30.4.03

Resenha de X-men 2!!!

Fui a primeira da fila do Cinemark... Eu tinha muita expectativa quanto a esse filme, mas juro que superou tudo... Até porque (vou contar, hein? "spoilers ahead") usa a Saga da Fênix... Cada vez que a pupila da Jean ficava em chamas eu me arrepiava... No terceiro filme vamos ter Fênix e sentinelas com certeza... (As sentinelas sairão do "dossiê Stryker", certemente). Acho, porém, que não vai caber a saga da Fênix Negra e o Império Shi'ar; isso fica para uma quarta seqüência.
O filme está mais adulto, tem mais sexo e violência, tanto que a censura subiu; tem detalhes que só fãs vão entender, outros que quem não viu o primeiro filme vai perder, e ainda outros que só maiores de idade vão sacar (como quando Wolverine elogia a Mística, "ela é boa", e Magneto replica: "você não sabe como").
O roteiro ficou bem amarrado, até nos mínimos detalhes (o lance da menininha de seis anos... preste atenção como, mais tarde, vemos que realmente o Professor X transformou alguém em menina de 6 anos). Noturno está perfeito... Colossus aparece também, e Jubileu... Tempestade está com um cabelo melhor e bem menos burra, além de participar mais. Jean também tem um papel mais importante, embora não maior. Wolverine... bom, ficou na mesma participação, mas está bem mais feroz! O Ciclope e o professor é que tiveram suas partes reduzidas. Aliás, o Professor não salva os alunos, assim como no primeiro filme. A ação é inteligente e não pára um segundo. E as piadas são muito melhores que no primeiro filme. A sala do Perigo ficou para o terceiro filme mesmo... mas a seqüência da invasão à escola já vale por uma sala de perigo...
E faltou luz no meio da sessão, foi aquele auê. Todos compraram aquele combo que dá direito a um boné... o boné é muito bom.
Amei. Amei. Amei. Eu sempre soube que Bryan Singer era um gênio. A culpa é dele.

29.4.03

E last but not least

O que eu escrevo acontece. Sim.
Acho que hoje ouvi o professor chamando o namorado da Maria "Fulana" (que não é Luiza mas é um nome composto...) de Francisco... Sim, o mesmo nome do meu personagem. E só ouvi porque cheguei atrasada e tive que sentar atrás deles.
Ou então estou louca.
Intuição

Minha intuição anda em alta. Isso significa que eu mesma achei que chorei sem saber porquê ontem. E hoje não queria acordar, mas acordei na hora da segunda aula e com vontade de ir! O professor da primeira aula havia faltado. E o da segunda, que nunca falta, também!
Oras, então porque diabos minha intuição me empurrou para lá? Porque eu tinha que encontrar uma informação que me confirmou algo de que eu, intuitivamente, desconfiava há tempos... E quando eu soube, soube porque chorara. Porque minha intuição me dizia, também há tempos, que o clima estava pesado. Porém, acabei sabendo da melhor maneira. Agora estou muito feliz.
Espero que outras pessoas percebam que a música abaixo pode e deve ser ouvida when appliable.
Special, do Garbage

Conhecem a letra? É uma música MUITO interessante.

I'm living without you but
I know all about you
I have run you down into the ground
Spread disease about you over town

I used to adore you
I couldn't control you
There was nothing that I wouldn't do
To keep myself around and close to you

DO YOU HAVE AN OPINION
A MIND OF YOUR OWN?
I THOUGHT you were special
I thought you should know
But I've run out of patience
I COULDN'T CARE LESS

Do you have an opinion
A mind of your own
I thought you were special
I thought you should know

I used to amuse you
But I knew that I'd lose you
Now you're here and begging for a chance
But there's no way in hell I'd take you back

Do you have an opinion
A mind of your own
I thought you were special
I thought you should know

But I've run out of patience
I've run out of comments
I'm tired of the violence
I couldn't care less

I'm looking for a new infection
I'm looking for a new infection
I'm looking for a new infection
I'm looking for a new infection

But we were the talk of the town
We were the talk of the town
We were the talk of the town
We were the talk of the town

I thought you were special

23.4.03

"Mexa esse traseiro gordo, Sucker!"

A onda de traduções ruins nunca termina. "The final flight of the Osiris", o curta-prévia de Matrix antes de "O apanhador de sonhos", ganhou o nome de "O vôo final do Osíris". É óbvio que colocaram "final flight" em inglês por causa da aliteração (FÁinal FLÁit) e em português deveriam ter mudado para "O último vôo do Osíris". Tudo bem que antigamente mudavam demais os títulos, mas hoje as pessoas ficaram traumatizadas, têm medo de tocar no que os outros fizeram...
E, na esteira, vem uma série de coisas geralmente mal-traduzidas.
Don't be stupid = Não seja BURRO. (e não "estúpido" - como a maioria desses "tradutores")
Black eye = Olho ROXO (e não preto!)
Girl = "aí varêia": menina/guria/mina... "garota", quase nunca! Aqui no Brasil tem conotação de "moleca", "criança"...
Eventually he did kiss her = Ele acabou conseguindo beijá-la (e não "ele conseguiu beijá-la eventualmente"!)
Actually = Na verdade (e não "atualmente"...)
Really? = É mesmo? (e não "realmente?")
He really did it = Ele conseguiu mesmo (e não "ele realmente o fez"!)

18.4.03

Simone, a feia

Inspirada em Beth-a-Feia e Frida, e também nos acontecimentos da tarde, resolvi me disfarçar de feia. Não que eu seja uma capa de revista, mas é que os caras mexem com qualquer coisa que use saia e seja remotamente certinha.
Coloquei meus óculos para leitura, que nunca uso no dia-a-dia porque apertam meu nariz. Coloquei uma calça jeans e um par de sandálias havaianas. Coloquei uma blusa qualquer, mas não importava: ela não ia aparecer sob o grosso casaco que eu ia colocar por cima. Prendi o cabelo molhado (que depois, evidentemente, se arrepiou) num rabo baixo, deixando as orelhas aparecerem bem. Arrepiei a sobrancelha. Escondi os lábios - com os dentes, para parecer a Mônica dentuça. Curvei os ombros pra esconder os peitos, e finalmente, treinei andar como uma pata, quase manca, mas não muito, senão poderiam desconfiar da farsa.
Sucesso total. Quando algum pobre senhor dava uma olhadinha, eu caprichava mais nos dentões. E ele desviava o olhar. Mas o melhor mesmo foi quando saltei do ônibus, em plena Copacabana. Meu andar de pato espantou até mesmo os olhares que EU procurava. Comecei a sorrir, com o mórbido prazer da feiúra, uma visão aterrorizante para aqueles idiotas superficiais.
Superficiais sim. Porque reparei duas coisas. A primeira: mesmo que a mulher esteja no prego, se estiver usando minissaia eles olham. Entrou uma bem já-era. Mas estava de saia curta, então... A segunda coisa que pensei é que não devia ser assim. A beleza deveria ser uma bênção e não uma maldição. Eu não tinha que ser obrigada a me vestir de feia para me permitir um sorriso. Mas os homens não permitem que as mulheres saiam nas ruas e gozem de uma verdadeira liberdade, andem saltitantes, sorriam quando estão felizes. Se chamarem a mínima atenção, a qualquer momento pode surgir um idiota e deixar claro o lugar dela com um olhar invasivo ou até uma palavra grosseira. "Você não pode ser feliz: a tesoura corta o papel. O papel jamais eclipsa a tesoura, muito menos a ignora". (Pensei nisso agora. Mas é verdade.) Andamos contidas, cerceadas, e mesmo assim, a qualquer momento... o inferno. Não gosto de viver assim.
Nada como um estudo antropológico. Agora vou para Araras. Não pretendo voltar até o fim do feriado, mas quem sabe?
Sick sad world

Além de contratempos menores com a minha mãe, fui passear com o meu pai. E um amigo dele que pelamordedeus. Eu estou escrevendo mais para desabafar.
Eu tive que agüentar o indivíduo por duas horas. Sendo que a primeira coisa que ele fez quando me viu foi apresentar um brilho de cobiça nos olhos e dizer: "Eu te vi pequenininha... naquela reunião de político... você tinha três, no máximo oito anos". E perguntou quantos anos eu tinha agora. Eu respondi. Eu pensei em perguntar a idade dele também, só de sacanagem, mas ele poderia tomar a pergunta como um genuíno interesse de minha parte. Não perguntei nada. A partir daí, baixou em mim a Mulher de Gelo.
Enquanto ia me secando, teve a brilhante idéia de tentar me impressionar contando sua vida de jovem empreendedor. Contou que fizera engenharia na UERJ, terminara, mas como não gostava do ambiente de propinas, resolveu mudar de vida. "É que nem você largar o que está fazendo para ir garimpar em Serra Pelada" (frase punhetística número um!). Foi vender calças jeans e foi parar numas empresas aí. Contou todas as "interessantíssimas" reviravoltas, inclusive porque saiu da empresa: "Não dava pra sustentar meu estilo de vida. Eu gosto de andar de carro importado, daqueles que bebem muito, e o salário era quase igual ao que eu gastava de gasolina por mês, uns 1400 reais" (frase punhetística número dois!) Então disse que voltou à faculdade pra se formar em Comunicação, onde aprendeu todo tipo de lixo marketeiro (usou a palavra "share"... argh!). Daí meu pai soltou que eu também cursava Comunicação. Praquê.
Vendo que eu fazia cara de bunda para a sua carreira de jovem empreendedor, ele resolveu mudar de tática. Disse que poderia me arranjar estágios em grandes empresas. Começou a agitar os braços, excitado, falando dos "seus contatos". Não agüentei:
- Mas acho que não vou fazer nada em Comunicação, não. Eu quero trabalhar com traduções.
"O quê?" - disse ele, espantado com finalmente-alguma-resposta. "Infelizmente", ele não conhecia ninguém na Herbert Ritchers, na Videolar...
Ele recomeçou a falar sabe-se lá de quê, enquanto eu pegara um pedaço de papel e começava a dobrar, cuidadosamente, um aviãozinho. Arremessei-o em direção à lata de lixo e caiu fora. Ele rapidamente apanhou o aviãozinho e jogou-o no lixo. Ou não entendeu o propósito, que era fazer qualquer merda pra não ter que prestar atenção nele (ou seja, eu voltaria a apanhar e arremessar o avião até ele atingir a lata de lixo), ou entendeu e queria ser o centro das atenções. De qualquer modo, é idiota...
Finalmente, fomos almoçar. Ele sugeriu um restaurante a quilo todo fresco. Só tinha uma coisa boa: tinha crepes. Crepes a quilo.
Mas ele não queria parar de falar. Depois de tentar tudo, até usar a odiosa palavra "benchmarking", adivinha o que ele fez. Começou a contar uma historinha. Uma mulher "queria porque queria" casar com ele, e ele não queria, porque isso "atrapalharia seu estilo de vida". Ele "não conseguiria sustentar as viagens que gostava de fazer, os luxinhos". E, além do mais, (ATENÇÃO! ESSA É A FRASE MAIS PUNHETÍSTICA JÁ OUVIDA PELOS MEUS OUVIDOS, ALÉM DE SER UMA PÉSSIMA METÁFORA!) "COLECIONAVA PAQUERAS COMO QUEM COLECIONAVA LIVROS NUMA ESTANTE"!!!!!
Mas a pobre coitada conseguiu casar com ele (ninguém merece...) e logo depois se separou. Claro.
Depois dessa, eu levantei e fui ao banheiro. Demorei mais que o necessário. Fiquei me olhando no espelho. O mundo é ridículo. Eu não sabia se tinha um ataque de riso ou de choro.
Voltei para a mesa. O indivíduo ainda estava comendo, suspeito que lerdou de propósito pra ver se ganhava tempo. Então ele me perguntou, meio que afirmando:
- A SIMONE É TÍMIDA.
Ah, não. Estava passando para a próxima fase. Claro que eu não poderia deixar de ficar de quatro por aquele exemplo de macho. Logo, o defeito só podia ser... MEU! O idiota ainda usou meu nome, técnica ensinada na porra da praga do marketing.
Eu disse, alto, claro e articuladamente, olhando fixo nos olhos dele:
- NÃO. EU NÃO SOU TÍMIDA.
Depois disso, ele nos arrastou para um "cafezinho", que declinei, mas meu pai não. Novamente ele pareceu lerdar de propósito (ninguém pode ser TÃO lerdo pra tomar café). Começou a falar de vinhos (sente o meu drama). Depois de cachaça. "Você deveria provar a cachaça que tem no..."
- Eu não bebo.
Com isso, estavam liquidadas suas esperanças de me embebedar. Ou não.
- Mas às vezes, para agradar um chefe, você precisa beber - e acrescentou, consciencioso - Ou comer comida japonesa.
Não chamei ele de "sell out", na língua dele mesmo, em respeito à carranca do meu pai, que já havia me perguntado duas vezes se eu estava com algum problema. Ele também, hein?... às vezes a palermice humana parece não conhecer limites.
Voltamos ao escritório do cara e nada do meu pai sair. Eu estava esperando ele sair comigo pra comprar um pente DIMM de 256, que foi o que viera fazer ali em primeiro lugar. Só fiquei até aquele momento porque esperava poder fazê-lo comprar o de 512. Mas aquilo já não estava valendo a pena há muito tempo.
- Pai, preciso ir embora (e não era verdade?). Compra o pente sozinho.
Joguei o anúncio em cima da mesa, dei um beijo nele e saí. Tentei me despedir do cara o mais brevemente possível. Felizmente ele estava falando com dois clientes e não pôde tentar mais nada.
O puto do amigo dele me tratou como uma cliente (love-customer). Mas o idiota não percebeu que a porra do direcionamento da marca dele estava completamente incorreto. Não se pode agradar a gregos e troianos. E eu era... persa.

12.4.03

Só para constar

Importante! Todo blog é uma punheta. Mas vem quem quer.
Traduções fuleiras

- Como ela pode ser tão mesquinha!
- Que grande CADELA!
Respectivamente, deveriam significar "mean" e "bitch". Gente... ninguém se chama disso. Nem em Portugal, nem em Cabo Verde, nem em Macau e nem em Goa. Então não sei em que país vocês estão vivendo. Traduzam "mean" por "ruim", "mau", "malvado", "cruel"; e "bitch" por "vaca", "piranha", e dependendo da censura, "puta" mesmo. Aliás, traduzir "You big bitch" dá até margem a criatividades. Tipo: "sua vaquíssima", "sua superpiranha", "sua filha de uma puta". As pessoas que traduzem ou não devem gostar do que fazem, ou têm trabalho demais.

Punheteiros - com o perdão do título

O pessoal com que eu ando na faculdade arranjou um epíteto adequado a Domingos de Oliveira (o patrono), Walter Hugo Khouri, Woody Allen (eis o cânone)... Você sabe o que todos eles têm em comum? Praticam "masturbação intelectual", que nós adaptamos para um título mais direto e adjetivado: punheteiros mesmo. Só falam de si mesmos em suas obras, e mais que isso, os personagens principais têm a mesma profissão (ou similar), um nome parecido, os mesmos atos, se possível o mesmo tipo físico dos criadores. Só que, como é obra de ficção, às vezes é um pouco mais sarado... mais charmoso... e todas as mulheres do filme transam com eles... e toda a história gira em torno do umbigo do cara... seus amigos ouvem suas (muitas) opiniões num estupor admirado ou numa incompreensão ignorante... os seus inimigos são mostrados como idiotas... no final, sua história é digna de compaixão, de compreensão, se não tem um final feliz para o sujeito.
Abro o jornal hoje e dou de cara com a reportagem sobre o novo livro de Rubem Fonseca. É sobre "um escritor louco pelo sexo feminino, que considera que o homem começa a envelhecer quando perde a incandescência. Seu maior prazer é namorar duas mulheres ao mesmo tempo (...)". Mais abaixo, você descobre que o livro dura um ano, e em um ano ele come (pelo menos) dois pares de mulheres, sendo duas mãe e filha (será que ele comprou a Playboy desse mês?). Para terminar, seu nome é Rufus (Rufus, Rubem, quem ele acha que engana? Acho que nem quer.).
Não estou dizendo que ele escreve mal. Estou chamando ele de grande punheteiro, o que é capaz de ele considerar elogio, porque não. Capaz de entrar pro nosso cânone.

11.4.03

Justiça seja feita

Hoje de manhã, no caminho pra faculdade, havia um caminhão de mudanças obstruindo toda a calçada e um pedaço do asfalto. Como o outro lado estava todo ocupado por carros estacionados (regularmente) as pessoas tinham que passar pelo meio da rua, arriscando serem atropeladas, ou atravessarem a rua.
Quando voltei, o mesmo caminhão continuava lá. Só que havia OUTRO. Também em cima da calçada. E mais três carros. Todos em cima da calçada. Uma fila de bandalha em cima da calçada. Quando um começa e não é punido, os outros vão lá e imitam.
As pessoas eram obrigadas a atravessar a rua pra não morrerem atropeladas.
Eu vi aquilo e tomei o caminho de casa. Porque no meio do caminho tem a Guarda Municipal. E eu denunciei os putos. Eles mandaram viatura pra lá. Espero que sejam todos multados.
Não sei porque as pessoas não fazem isso sempre que vêem uma bandalha dessas. O telefone é 0800-21-1532. Afinal, somos ou não cidadãos? Talvez porque o Brasil tenha uma noção distorcida de "certo" e "errado". O Governo faz um monte de merda, é verdade, mas os tais "cidadãos" também (e cidadãos motorizados, mais ainda). As pessoas acham que é "maldade" denunciar assim, fazê-los pagar uma multa tão cara. Pois eu fui prejudicada. Maldade é a deles de fazer uma imbecilidade dessas, e ainda por cima uma imbecilidade ilegal. Os veículos já têm um espaço privilegiado no meio da cidade, além de serem uma comodidade em si - o sujeito ainda quer parar onde quiser? Mesmo se não prejudicar você diretamente, você tem o direito/dever, como cidadão, de reclamar. Senão, depois, você pode abrir o jornal e dar de cara com uma vítima indiretamente sua (se não for você mesmo).

6.4.03

A praga das sacadinhas

Estou pensando em me pronunciar contra isso há um tempão. Mas hoje é que me senti inspirada.
Existem pessoas que acham que escrever - seja em literatura, teatro, cinema ou o que for - é ter "uma grande idéia". Em parte, é sim. E é difícil ter a tal da grande idéia. Mas quando a pessoa é sem-noção, é fácil usar a "grande idéia" como BASE, e não como PONTO DE PARTIDA, para uma obra.
Quer exemplos? Então toma.
E se eu fizesse Deus descer à terra e ele fosse tão humano quanto nós? Uau! Eu sou um gênio!
E se Jesus voltasse hoje em dia e fosse discriminado por outros motivos? Como ter AIDS? Ou ser mulher? Ou menino de rua? JÁ SEI!
Jesus é uma menina de rua aidética!!
E se as pessoas mortas pudessem nos ver, mas nós não as víssemos?
E se uma pessoa morta só pudesse entrar no céu depois de corrigir seus erros? E tivesse que voltar à terra para corrigi-los?

Quer dizer, Dostoiévski teve a sua sacadinha também. "E se houvesse um personagem que, por ser mais inteligente que os outros, se achasse superior? E por isso achasse que tem o direito de fazer o que quiser? E se o fizesse? Como eu faria esse cara se dar mal no final? (sim, ele era ideologicamente católico: esse indivíduo que comete um crime tinha que ter um castigo!)". Mas você vê, aí tem uma história nascendo e criando raízes, não um pastiche de mitos sem profundidade.
O pior é que as idéias se repetem depois que alguém a tem pela primeira vez. Então, as coisas que saem da pena desses "autores" nem mesmo são mais originais.
Vão ser diretores de criação, vocês. (Dos males, o menor!)
A vida imita a "arte"

Inseri os dados do incidente na Lagoa no simulador de novela do Manoel Carlos do Mundo Perfeito. E ficou bem substancial.

Helena, a estúpida - Cena 287

Samba do avião como trilha incidental. Helena e Sandra estão sentadas na mesa de uma academia, o local fica na Lagoa, como a vista denuncia. Um garçom trás dois copos de martini para as mulheres. Helena sorri agradecida e conversa com Sandra.
Helena: Precisamos colocar uma esteirinha, uma bicicletinha na academia do play.
Sandra: É verdade... Não sei porque tem gente que se preocupa com falta de segurança, com crianças no sinal e com ruas que enchem. O que você falou e beber martini são muito mais importantes.
Helena: E não é? Sabe que isso me lembra aquela viagem que eu fiz para Paris? Foi quando eu conheci o Zé Eduardo e resolvi me anular como ser-humano.
Sandra: Mas você fez a coisa certa! Tem que ser assim mesmo. Casar com um homem rico, abrir um escritório de arquitetura e não se esquecer de toda semana passar por uma estimulação russa.
Helena dá uma risada muito fina e discreta. Lá fora Fernandinho Beira-Mar aponta um caco de vidro para um pedestre. Geral na Lagoa. Sobe Samba do avião.

5.4.03

A vida de acordo com Manoel Carlos

Fui visitar minha mãe, e dessa vez dormi lá. Na Lagoa. Quando acordei, estava numa novela do Manoel Carlos.
Ressabiada, sentei-me à mesa, que estava posta para o café, e examinei uma tigela para comer sucrilhos, daquelas que se vê em filmes americanos. Pior: tinha sucrilhos. Tinha suco de laranja - feito na hora. Tinha "madeleines" também.
O sol brilhava. A paisagem carioca era estonteante. "Ah, vamos dar uma volta na Lagoa!". E lá fui eu. Lá embaixo, cada uma com sua bicicleta, encontramos a síndica e duas vizinhas, todas na faixa dos 45, todas em roupas esportivas/de ginástica.
Mãe: Oi!
Todas: Oi!!
Mãe: Olha, essa é a minha filha!
Eu: Oi.
Todas: Oi, prazer!
Síndica: Conseguimos terminar o salão do play!
Mãe: Ah, que bom!
Síndica: Agora, estou tentando recolher assinaturas para pôr os aparelhos de ginástica.
Mãe: Ah! Uma esteirinha, uma bicicleta, vocês não querem, não?
As duas vizinhas: Ahh, sim... Uma esteirinha, uma bicicleta... Ô!
Depois disso, rumamos para a Lagoa, onde demos metade da volta, até chegar ao Leblon. Na volta, tomamos uma água de coco.
Não posso fazer nada, sou apenas uma personagem. Espera só até eu me mudar pra Tijuca e mudar de autor.
Um pulo em Flashdance

Peguei minha bicicleta na casa da minha mãe. Agora vou para a faculdade de bicicleta.
Eu gravei e revi Flashdance. Sim, aquele com a Jennifer Beals em que ela se chama Alex. Aquele em que ela é metalúrgica de dia e dançarina sensual de noite. Aquele em que toca "She's a maniac" e ela pisoteia o chão, de cabelos molhados. Aquele em que ela pedala a cidade toda e NUNCA usa tranca na bicicleta. Aquele em que ela entra para a escola de balé com uma coreografia que incluía break e aeróbica. Aquele em que ela janta com o patrão vestida de "smoking", posteriormente retirando o paletó para revelar que não era smoking coisíssima nenhuma e sim uma dessas fantasias de sex shop que só tem os punhos da blusa social e uma blusa frente única. Aquele em que ela diz pras amigas:
- VAMOS MALHAR!!!
E surge um fundo branco não se sabe de onde, juntamente com aquela musiquinha "I love rock'n'roll, so put another coin in the jukebox baby...".
Em resumo, aquele filme do Adrian Lyne.
Politicamente incorreto é pouco. Ela mal fez 18 anos e pergunta se o chefe, muitos anos mais velho, já transou numa cabine telefônica: QUASE PEDOFILIA. Ela nega querer sair com ele e o chefe insiste (duas vezes!): ASSÉDIO SEXUAL!!! E uma briga significa, sim, uns bons tapas na cara (o primeiro, dela no chefe - serve como atenuante?): VIOLÊNCIA FÍSICA CONTRA A MULHER!!!!!

2.4.03

Dever de casa

Qual eu escolho?
"Chocolate demais pode fazer mal" ou "Anjos dizem que Elane é forte candidata aos 500 mil, diz Monica Buonfiglio".
Tenho que formatar uma notícia para rádio e estou escolhendo uma bem idiota... Sei que todo mundo vai aparecer com aquele lance de "500 mil sem água" amanhã...