8.4.12

Matemática - de novo

Quando estou aprendendo matemática, sou muito mais lenta que as outras pessoas. Sendo que as outras pessoas podem ser basicamente divididas em outras categorias: as que se frustram e desistem, e as que aprendem matemática matematicamente. Essa segunda categoria vai ser aquele que lê fórmulas sem precisar de uma explicação extensa do que elas significam; se ele tiver dúvidas, vai pedir ao professor a prova daquilo - em MAIS linguagem matemática -, e assim que entender a prova, vai provavelmente ficar saciado. Digo provavelmente pois haverá aqueles, nessa categoria, que vão querer construir a própria prova ou demonstrar que aquela prova está errada ou entrar em debates filosóficos de por que uma determinada prova não provatrivial*).
Mas meu caso não é nada disso. Não faço questão de provas pois geralmente não as entendo. Eu preciso de uma historinha, um enredo, um conflito. Eu aprendo matemática lentamente porque vou traduzindo cada fórmula ou passo em português (ou inglês) à medida que as explicações vão sendo dadas. Preciso literalmente escrever o que está acontecendo. Vou narrando a matemática para mim mesma. Também gosto quando matemática se mistura com história - entender o conflito que aquilo gerou, o tipo de pessoa que o descobridor da fórmula era, a tragédia pessoal de ter achado aquilo, o choque quando aquilo entrou no mundo da ciência - e com economia - duas empresas estão disputando lugar num mercado decadente, só uma pode ficar. TENSÃO! DRAMA! PAYOFFS ALTERADOS!
Quando se adentra em filosofias, os problemas me parecem ou simples ou insolúveis, mas também é divertido ouvir e acompanhar o que os outros dizem. Por exemplo, por que se diz que uma pessoa "descobriu" e não "inventou" um teorema? Será que é por que ele já estava lá? Sempre esteve lá e havia uma ideia disso, como o Novo Mundo? E onde diabos seria "lá"?
Como eu disse, simples ou insolúveis. Mas divertidos.
Tudo isso é para dizer que tirar onda de que se odeia matemática ou tratá-la como intrinsecamente prejudicial ao pensamento é uma grande bobagem. Há vários modos de se aprender e interpretar qualquer coisa. Exercer o autocontrole, lidar com a frustração inerente ao aprendizado - se sentir burro e odiar quem explica mal faz parte, aceite - e se conhecer o bastante para avaliar como absorver melhor determinada informação são as técnicas mais úteis para isso (aprender).

(P.S.: Li esse texto hoje e hoje estou panfletária.)

*Trivial, queridas pessoas de humanas, não é o nosso "trivial". É simplesmente o pior xingamento que um matemático pode fazer ao trabalho de outro (siga o link para conhecer a história).