23.12.07

Une very stylish fille

Meu primeiro artigo para o Le Monde Diplomatique Brasil.
E algo de que tinha me esquecido de postar aqui, mas que ficou bacana: a partida que arbitrei na Copa de literatura brasileira 2007, que já até terminou. A votação para os nomes da Copa 2008, na qual devo ser jurada de novo, está aqui.

21.12.07

Cores

Agora que secou, o fundo do corredor está parecendo mais Caladryl seco.
Hoje vi um carro laranja. Era um tom de laranja diferente do das lixeiras da Comlurb. Era um laranja aquoso. Aí senti um súbito desejo de comer doce e percebi: o carro lembrava uma gigantesca Bala Banda.
Depois fui num consultório onde a recepcionista negra se chamava Ariane.

20.12.07

Constatei hoje ao voltar da rua: pintaram o fundo do meu corredor de grená. Aprendi essa palavra aos quatro anos, quando decorei a letra de Aquarela de Toquinho ("um lindo avião rosa e grená"), e lembro de partes dela até hoje - e aparentemente ou isso era "memória musical" ou isso me ocupou tanto a memória, mas tanto, que hoje não consigo guardar nem os nomes das pessoas mais chegadas.
Lembro que mais tarde, quando caía a letra G na adedanha, eu era a única que escrevia grená na categoria cor, ao invés de gelo, como todo mundo. Aliás, sustento até hoje que gelo é uma cor que não existe: o que existe é branco-gelo. E grená.
Lembro também que associava grená à Pantera Cor-de-Rosa. E ontem vi uma votação no Cartoon Network: você podia escolher entre um desenho do Pernalonga (retratinho do Pernalonga) ou um da Pantera (retratinho dela). Mas a Pantera estava de frente, o focinho para baixo; é lógico que ia perder. A Pantera é muito mais carismática de lado.

18.12.07

Acabo de mediunizar aqui um dos grandes problemas da literatura brasileira.
Todo mundo tenta ser profundo, seguindo o modelo europeu; mas aqui, a questão é ser raso. A questão é revolver o que está abaixo da superfície. Como numa psicanálise, não é bom jogar na cara das pessoas o ridículo do que andam fazendo; é preciso fazê-las descobrir, como quem lê uma trama. E nada melhor para enredar as pessoas numa trama do que ficção.
É o óbvio óbvio de Nelson Rodrigues, tão mal-compreendido que hoje sua obra é tratada como uma sacanagenzinha cult, inclusive pelas editoras.
Olhando o meu rabo

Outro dia, alguém veio aqui em casa, descobriu que eu roubava conteúdo e me jogou na cara "que eu fazia o que eu mesma deplorava".
Pois é, baixo MP3s via Emule.
Eu fazia isso com um intensíssimo sentimento de culpa cristã, pois era roubar. Mas depois que fiz uma monografia sobre o assunto mudei de idéia. Não totalmente, como vocês vão ver.
Não compro CDs nem DVDs piratas. Não quero financiar aquela merda - a máfia chinesa até que tem uma aura bacana, estou falando é das araras com capas impressas a jato de tinta atravancando as calçadas e impedindo a passagem; fora a poluição sonora de mil "Coréu Uíndos Fotochóp é aqui!" simultâneos, quase que fico surda.
Eu compro CDs. De bandas alternativas que vão ficar com quase todo o dinheiro. E pago por MP3s. Como as do último Radiohead. Na verdade, eu poderia baixá-las de graça, mas fiz um cartão de crédito especialmente para pagar por elas.
Eu não quero é dar meu dinheiro para a máquina das gravadoras. Quero mais é que morram e rápido. Die, zombie, die! Tiro na cabeça.
O mesmo vale para as editoras. Quando conseguirem fazer um leitor de livros digitais decente, as editoras vão começar a acabar. E eu vou começar a vender livros online, bem diagramados. Quem quiser roubar vai conseguir, mas... conto com a esmola digital do leitor.
É Natal, época de furar fila

Eu estava numa fila de elevador de supermercado com um carrinho, quando chega uma senhora com seu próprio carrinho e passa na minha frente, juntando-se à filha que "guardava lugar" para ela.
Eu: Desculpe, a senhora passou na minha frente com esse carrinho?
Filha: Eu estava aqui guardando o lugar dela...
Eu: Mas...
Senhora (levantando a voz): Você vai criar confusão só por causa de um carrinho??
Filha: Criar estresse...
Eu: É que senão não cabe no elevador.
Senhora: Elevador enorme...
Perante um olhar da filha ("ela tem razão"), a senhora retorna para trás de mim, e eu digo "obrigada" enquanto a Senhora arremata:
- É Natal...!

Pois é, os argumentos são sempre os mesmos: quem não quer ser passado para trás e lembra educadamente o direito aos seus direitos é chamado de "estressado", "criador de caso" e, em dezembro, também de "anti-natalino". Eu tenho todos os direitos, o próximo nenhum e, no Natal, ai do próximo que ousar me contestar! É esse, amiguinhos, o verdadeiro espírito-de-porco do Natal (brasileiro).

16.12.07

Você sabe que é anti-social quando...
...de tão acostumada a ver uma pessoa de cada vez, se confunde quando tem que chamar nomes específicos para uma delas olhar em sua direção.
(ah, jogo da memória)

Você sabe que perdeu muitos quilos quando...
...recua um furo na correia do relógio de pulso.
(pff, já chega de emagrecer, não quero ser Brazil's next top model, e aliás que programa pífio)

Você sabe que finalmente pode se responsabilizar por um gatinho quando...
...as pessoas mais díspares elogiam sua casa. Na mesma semana.
(tô dizendo, virei Zen Housewife)

8.12.07

Roubado do Pague o aluguel:

"Você escolhe uma banda e responde tudo com nomes de músicas dela."
Escolho Queens of the Stone Age:

- Você é homem ou mulher?
Little sister

- Descreva-se:
Born to hula

- O que as pessoas acham de você?
Everybody knows that you’re insane

- Como descreveria seu último relacionamento amoroso?
I never came

- Descreva sua atual relação com seu namorado ou pretendente:
Misfit love

- Onde queria estar agora?
Walking on the sidewalk

- O que pensa a respeito do amor?
Like a drug

- Como é sua vida?
I was a teenage hand model

- O que pediria se pudesse ter apenas um desejo?
Millionaire

- Escreva uma frase sábia:
The lost art of keeping a secret

- Agora se despeça :
You got a killer scene there, man
dicas da dona-de-casa

Ah, sim essa cor de esmalte se chama OBSESSÃO. Lembrei hoje, depois de ficar uma madrugada e uma tarde pensando no assunto.

6.12.07

Estava pensando que voltei para os anos 50. Virei housewife. Fico em casa, lavo louça, limpo, uma vez por semana vou ao centro e retoco as unhas. Levo uma carta no correio, aproveito para fazer um pequeno supermercado.
A diferença é que tenho internet. E, com ela, além de trabalhar em casa, trabalho de casa e me sustento.
No fim-de-semana é que vem o "marido". Ele ainda tem que cumprir jornada de oito horas e sobra tão pouco tempo no fim do dia que raramente nos vemos durante a semana. Ainda estamos devendo uma revolução machista, para os coitados poderem ser housewife também. E pararem de ter que demonstrar eficiência máxima, dureza e ausência de sentimentos o tempo todo, coisa que machuca tanto a eles quanto a nós, mulheres.
É muito triste encerrar as pessoas em cubículos quando elas têm mais o que fazer, coisas cruciais e insubstituíveis, como criar filhos, ler, pintar, filosofar, contemplar e pensar, meu deus, pensar. Depois de oito horas você chega em casa com o cérebro em pasta. Se fossem quatro horas por dia, haveria conciliação. Mas nunca são.
No meu mundo ideal, os criminosos de colarinho branco iriam para call centers e ficariam fazendo ligações o dia inteiro, com cotas a cumprir. Sem que eles soubessem, outro grupo (talvez o premiado por bom comportamento) ficaria incumbido de receber as ligações e infernizá-los ao máximo. Duvido que houvesse reincidência.
Hoje a cidade está com uma luz britânica. Ai, que saudade.
cachos de uva

Parei de roer unhas com acupuntura. Depois que me disseram que agora eu podia ser modelo de mãos, pronto: subiu à cabeça.
Também andava querendo variar do template. (Não tenho comments aqui, mas ouço os comments da vida real.) Só não queria ter muito trabalho. Então mandei pintar as unhas de uma cor que combinasse com o template antigo e bati umas fotos.
Em breve, participação especial no Mil e Uma noites.

4.12.07

all in a Copacabana evening

Primeiro eu vi o Wolverine, depois a Bjork, depois a Clarice Lispector.
O Wolverine primeiro, na escada do metrô, bem na minha frente. O que me chamou a atenção foi o cheiro. Depois a proporção Liefeldiana da pequena altura com a envergadura do tronco. A solidez em pessoa. Idêntico, menos o cabelo, uma carapinha colada na cabeça, nada daquelas melenas de easy rider.
Depois, ta da, a Bjork saindo lampeira do Bella Blú. De longe era idêntica, baixinha, cara matreira, a própria esquimó. De perto parecia mais uma índia boliviana (ou minha sogra, que veio do Acre - aquele lugar que não existe).
Aí, quando eu já não estava mais esperando sósias por aquela noite, me deparo com uma boa falsificação de Clarice Lispector parada na esquina. Tinha aquela expressão de empáfia enigmática da ucraniana - ok, estava mais para ucraniana-acreana.
Realmente, a pirataria está comendo solta pelas ruas de Copacabana. Já estão falsificando até gente.