31.1.06

Estou brilhando de felicidade

1.Lavei toda a minha louça (acredite, isto é um feito)
2.Voltei pro C.A.: já sei escrever 'aiueo' em hiragana e katakana com a caneta de nanquim de mamã-arquiteta
3.Descobri Gantz graf, do Autechre (ouçam pra ter certeza de que sou doida)
Fiz uma playlist que virou CD. É pra escutar subindo a serra (e não descendo; e preferencialmente à noite). Constitui-se de sexy easy listening eletrônico dos anos 80 com um toque de blues bode-preto/épico anos 80.*
Meio difícil de entender, então segue a lista.

Dire Straits - Money for nothing
A-ha - The living daylights
Duran Duran - Don't say a prayer
Simple Minds - Don't forget about me
Smiths - Bigmouth strikes again
A-ha - Hunting high and low
Randy Crawford - The captain of her heart
A-ha - Stay on these roads
Depeche Mode - Enjoy the silence
Jevetta Steele - Calling you (tema de Bagdá Café)
Bliss - I hear you call
Chris Isaak - Wicked game
Duran Duran - Come undone
Dire Straits - Your latest trick
Lovin' Spoonful - Lonely (Amy's Theme)
Dire Straits - Why worry
Marisa Monte - Bem que se quis

Talvez a culpa seja da Antena1, a tal rádio que só toca lounge cafona anos 80 pra baixo - e eu adoro; é o que me desperta hoje e o que me fazia dormir no banco de trás quando era criança. Minha mãe escutava apenas isso no carro - até 1994. O Plano Real trouxe a cultura nacional de volta à moda, e ela passou a me convidar pra ver filmes brasileiros (aos quais, antes, difamava veementemente em público) e ouvir a MPB FM.


*Eu sei, eu sei, esta onda de revival anos 80 também me faz vomitar, mas porque enfatizou um ponto só, e mal - quer dizer, ouvir Como uma Deusa numa festa e se acabar de rir lembrando como isso era ruim é uma coisa; um show de casa cheia da Rosana cantando não só essa música ruim, como todas as outras, e o público de braços erguidos pra lá e pra cá (e isqueiros acesos), isso é outra - completamente diferente.
Outros aspectos desta onda eu gostei, como cabelos armados e eletrônica 1+1=2. Mas este que falei, o da tosqueira, perdeu a graça assim que tentaram começar a nos convencer de que as coisas horríveis eram audíveis fora do contexto trash.

29.1.06

totally refurbished!

Atualizei o website. Big time.
Além do design corrigido e funcionando no Mozilla, fiz uma página só para os "recursos" (lol) do livro novo. Tem uma coletânea de todas as postagens que fiz sobre o livro novo desde os primórdios da humanidade (editadas para o seu prazer); uma série de desenhos que fiz da Maria Luiza e o prólogo e o primeiro capítulo do livro novo, porque sou boazinha. Ou melhor, porque quero viciá-los.

28.1.06

playing with your mind

Talvez quem não me conheça (assim, pessoalmente) fique realmente mal impressionado com o link aí embaixo para o blog-de-prostituta. Levo a mão ao colo, fecho os olhos e respondo: é o maior elogio. Afinal, minha vida é tão completamente desinteressante. Se eu conseguir ofender os outros tanto assim com pura ficção, devo ser boa nisso.
Gosto de não ser autobiográfica. Ou melhor, de fazer as coisas de um jeito que não deixe rastros: escrevo um troço inverossímil que parece uma falseação de um fato. No primeiro livro, uma patricinha xiita, a Delia; agora, a Maria Luiza. A uma, dei a moral protestante; a outra, os cabelos e a pele, pelo menos.
Vamos brincar de J.T. Leroy misturado com Borges. E se eu tiver mentido esse tempo todo e tudo tiver acontecido mesmo, de alguma forma, com algumas adições ficcionais aqui e ali? E se eu for uma criatura realmente altruísta que se pelos seus livros e ainda mente dizendo que nada aconteceu, sabendo que se assumisse, as vendas chegariam a milhares? Alguém assistiu o segundo box de A sete palmos?











Ou não: é tudo mentira mesmo.

Viram? CQD.

Não importa, cacete. Seres de papel não deviam importar, mas importam - por isso lemos o livro e nos chocamos e revoltamos e adoramos e epifanamos. As pessoas precisam aprender é isso: a se importar com seres de papel e esquecer de idolatrar o autor, ou de buscar o "fuckin' fact" por trás da ficção. Não precisamos de mais best-sellers escritos por idiotas praticantes. Precisamos de profundidade.
O blog-de-prostituta não é profundo. Ele é uma prequel. Aquilo é a matéria-prima que entra no início do livro. Sabe-se lá o que sai.
(Não vos deixei curiosos? Hein, hein.)
writer's block

If you don't have high creativity, then this is pretty much just a waste if them, but writing a novel can net you anywhere from 2000 to 3500 or so simoleans from what I have seen, that's quite the useful chunk of change.
Unfortunately, writing novels aren't as rewarding as painting and seem to take forever. It takes about 27 hours to write a novel, and it seems that prices do not grow with additional practice past maximum creativity, unlike paintings.

Daqui.

(Meu eu simulado estava escrevendo um romance há séculos e não terminava. Agora eu sei porquê.)

23.1.06

Depois de ouvir Rodox Video* por uma hora em loop você começa a se sentir muito estranho.

*Boards of Canada

20.1.06

Agora que blogs de prostitutas fazem sucesso, e livros baseados em blogs de prostitutas fazem sucesso, talvez A feia noite tenha alguma chance.
Sim, escondi links para o meu blog-de-prostituta neste blog e no meu site pessoal faz tempo. Mas aquilo era apenas uma versão beta. Clicando aqui, vão ver a versão definitiva-até-próxima-ordem do afeianoite.blogspot.com.
Isso é o blog que Maria Luiza manteve antes dos acontecimentos narrados no A feia noite, o livro que devo lançar depois do carnaval. Ou seja, uma prequel.


Na verdade, o livro mudou muito durante os cinco anos em que o escrevi e fiquei com pena de jogar fora alguns bons pedaços que não tinham cabimento no livro. Afinal, ele é narrado do ponto de vista do ultimate carola Francisco. Fazendo o blog, eu teria o contraponto da Maria Luiza. Então eu fiz.
Engraçado que, antes de eu sequer ter ouvido falar do blog de Surfistinha, já havia sido feito o post sobre nomes: "se eu me chamasse paulinha, nanda, dani, babi. Esses nomes de catálogo. Mas até minha abreviação mete medo."
Maria Luiza (ou M.L.) é admirável. Ela é singular. Ela não é uma puta qualquer e sabe disso. Adorei escrever sobre ela e sua urticária a mediocridade. Me diverti horrores.


Só de curiosidade:
  • o primeiro post deste blog_sibylla é um link para o blog da Maria Luiza e deve ter assustado um bocado de gente que queria ler o meu "primeiro post". Foi postado retroativamente.
  • na página inicial do meu site pessoal, há um símbolo de pi no canto inferior esquerdo - uma referência bestinha àquele filme horrível que foi The Net (de 1994, com a Sandra Bullock) e também uma insinuação ao talento matemático de Maria Luiza. O pi é um link pro blog de Maria Luiza.
  • 18.1.06

    Sou feia mas tô na Vogue

    Feia não sei, mas certamente fora do padrão já que envergo uma calça no. 42 desde os 12 anos. É uma matéria apresentando novos escritores que só tem escritoras, dentro da capa com a moça de maiô verde-água.

    16.1.06

    O silêncio da inocente

    Prometi explicar um dia o significado desta beleza de apelido. E ainda tem outro no fim, de bônus.

    Canibal - Não, não "canibal". Eu tinha 12 anos, era época de "O silêncio dos inocentes". Era "kênibal". "Rênibal dê Kênibal".
    Começou quando uma menina me xingou, eu comecei a correr atrás dela e, quando a encurralei, tropecei e caí por cima dela. Meus dentes abriram o supercílio dela e ela teve que levar três pontos.
    Foi um acidente.
    Antes do evento supercilial: o nome dela era Renata e morava praticamente em frente ao meu prédio. Quando ela descobriu isso, desenvolveu uma rotina de me chamar para brincar no playground dela.
    Eu odiava. Minha mãe me pegava dizendo que não ia porque tinha dever de casa, ou simplesmente que não estava a fim, e me corrigia no interfone: ela vai, sim.
    Ela dizia que eu tinha que me socializar.
    O que pouca gente sabe é que, na mesma época 9-14 anos que os meninos se porram na saída, no recreio e até na sala de aula para provar que são machos, as meninas têm a mesma coisa. Só que a porrada é no moral. Parece que você não é uma fêmea se não participar de alguma fofoca/boato venenoso, apelido, traminha ou exclusão do grupo. E assim como o fisicamente franzino é o que mais apanha, as meninas preferem a de psiquê mais frágil na hora de bater. Ou seja, eu.
    A hora de brincar com Renata era isso: tortura. Ela e uma vizinha pareciam não se divertir o suficiente com as brincadeiras e sempre inventavam alguma forma de me sacanear. As brincadeiras com "painel de juízes" (como de modelo) eram sempre viciadas; nas com bola, a bola sempre me acertava forte; a minha vez de brincar era sempre a última e assim por diante.
    Só sei que eu saía de lá me sentindo péssima. Eu, coitada, achava que se conseguisse fazê-las se divertirem o suficiente, esqueceriam de me zoar. Mas imagine se elas desistiriam justo do ponto principal da diversão.
    Quanto ao apelido, não adiantava explicar que foi acidente. Pegou mesmo. Pique-pega comigo era "Hora da Morte", no recreio os meninos paravam o futebol para dizer sorrindo "Kêêê-nibal!!". E quem sabe? Talvez meu subconsciente tivesse mesmo programado uma boa mordida na sobrancelha para acabar com aquela palhaçada toda. Bem ou mal, ganhei algum respeito. E Renata nunca mais me chamou para brincar.

    Autista - Este foi no segundo grau, por incrível que pareça. Eu mudei para um colégio mais forte, de criaturas esnobes e ricas (o futuro de nosso país!) e fui colocada rigorosamente na pior turma. Meu desprezo era tão patente que eles começaram a ficar incomodados e finalmente vieram falar comigo. Para me enquadrar.
    Cansada de ouvir asneiras, comecei a fingir que não as ouvia. Eles vinham e apoiavam uma mão na minha carteira para me provocar, e eu impávido colosso olhando pra frente.
    A frase que começou tudo foi "Parece uma autista". Pela primeira vez, senti um instantâneo orgulho do meu apelido. Nada de atirar pérolas aos porcos.
    pobres órfãos

    Mas tem uma coisa que me veio na cabeça agora: adoro um dramalhão "mexicano", embora não tenha saco para acompanhar novelas-novelas, mesmo. Curto Chaves , assisti Carrossel, gosto da fase "novelão" dos X-men (tem o Ciclope e a Jubileu, só por alto), Annie, a pequena órfã, e também os momentos meu-pai-não-quer-nem-saber-de-mim de Evangelion e Meu pé de laranja lima.
    Eu ganhei o Perdas e Ganhos da Lya Luft e pensei em ler. Nunca curti muito, tinha lido dela um livro esquecível que tinha gêmeos que só conseguiu me fazer valorizar ainda mais Clarice Lispector.
    Comecei a ler com uma ótima disposição; depois da primeira página (eu resisti frente e verso) suspirei, fechei e fui trocar pelo quarto volume do Guia do Mochileiro das Galáxias e uma revista do Zé Carioca. Me senti no lucro.
    O que estragou o Perdas e ganhos para mim foi o mesmo que pra mim arruinou o final do anime de Evangelion. Altas elucubrações sobre o que te faz feliz ou infeliz, amado ou não-amado, bem-vivente ou mal-vivente; pega um fato de uma pesquisa científica que saiu no jornal, junta com um lugar-comum, sai uma fornada de truísmos inquebrantáveis e chatos. É chato de matar. É auto-ajuda. E eu tenho mil restrições contra a auto-ajuda. Ironicamente, para explicar isso, soarei um pouco auto-ajuda.
    Se você lê um livro decente, você consegue entrar no fluxo de outra pessoa e sai limpo, renovado, você mesmo - mesmo que os problemas da outra pessoa não tenham nada a ver com os seus. (Nisso Clarice Lispector é mestra, aliás.) A questão é que a auto-ajuda é egoísta, ou "universalmente egoísta": ela é feita para que cada pessoa que abra aquele livro sinta que o texto se aplica diretamente a ela, e é esta lisonja que fará o livro ser lido - e comprado. Todos emergirão do texto se sentindo especiais, únicos... todos eles. Se fosse feito com honestidade, mas não; a grande maioria usa de artifícios desavergonhados e babacas. Goebbels, saca.

    15.1.06

    Você sabe que tem insônia quando...

    ...sabe que as cigarras começam a cantar exatamente às 5:55 A.M.

    13.1.06

    sin city

    Mas nem tudo são cravos-de-defunto. Consegui uma confirmação de publicação do livro novo pra depois do carnaval; já está tudo revisado, capa feita e diagramação quase concluída. O engraçado é que eu queria que o livro fosse lançado em janeiro (ele se passa todo em janeiro, mês de não acontecer nada, entre o réveillon e o carnaval etc.), mas ninguém comprou minha idéia:

    Principalmente agosto, mês em que captava em brilho toda a polaridade invertida do carnaval e todo o desgosto e, soberana do banco alto em cima da roda, deslizava ao longo do campo santo.

    É sintomática a rejeição dessa cidade pelo próprio nome. O mês que lhe dá nome é o mês mais ignorado. Os martírios por que passa (como os do santo todo flechado que está no seu nome) também. O aqüífero no seu nome também é ignorado - prefere-se o mar. Êêêê, crise de identidade.
    Sexta-feira, 13

    Peguei o ônibus errado e fui parar quase em Sulacap - o primeiro ponto depois de entrar na Av. Brasil era na passarela 23. Depois de comer muito monóxido de carbono, consegui pegar outro ônibus (Honório Gurgel-Pça. XV) para chegar ao meu destino - ao lado da passarela 8.

    11.1.06

    Outro dia eu estava passando e juro que um cara assoviou, todo sério, o Rap do Trabalhador em minha "homenagem". Se vocês não têm uma idéia do que é a pérola, só leiam a letra. Mas saibam que apenas na virtuosa interpretação do Magalhãeze essa peça demonstra toda a sua potência (link pro emule aqui).

    10.1.06

    preto no branco

    Descobriram agora que o J.T. Leroy era uma farsa. Quer dizer, uma mulher escrevia e outra se passava por ele. Eu não sabia. Não lembrei de desconfiar.
    Sabia, claro, que o que estava ali não era uma história real. Não só por causa dos exageros, mas um clique de quem também escreve. Mas acreditava que podia ser o cara escrevendo.
    Como não comprei o livro por causa do bochicho, ou seja, porque queria espiar a vida dos outros, pra mim dá no mesmo. Gostei do livro e não me importo se aquilo é verdade ou ficção.
    Rola algo doentio. A primeira coisa que te perguntam em um livro/conto recheado de coisas chocantes é se é inspirado em fatos reais.
    Agora mais algumas mentiras mal-pregadas que eu bati o olho e descobri:

    João Ubaldo Ribeiro não recebeu qualquer manuscrito de qualquer senhora baiana para escrever A casa dos Budas Ditosos.

    Mia (Anahí Giovana), da novela Rebelde, não tem 23 anos. Tem no mínimo 27, 28. Por isso usa toneladas de maquiagem. (Quase tive a primeira briga com uma das minhas novas irmãs por causa disso.)

    Papai Noel não existe.
    Baudelaire

    Teus cabelos, ó madama,
    Retificados pelo formol
    Se confessam apenas na cama,
    Anelando sobre o lençol

    9.1.06

    "Você é maldita!!!" - comercial de Mariana da noite, nova novela do SBT.

    "O quê... Senhor?" - Pedro Cardoso em "Redentor"

    "I didn't lose my job. It's not like, oops, where did my job go?" - Kevin Spacey as Lester Burnham

    E agora algumas de "Brilho eterno de uma mente sem lembranças":

    "-Hide me in your humiliation!
    -I can't remember anything without you.
    -That's sweet, but try."
    Joel e Clem

    "Can I help you?
    - What do you mean?
    - Can I help you with something?
    - No.
    - What are you doing here?
    - I'm not really sure what you're asking.
    - Oh, thanks..."
    Joel e Frodo

    "You can have him, sweetie. You already did."

    7.1.06

    agora que tenho a sua atenção

    Eu preciso admitir que tenho nojo da primeira coisa óbvia que dirão do meu livro novo: que ele é ingênuo. Evidente que vão associar isso à minha idade.
    A receita perfeita para a frustração é quando você sabe que algo será de certa maneira, põe até a profecia por escrito, sabendo que não adiantará nada, e realmente não adianta nada.
    E se eu sei disso, poderia mudar o livro para que ele ficasse adulto. Ou simplesmente não publicá-lo.
    Mas pra quê me proteger? Pra quê ter medo de críticas, se quero que meu livro seja ingênuo? Estou cansada de livros maduros.
    É isso: não tenho vergonha porque isso é o que eu quero: uma fábula. Se fábulas são consideradas coisa de criança, so be it.
    O primeiro agradou a todo mundo. Do ponto-de-vista marqueteiro, foi uma peça perfeita, com a qualidade extra de ter sido concebida espontaneamente. O segundo, sabidamente, não vai agradar a todos. Mas a quem agradar, agradará muito.

    6.1.06

    espreguiçadeira

    Uma tábua de cortar churrasco é minha prancheta. A piscina me tenta, especialmente por ter sido proibida pelos médicos; assim, é óbvio que vou até ela e mergulho.
    Eu combinei assim: quando toca idm ou música em japonês, tenho que parar e ficar olhando as nuvens sobre o céu mais azul que vi na vida.
    Seca, faço uma playlist nova com Autechre, Arovane, Boards of Canada, Freescha, Marco Passarani, Marumari que nem gosto muito e Ulrich Schnauss.
    E continuo.