Mas às vezes, para agradar um chefe, você precisa beber - e acrescentou, consciencioso - Ou comer comida japonesa.
Não chamei ele de "sell out", na língua dele mesmo, em respeito à carranca do meu pai, que já havia me perguntado duas vezes se eu estava com algum problema. Ele também, hein?... às vezes a palermice humana parece não conhecer limites.
Voltamos ao escritório do cara e nada do meu pai sair. Eu estava esperando ele sair comigo pra comprar um pente DIMM de 256, que foi o que viera fazer ali em primeiro lugar. Só fiquei até aquele momento porque esperava poder fazê-lo comprar o de 512. Mas aquilo já não estava valendo a pena há muito tempo.
- Pai, preciso ir embora (e não era verdade?). Compra o pente sozinho.
Joguei o anúncio em cima da mesa, dei um beijo nele e saí. Tentei me despedir do cara o mais brevemente possível. Felizmente ele estava falando com dois clientes e não pôde tentar mais nada.
O puto do amigo dele me tratou como uma cliente (love-customer). Mas o idiota não percebeu que a porra do direcionamento da marca dele estava completamente incorreto. Não se pode agradar a gregos e troianos. E eu era... persa.

12.4.03

Só para constar

Importante! Todo blog é uma punheta. Mas vem quem quer.
Traduções fuleiras

- Como ela pode ser tão mesquinha!
- Que grande CADELA!
Respectivamente, deveriam significar "mean" e "bitch". Gente... ninguém se chama disso. Nem em Portugal, nem em Cabo Verde, nem em Macau e nem em Goa. Então não sei em que país vocês estão vivendo. Traduzam "mean" por "ruim", "mau", "malvado", "cruel"; e "bitch" por "vaca", "piranha", e dependendo da censura, "puta" mesmo. Aliás, traduzir "You big bitch" dá até margem a criatividades. Tipo: "sua vaquíssima", "sua superpiranha", "sua filha de uma puta". As pessoas que traduzem ou não devem gostar do que fazem, ou têm trabalho demais.

Punheteiros - com o perdão do título

O pessoal com que eu ando na faculdade arranjou um epíteto adequado a Domingos de Oliveira (o patrono), Walter Hugo Khouri, Woody Allen (eis o cânone)... Você sabe o que todos eles têm em comum? Praticam "masturbação intelectual", que nós adaptamos para um título mais direto e adjetivado: punheteiros mesmo. Só falam de si mesmos em suas obras, e mais que isso, os personagens principais têm a mesma profissão (ou similar), um nome parecido, os mesmos atos, se possível o mesmo tipo físico dos criadores. Só que, como é obra de ficção, às vezes é um pouco mais sarado... mais charmoso... e todas as mulheres do filme transam com eles... e toda a história gira em torno do umbigo do cara... seus amigos ouvem suas (muitas) opiniões num estupor admirado ou numa incompreensão ignorante... os seus inimigos são mostrados como idiotas... no final, sua história é digna de compaixão, de compreensão, se não tem um final feliz para o sujeito.
Abro o jornal hoje e dou de cara com a reportagem sobre o novo livro de Rubem Fonseca. É sobre "um escritor louco pelo sexo feminino, que considera que o homem começa a envelhecer quando perde a incandescência. Seu maior prazer é namorar duas mulheres ao mesmo tempo (...)". Mais abaixo, você descobre que o livro dura um ano, e em um ano ele come (pelo menos) dois pares de mulheres, sendo duas mãe e filha (será que ele comprou a Playboy desse mês?). Para terminar, seu nome é Rufus (Rufus, Rubem, quem ele acha que engana? Acho que nem quer.).
Não estou dizendo que ele escreve mal. Estou chamando ele de grande punheteiro, o que é capaz de ele considerar elogio, porque não. Capaz de entrar pro nosso cânone.

11.4.03

Justiça seja feita

Hoje de manhã, no caminho pra faculdade, havia um caminhão de mudanças obstruindo toda a calçada e um pedaço do asfalto. Como o outro lado estava todo ocupado por carros estacionados (regularmente) as pessoas tinham que passar pelo meio da rua, arriscando serem atropeladas, ou atravessarem a rua.
Quando voltei, o mesmo caminhão continuava lá. Só que havia OUTRO. Também em cima da calçada. E mais três carros. Todos em cima da calçada. Uma fila de bandalha em cima da calçada. Quando um começa e não é punido, os outros vão lá e imitam.
As pessoas eram obrigadas a atravessar a rua pra não morrerem atropeladas.
Eu vi aquilo e tomei o caminho de casa. Porque no meio do caminho tem a Guarda Municipal. E eu denunciei os putos. Eles mandaram viatura pra lá. Espero que sejam todos multados.
Não sei porque as pessoas não fazem isso sempre que vêem uma bandalha dessas. O telefone é 0800-21-1532. Afinal, somos ou não cidadãos? Talvez porque o Brasil tenha uma noção distorcida de "certo" e "errado". O Governo faz um monte de merda, é verdade, mas os tais "cidadãos" também (e cidadãos motorizados, mais ainda). As pessoas acham que é "maldade" denunciar assim, fazê-los pagar uma multa tão cara. Pois eu fui prejudicada. Maldade é a deles de fazer uma imbecilidade dessas, e ainda por cima uma imbecilidade ilegal. Os veículos já têm um espaço privilegiado no meio da cidade, além de serem uma comodidade em si - o sujeito ainda quer parar onde quiser? Mesmo se não prejudicar você diretamente, você tem o direito/dever, como cidadão, de reclamar. Senão, depois, você pode abrir o jornal e dar de cara com uma vítima indiretamente sua (se não for você mesmo).

6.4.03

A praga das sacadinhas

Estou pensando em me pronunciar contra isso há um tempão. Mas hoje é que me senti inspirada.
Existem pessoas que acham que escrever - seja em literatura, teatro, cinema ou o que for - é ter "uma grande idéia". Em parte, é sim. E é difícil ter a tal da grande idéia. Mas quando a pessoa é sem-noção, é fácil usar a "grande idéia" como BASE, e não como PONTO DE PARTIDA, para uma obra.
Quer exemplos? Então toma.
E se eu fizesse Deus descer à terra e ele fosse tão humano quanto nós? Uau! Eu sou um gênio!
E se Jesus voltasse hoje em dia e fosse discriminado por outros motivos? Como ter AIDS? Ou ser mulher? Ou menino de rua? JÁ SEI!
Jesus é uma menina de rua aidética!!
E se as pessoas mortas pudessem nos ver, mas nós não as víssemos?
E se uma pessoa morta só pudesse entrar no céu depois de corrigir seus erros? E tivesse que voltar à terra para corrigi-los?

Quer dizer, Dostoiévski teve a sua sacadinha também. "E se houvesse um personagem que, por ser mais inteligente que os outros, se achasse superior? E por isso achasse que tem o direito de fazer o que quiser? E se o fizesse? Como eu faria esse cara se dar mal no final? (sim, ele era ideologicamente católico: esse indivíduo que comete um crime tinha que ter um castigo!)". Mas você vê, aí tem uma história nascendo e criando raízes, não um pastiche de mitos sem profundidade.
O pior é que as idéias se repetem depois que alguém a tem pela primeira vez. Então, as coisas que saem da pena desses "autores" nem mesmo são mais originais.
Vão ser diretores de criação, vocês. (Dos males, o menor!)