Estava ouvindo aquela musiquinha do Garbage (The world is not enough) quando lembrei que quando eu era pequena queria dominar o mundo. Isto é, até ver o primeiro filme de James Bond e descobrir que aquilo era errado. E descobrir o significado da palavra megalomania. Acho que isso foi quando eu tinha uns cinco ou seis anos. Isso sim foi definitivo. Eu não queria ser - e conjugava a palavra - "megalômana", especialmente porque era uma palavra muito feia. Foi assim que desisti de dominar o mundo (isso mesmo, acreditem).
Teve outra palavra - a que me apavorou quando descobri o significado. Foi numa historinha da Mônica. Uma em que ela fazia alguma coisa e um homem dizia a ela:
- Você está no limbo do tempo.
Eu não precisei de dicionário. Tremi na hora. Maldita capacidade de deduzir palavras pelo contexto. A idéia de limbo me apavorou tanto que tive pesadelos por meses. Quer dizer, pesadelos piores dos que eu tinha habitualmente. Eu não fazia xixi na cama desde muito cedo, acho que para não incomodar os outros, mas em compensação, os pesadelos eram gráficos, criativos e atormentadores ao extremo. Então, antes de dormir, tudo calmo e quieto, eu começava a pirar sobre o tal do limbo. Por algum motivo eu achava que eu ia acabar no limbo. Não merecia, mas ia acabar lá. E os pesadelos terminavam comigo em algum tipo de limbo, invariavelmente. Isso só passou quando percebi que o meu medo era o de ser abandonada e trabalhei o problema até ele deixar de ser assustador. Uma das minhas personalidades é uma excelente psicóloga.