30.6.05

Lei do Silêncio

Enquanto alguns dançam, outros silenciam.
Está certa a dona do 5xx que disse via porteiro "para eu parar com o barulho de batida" às 11 da noite, claro. Afinal, mesmo escondendo a música no headfone a partir das 10 em respeito aos vizinhos, devia dar para ouvir a dança - meus pezinhos executando intrincados passos de téquino. Mas a mesma senhora já tinha me interfonado uma vez (também via porteiro) por causa de "bolhas" que supostamente seriam "vazamento" da minha casa, e não eram; e interpelado meu namorado uma vez no elevador, perguntando se era inquilino ou proprietário o morador do 6xx, e suspirado muito significativamente quando ouviu a resposta. Realizou também, ela mesma, uma obra batuquenta que começava antes das 8 da manhã. Por tudo isso, suspeito se tratar de um seríissimo caso de stick up her ass.

28.6.05

Ih, virou Hamlet.
(Mais um link que só presta até a próxima terça.)
Lembrei agora que a pequena Simone gostava de ficar olhando a treliça sobre a TV da sala muito tempo. Mas os motivos eram outros. A TV era muito chata, e eu sabia pôr o foco atrás para ver a treliça em 3D, o que era muito mais legal. Tempos depois vieram aqueles livrinhos da "Olho Mágico" e toda aquela moda de 3D, e eu tive dificuldades em resgatar a tecnologia, mas ainda assim era uma das poucas a ver alguma coisa, e sem precisar ficar aproximando e afastando os livros da cara.
Tenho um histórico de raves, que acabaram aqui no Rio devido a truculências políticas. Afinal, em raves as pessoas usam drogas - o que equivale a proibir que as pessoas dirijam para evitar acidentes e atropelamentos. Bem, eu, ao menos, não usava. Nem mesmo as drogas "legais". Dançava até amanhecer fiada nuns goles d'água e em duas capacidades inatas: concentração e persistência de empolgação (o vídeo do meu aniversário de dois anos me mostra dançando no mesmo lugar por cerca de duas horas, sempre saltitando, os cachinhos junto). Diziam: Simone está em alfa. Chegava em casa, dormia e só quando acordava percebia que meus músculos da barriga estavam doridos, os ombros emperrados, e da cintura pra baixo, praticamente inutilizada: era cama-mesa do almoço, mesa do almoço-cama. Só posso calcular a fortuna economizada em Ritalin e anfetaminas. Que certamente seriam as últimas drogas que eu provaria, ou que alguém com um mínimo de siso me daria.

27.6.05

Block rockin' beats

Dezesseis alunos de escola pública à minha direita fazendo o barulho de uma excursão. Todo o vagão olha reprovadoramente para a zorra. E para aquela débil mental perto deles olhando fixamente para a frente.
Aprendi a fazer meditação no metrô, com o ipod no último volume e as mãos depositadas sobre a bolsa. É que prestar atenção na pumpin' loud music faz com que você não esteja ali, apesar de estar. Concentro o foco nas linhas verde-água do vagão. Verde-água é uma cor muito boa, mesmo. Você se concentra num ponto, e flop, as bordas do teu campo de visão ficam brancas. Igual aquele efeito barato de flashback. Pretty weird. Se você ficar muito tempo, a sua cabeça começa a se balançar pra frente e pra trás como as dos doentes mentais dos filmes. De vez em quando tenho que puxar minha alma pelo pé: ei, volta aqui. Sei lá pra onde aquele trem vai depois da Cardeal Arcoverde, e não quero perder meu corpo por aí.
Acabei de descobrir que não assustei meu editor, não. Quem assustou foi o Palocci.

26.6.05

Mme. Guillotine

Muitas vezes, quando vou de metrô para o trabalho, me aproximo da porta antes mesmo da estação anterior. A pressa não é tanta; é só vontade de evitar o estresse da gente incivilizada que todo santo dia entope a suposta via expressa das escadas rolantes. Regras londrinas, of course. Só que a estação anterior tem saída pelo lado oposto e invariavelmente vem algum "prestativo" com ar condescendente me informar: menina, a saída é do outro lado. Aprendi, através de sucessivas experiências, que não adianta ignorar (eles cutucam o seu ombro - o horror! o horror!), nem mandar cuidar da própria vida, e teve um que insistiu mesmo depois de um "eu sei"; tentei de tudo, mas o mais funcional é uma frase simples, rápida e praticamente indolor (para mim), como "salto na próxima", por exemplo, pra essa gente ir embora rápido. A condescendência tem que ser abatida rápida e impiedosamente, páf.
Outro dia, o zíper da mochila quebrou e eu, escolada, fiz mais uma previsão desgraçadamente acurada: o pior vão ser as pessoas me avisando que minha mochila está aberta. Quatro, só na volta do trabalho. A frase espanta-moscas, desta vez, foi "o zíper quebrou".
Sei que isso, exatamente isso, vai acontecer com o livro novo. Por causa da minha idade, as pessoas não vão acreditar no nível de premeditação. Vão achar que foi tudo um grande acidente. E vão me fazer perguntas/contar coisas sobre o meu próprio livro que eu já sabia. Só não sei bem que frase reservar a elas ainda.

24.6.05

Estava ouvindo aquela musiquinha do Garbage (The world is not enough) quando lembrei que quando eu era pequena queria dominar o mundo. Isto é, até ver o primeiro filme de James Bond e descobrir que aquilo era errado. E descobrir o significado da palavra megalomania. Acho que isso foi quando eu tinha uns cinco ou seis anos. Isso sim foi definitivo. Eu não queria ser - e conjugava a palavra - "megalômana", especialmente porque era uma palavra muito feia. Foi assim que desisti de dominar o mundo (isso mesmo, acreditem).

Teve outra palavra - a que me apavorou quando descobri o significado. Foi numa historinha da Mônica. Uma em que ela fazia alguma coisa e um homem dizia a ela:
- Você está no limbo do tempo.
Eu não precisei de dicionário. Tremi na hora. Maldita capacidade de deduzir palavras pelo contexto. A idéia de limbo me apavorou tanto que tive pesadelos por meses. Quer dizer, pesadelos piores dos que eu tinha habitualmente. Eu não fazia xixi na cama desde muito cedo, acho que para não incomodar os outros, mas em compensação, os pesadelos eram gráficos, criativos e atormentadores ao extremo. Então, antes de dormir, tudo calmo e quieto, eu começava a pirar sobre o tal do limbo. Por algum motivo eu achava que eu ia acabar no limbo. Não merecia, mas ia acabar lá. E os pesadelos terminavam comigo em algum tipo de limbo, invariavelmente. Isso só passou quando percebi que o meu medo era o de ser abandonada e trabalhei o problema até ele deixar de ser assustador. Uma das minhas personalidades é uma excelente psicóloga.
Claro que há a possibilidade de ele simplesmente ter achado meu livro ruim. Mas agora, relendo, estou começando a achar que eu assustei meu editor.
let's not fight

Essa mentalidade de que brigar é ruim me agasta.
Se você briga, mesmo que contra uma injustiça patente, é um estressado(a).
Afinal, é importante passar uma imagem civilizada. Não sei para quem, mas é.

o anúncio exultante de que agora todos os vulcões estavam extintos, quando por baixo da crosta corria a lava preta


É, isso é do meu livro novo. Está virando minutos de sabedoria: toda vez que preciso falar mal desse país, tem um trecho-epígrafe. Estou satisfeita, acho que atingi meu objetivo (e ele está lá, gemendo, no chão).
Mais bibliografia recomendada: Clube da Luta, livro e filme.

23.6.05

É pra meter a mão mesmo

Povo que faz greve em casa, usa uma roupa da cor tal pra se manifestar contra X, dá um abraço na Lagoa com muito amor pra protestar contra a falta de Paz e manda a empregada pendurar faixas com palavras de ordem na varanda de frente pro mar merece.
Vou chamar meu restaurante português de Gare Alguma-Coisa.
Estação Ghost World

Era uma vez um restaurante dos anos 80 perdido em 2005.
O nome era Bella Blú, com um tosco logotipo com toda a pinta de ter sido feito pelo primo que "sabia desenhar". Era a silhouette azul de uma mulher de vestido segurando uma pizza em cima da cabeça - a tal da Bella Blú. Eu sei, não faz sentido nenhum, mas eu adorava.
A fachada de fora era azul com ripas de madeira e vidraças em arco (a última palavra da arquitetura... em 1985!). Os arcos também se multiplicavam lá dentro, pintados dessa cor aqui. A música ambiente era sempre Antena 1, ou seja, lounge cafona anos 80. Para combinar, o restaurante (até por ser grande) estava sempre meio-vazio, e os habitués eram famílias empobrecidas (no domingo), velhos esquisitos, executivos suados e carecas - um primor. Enfim: um ambiente pra Paranoid Android nenhum botar defeito.
Eu adorava.
O Bella Blú era uma pizzaria e virou um restaurante a quilo nos anos 90. Mas manteve o espírito. Tanto que levei minha mãe lá uma vez e ela detestou. Chegou a fazer carinha de nojo e parar de comer. Adorei.
De vez em quando perpetravam uma reforma que era mais uma demão apressada de tinta Light Dull Cyan.
Por isso, quando o Bella Blú fechou para reforma em março, nem me preocupei. Outro dia, passando da faculdade, vi que tinham quebrado tudo.
Aí eu vi que o troço era sério.
Hoje, depois de um tempo usando a "rota alternativa", passei de novo na frente do Bella Blú - pensando, ingenuamente, que tudo ia ser "parecido, mas renovado" e que poderia até pensar em comer lá, quem sabe?
Você já teve uma amiga de escola que voltou toda patricinha das férias?
Pois foi o que eu senti.

A primeira coisa que vi foi a fachada pintada de terracota.
Depois o monte de gente lá dentro. Saindo pelo ladrão.
A seguir, o nome (o horrível! horrível nome!):
ESTAÇÃO GOURMET
Agora todos os restaurantes se chamam Estação alguma-coisa. (Antes era Alguma-coisa Grill, e antes ainda, Botequim Alguma-Coisa.) O ex-Bella Blú seguiu à risca.
Ora, porra, Estação o cacete! Passa algum trem nesses estabelecimentos, por acaso?
Finalmente, me aproveitei das novas e amplas e quadradas vidraças e perscrutei o buffet (exatamente o mesmo) pelo preço de R$28,00 o quilo. Antes da reforma, o buffet idêntico era R$19,90 o quilo.
I rest my case.

22.6.05

Eita mandinga boa

a que eu fiz pro dólar cair e eu poder viajar. Nem Rouberto Jefferson abala. Também faço chover, sob encomenda.
Sebo de Sebo

Andei tanto pelos sebos do Centro que resolvi fazer um mapa. Também de procrastinação de outras coisas, mas vá lá, pode ser útil para alguém.

(clique para ver maior)
1 - La bouquiniste. Visconde de Rio Branco, 28
2 a 6 - Um bando de sebos em série a partir do número 8 da Rua Regente Feijó. Estes têm um bocado de Playboy e Hustler velhas.
7 - Sebo São José. Praça Tiradentes (não sei o número).
8 - Sebo Emmanuel. Praça Tiradentes 72.
9, 10 e 11 - Sebos da Av. Passos. O do no. 24 se chama Academia do Saber. Gostei pouco deste último, porque as regras de desconto são fixas e mixas. Mas tem uma banca de desconto no mezanino.
12 - Acadêmico do Rio. Rua da Carioca 61.
13 - Antiqualhas. Rua da Carioca 10. Este tem um restaurantezinho e um espaço "charmoso", cheio de velhinhos e escadas de ferro.
14 - Brasileira. Av. Rio Branco 156/229. No segundo andar daquele InfoCentro, tem bastante coisa.
15 - Berinjela. Av. Rio Branco 185/10. No subsolo de uma galeria, última loja à direita. Tem muitos livros novos. E o desconto é bom: um livro que achei por 25 reais saiu pela metade do preço e com 10% de desconto à vista. Ou seja, por 11 reais.
16 - Letra Viva. Rua Luiz de Camões (não sei o número).
17 - Rua da Conceição 14/16. Tem uma banca de HQ por um real... não espáia.
18 - Elizart. Rua Marechal Floriano 63. Dois andares muito bons e atendimento legal.
19 - Mar de Histórias. Rua Teófilo Otoni 94. Muita coisa boa e recente. Preços honestos. Mas o excesso de indies é chato.
20 - São José. Rua Primeiro de Março, 37. Mudou, era na Rua do Carmo. O atendimento é displicente, mas parece ter bastante coisa lá pra dentro. Você é quem garimpa.
21 - Universal. Rua do Rosário 151. Como é menos conhecido, talvez este sebo tenha o que você procura. Quem sabe?
22 - Padrão. Rua Miguel Couto, 40. Muito arrumadinho pro meu gosto.
Sociedades Secretas

Outro dia recebemos um texto diferente lá no trabalho. Um verbete de uma encioclopédia maçônica. Gigantesco, levou vários dias, com duas tradutoras trabalhando.
Depois de dias, ficou a impressão de que a Maçonaria é só mais uma entidade da qual temos que decifrar as idiossincrasias. Aliás, em termos de abreviaturas internas incompreensíveis, a Maçonaria só perde para a [Grande Empresa do Ramo Petrolífero], cujas abreviaturas incluem até uma tal de HEMP... Portanto, tivemos (eu e a outra tradutora) que estudar Maçonaria via Google. No final ela chegou pra mim:
- Achei legal, você não?
- Sim, mas não deixam entrar mulher. Ou é separado, lojas femininas.
E ali só tem tradutora. De homem, só o chefe e o motorista. Charlie's Angels mesmo. Letras é assim. Por isso é que nunca temos happy hour - não tem ninguém pra pegar (e voltamos ao tema da Feira Literária de Parati, say it isn't so, etc.). Estragamos os regimes umas das outras encomendando empadas e bolos de aniversário, though.
Fuck up beats

É, os Aspones não vão voltar. De repente uma reprise neste atual momento histórico fazia sucesso. Sei lá.
Ele escolheu palavras bonitas

Muito bom: surubas lobistas no Lago Sul e esse trecho:
E as palavras solenes? "Minha honra", "aleivosias contra mim", "nobres deputados", ostentando pureza, angelitude, candor, pudicícia, melindres, pejo, com palavras encobrindo a impudicícia, a pacholice, o despudor, a bilontragem nas cumbucas (...)
Preciosismo? Pode ser. É outro nome pra exatidão.
Homicídio culposo

É incrível: blogs legais sempre acabam quando começo a acompanhar. Não dá um mês. (Enquanto os que eu paro de acompanhar porque ficaram chatos nunca morrem. Quer dizer, só posso supor, já que não volto mais lá.)
Alguns morrem mesmo, outros esquecem de deitar. Se despedem e não se deletam.
E olha que já tentei ficar quietinha, não me manifestar. Pfff. Acaba do mesmo jeito.

18.6.05

Vergonha!

Eu sinto culpa por coisas estúpidas e don't give a shit pra coisas que os outros humanos prezam.
A coisa estúpida da semana é todo mundo estar precisando de sangue e eu não poder doar. Por quê? Não, não tenho hepatite, não fiz tatuagem, não estou em grupo de risco nem nada do gênero. Eu desmaio em qualquer exame de sangue, mesmo nesses de encher só um ou dois vidrinhos. Imagine pra encher aquela bolsona. Eu ia acabar precisando de uma transfusão pra mim também.
Mas caso você não seja frouxo como eu, reponha o sangue que a Ana Clara usou na Beneficência Portuguesa ou doe para o Marco Antônio, conhecido do André Dahmer - ele precisa de sangue tipo O negativo. Justamente o meu. Damn.

PS: caso você more em SP e não possa ajudar, dê uma força em outro departamento: o lançamento do livro da Ana Paula Maia (et alli) pela 7Letras no Bar Balcão - Sexo, Drogas & Tra lalá. É sábado, às 18h.

15.6.05

Da série: frases machistas?

O decote na mulher equivale à gravata no homem.
tangolomango

Dá pra parar de ser sensível, meu povo? É que vocês andam vendo muita novela. É muito difícil o bem ganhar na vida real. É muito difícil ganhar jogando limpo quando todos estão jogando sujo.
Como é que se governa democraticamente (ou seja, sem trancar todos os políticos numa cadeia e jogar a chave fora) se todos os políticos são corruptos? Vamos, uma resposta objetiva.
- Manda importar.
A solução do PT foi meio que ei, você aí, que é um pouco menos corrupto. Apóia a gente?
- Ah, mas e a mesada?
- Mmmm, a gente conversa.

Ou então vocês querem um golpe, é isso? Ou já estamos vendo um?
"O governo está bom? - Só pode estar, estão tentando obstruir."
Soluções mágicas não existem. Mas algumas coisas poderiam ser úteis. Um suicídio político, um cabra macho, um homem do caos, por exemplo. Alguém que tenha criatividade para enfrentar os Agent Smith's dobrando as regras que não podem ser quebradas.


Passada de olhos pelo livro novo:

A verdade é que ousava sonhar com alguma possibilidade do bem ganhar na vida real.

...por ela, aquele homem ousara testar os limites da democracia...

10.6.05

You all wanna get laid, doncha?

OK, então a FLIP é pra estimular a leitura. Oh, yes, yes, estimule a minha leitura.
Há raros casos de pais que levam os filhos e pessoas que arrastam seu significant other que não é tão ligado em leitura. As crianças odeiam aquele lugar poeirento, amarelado e cheio de gente; fazem pirraça querendo voltar pra casa; acabam odiando livros pro resto da vida. Os namorados-leitores vão tietar os autores que a-do-ram ao vivo e enciumam os namorados-não-leitores, que acabam odiando ainda mais a leitura e tudo o que se relaciona a ela. Há os jornalistas contratados pra cobrir (aham) o evento, geralmente gente que - é - também adora livro. E os autores. Em verdade, em verdade, vos digo: vai-se à FLIP querendo S-E-X-O, ou seja, dividir quartos de hotel improvisados, barracas de acampamento, carros sem ar-condicionado, lugares ruins em palestras, noites de luar e lama, esbarrões em possíveis tietes/ídolos...
Nada de errado com isso. Só constatando, bufão-style.

9.6.05

É das antigas. Mas como ri e dancei com isso em minha adolescência: Evil ed - Dark justice:

- 'morning, gentleman. Is there a problem?
- Yes, officer. As a matter of fact there is a problem. Apparently, there are too many bullets in this gun. *BANG!*
ha ha ha. hua hua hua hua.

8.6.05

da série: comparações seccionadas - I

como numa xerox ruim pra faculdade em que o eu itálico, no sentido self da coisa, parecia um cu
é pra rir?

Falta ao fundo de certos blogs aquele baterista de stand-up comedy fazendo Tuh-dum cshhh.
Onomatopéia roubada daqui.

6.6.05

"Sure, Jesse Garon Parker was white American trash who wanted to sing like a black boy, but the Beatles, for goodness' sake, the Beatles are white English trash trying to sing like American girls. Crystals Ronettes Shirelles Chantels Chiffons Vandellas Marvelettes, why not wear some spangly dresses, boys, why not get some beehive hairdos instead of those loveable moptops and have the sex change operations too, go the whole way, do it right." - The ground beneath her feet, Salman Rushdie.

ou

"Claro, Jesse Garon Parker era lixo branco norte americano querendo cantar igual a um rapaz negro, mas os Beatles, pelo amor de Deus, os Beatles eram o lixo branco inglês querendo cantar como meninas norte-americanas. Crystals Ronettes Shirelles Chantels Chiffons Vandellas Marvelettes, por que não usar vestidos de lantejoulas, meninos, por que não fazer penteados de trouxa em vez desses adoráveis topetes de espanador e fazer operação de mudança de sexo também, para ir até o fim, fazer a coisa direito." - O chão que ela pisa, Salman Rushdie

Mas eu gosto das Shirelles. Também.

P.S.: Este post não seria possível sem o maravilhoso serviço A9 da Amazon, com o qual você pode realizar pesquisas nos textos de livros. É perfeito. Mais um sonho realizado.
P.S.2: Acho muito boa a tradução (que comprei por 35 reais, numa banca que vendia livros e depois desistiu, mantendo o preço de tabela deles na época do lançamento, e agora fechou).
O iPod é bom. O problema é o iTunes. Completamente confuso.
Felizmente achei um plugin do Winamp com a mesma função, só que muito melhor: o mlipod. (Maria Luiza?)
Agora estou modificando as etiquetas incorretas das músicas uma a uma. Detalhe: eu já tinha feito isso, mas o iTunes comeu minhas edições (junto com - inexplicavelmente - algumas das músicas). Maldito.

Quero também que os nomes grandes das coisas continuem grandes. Por exemplo:

Godspeed you black emperor! - Stringloop manufactured during downpour

The Beatles - Everybody's got something to hide except me and my monkey

The Future sound of London - Everyone in the world is doing something without me

Os Mutantes - Posso perder minha mulher, minha mãe, desde que eu tenha o rock and roll

The orb - A huge, evergrowing pulsating brain that rules from the centre of the ultraworld


Esta garota é obstinada.

5.6.05

Depois de horas de luta para fazer meu computador funcionar, só mesmo um copo de leite quente com Toddy. Pena que não tem leite. Nem o DaMatta, aguado.
Sim, tenho três aninhos.

2.6.05

Mia vita violenta

Na verdade fui só assistir o massacre que esperei quatro anos pra ver. Mas acabei engajada; talvez tenha que assassinar alguns padawans. Saí da reunião conspiratória às 9 da noite (evidentemente que por ser conspiratória, não poderei dar mais detalhes por enquanto) e vim andando pra casa. Isso incluía passar na frente da Policlínica e daquele viaduto com escadinhas para a rua de baixo. Um pouco antes de passar na frente da segunda escada, vi um par de olhinhos espiando pelo vão e sumindo logo em seguida. Pensei: truque velho. Minha vó, quando passei no vestibular, dizia: cuidado com os pivetes da escada do viaduto. Nunca tive a chance de ter cuidado com eles. Até hoje.
Quando passei na frente da tocaia, minha cabeça já estava virada para a boca da escada, de onde saiu o pivete. Eu acompanhei sua saída e o olhei tão pouco surpresa, tão imelindrada, tão e aí, vai me assaltar? que ele esqueceu a fala. Talvez nunca uma menina de classe alta tivesse olhado pra ele por tanto tempo; durou três segundos, e ele ficou meio tímido. Ele ficou sem-graça, foi isso. Percebi, além disso, que ele contava com o elemento surpresa: uma patricinha latiria, auff!, assustada, e entregaria o celular GSM e a carteira com os dedos pintados tremendo. Eu só fiquei olhando pra ele. Ele não tinha um plano B, até então tudo funcionara perfeitamente; logo, ele não tinha uma arma.
Portanto, comecei a correr, mesmo achando desnecessário. No caminho, ultrapassei duas patricinhas que começaram (!) a correr junto. Já sã e salva, mandei-lhe um longo dedo-do-meio (dedos de pianista, diziam também). As patricinhas começaram a perguntar o que tinha acontecido, elas não tinham entendido. Fui respondendo até me separar delas na pastelaria, desejando "boa sorte".

É muito estranho ter uma vida aventuresca de repente. Mas acabou de me ocorrer a velha cisma: o que eu escrevo acontece. Acontece. Sobre a cidade estar violenta, e você ser mais violenta que a cidade. Mão quente na água quente, mão fria na água fria.

1.6.05

Não havia contradições a respeito do techno durante minha estada na Igreja Universal. "Jericho" (Prodigy), "Hymn" (Moby), "Cellestial annihilation" e "Lonely souls" (UNKLE) eram até bastante bíblicas. Eu só não podia escutar coisas como "Satan", "Belzeebeat" (do Orbital), "Voodoo people" e "Fire" (Prodigy) - i am the god of hellfire, and i bring you... fire! -, e dúvidas havia quanto a "Angels go bald too" (Howie B).
O mais recomendável mesmo era ficar no Underworld, abstrato, viajante e aparentemente inofensivo... com músicas de nomes como "rez", "skym" e "winjer", era fácil não ofender deus nenhum.


Entreguei o livro pro editor ontem.