28.6.05

Lembrei agora que a pequena Simone gostava de ficar olhando a treliça sobre a TV da sala muito tempo. Mas os motivos eram outros. A TV era muito chata, e eu sabia pôr o foco atrás para ver a treliça em 3D, o que era muito mais legal. Tempos depois vieram aqueles livrinhos da "Olho Mágico" e toda aquela moda de 3D, e eu tive dificuldades em resgatar a tecnologia, mas ainda assim era uma das poucas a ver alguma coisa, e sem precisar ficar aproximando e afastando os livros da cara.
Tenho um histórico de raves, que acabaram aqui no Rio devido a truculências políticas. Afinal, em raves as pessoas usam drogas - o que equivale a proibir que as pessoas dirijam para evitar acidentes e atropelamentos. Bem, eu, ao menos, não usava. Nem mesmo as drogas "legais". Dançava até amanhecer fiada nuns goles d'água e em duas capacidades inatas: concentração e persistência de empolgação (o vídeo do meu aniversário de dois anos me mostra dançando no mesmo lugar por cerca de duas horas, sempre saltitando, os cachinhos junto). Diziam: Simone está em alfa. Chegava em casa, dormia e só quando acordava percebia que meus músculos da barriga estavam doridos, os ombros emperrados, e da cintura pra baixo, praticamente inutilizada: era cama-mesa do almoço, mesa do almoço-cama. Só posso calcular a fortuna economizada em Ritalin e anfetaminas. Que certamente seriam as últimas drogas que eu provaria, ou que alguém com um mínimo de siso me daria.