Aparelho & óculos teria tudo para ser uma tragédia. Mas, infamemente, até que estou me achando mais formosa de aparelho. E óculos.
la nerd fatale
Minha equipe de dentistas tem me obrigado a usar elásticos coloridos. O atual é lilás. Engraçado que não tenho nem cabeleireiro fixo, mas dentista... dou a maior importância. Nerd cuida das frivolidades com quem usa jaleco.
Esta semana fiz as unhas de vermelho - manicures usam jaleco -, em homenagem à avó dondoca, e tirei do armário minhas roupas de brechó que não parecem de brechó. Parecem de um "futuro gasto" (não tanto quanto o de Matrix, e não tão camp como Star Wars: estou pensando em Blade Runner) ou de 2046. Como o vestido branco-e-verde, doze reais. Ou o bolero de tecido negro, lustroso, elástico, cinco reais. Ou meus "lóbulos inchados", meias-bolotas bege-claras de baquelite, três reais. É uma das poucas coisas que combina com o Rio de Janeiro: visual de salsa, chá-chá-chá, cabelo alto, meias finas. Quem foi o imbecil que decretou que cabelos escorridos e soltos (e com peróxido) são bonitos nas cariocas? Peeeega no meu pega-rapaz!
Sei que tenho um gosto muito peculiar e um tanto falhado, não é para todo mundo. Bem, se fosse para todo mundo, eu ou seria uma patricinha, ou estaria lançando tendência, coisa que não estou. O caso é que me sinto bem ao sair na rua vestida assim e, nela, comecei a pensar: essas pessoas estão me olhando como se eu fosse gringa. Mas não era bem isso. Por fim percebi que as pessoas estavam me olhando como se eu tivesse vindo do futuro ou de outro planeta. Pensei um pouco e decidi que isso me agrada.
P.S.: Vi uma dondoca de verdade hoje na fila do consultório médico. Era assim da minha idade, estava de vestido de grife (atualmente, os que parecem de feira, com margaridas de pano), óculos escuros espelhados e se chamava Maria Aparecida. Por algum motivo, consigo diferenciar uma dondoca de uma patricinha num relance, e simpatizo bem mais com as primeiras. Será que é por estarem em extinção ou por me lembrarem minha avozinha?