28.6.07

Pasquim, 1970

Millôr - (...) Você sabe que esta sua atitude agressiva em relação ao Cinema Novo em bloco (...) só poderá te dar lucro. Esta atitude, ela é consciente ou inconsciente em você?
Rogério Sganzerla – Ela é consciente porque eu não sou uma pessoa burra. Você mesmo falou que eu sou inteligente. Falando mal do cinema novo eu me esculhambo, eu me estrepo, é um negócio, inclusive, com um certo tom suicida, mas também eu ganho uma projeção que me interessa. Eu preciso jogar com isso.
Helena Ignez – Você é levemente oportunista, no caso?
Rogério Sganzerla – Não. Eu sou uma pessoa honesta. Se eu fosse oportunista eu iria tratar bem as pessoas que eu ganharia muito mais, eu venderia meus filmes pra Europa.


Zero Hora, 1974

Marcos Faerman: Rogério, você não era um cara muito bem comportado, antes de sua explosão no Bandido da Luz Vermelha? Você não era um cara bem comportado assim como Caetano Veloso antes da loucura e da genialidade de Alegria, alegria?)
Rogério Sganzerla: Sabe, eu sempre tive uma certa desconfiança daquela música, daquilo que vinha sendo feito desde 62, 61, a busca de uma cultura brasileira, nacional e tal, um negócio meio fascista, com a mesma linguagem de Mussolini, de buscar uma "cultura brasileira". Isso eu acho errado porque se a gente enterrou toda uma cultura ocidental, por que vai salvar a nossa? Eu acho que é um sentimento possessivo de guardar os pequenos elementos daquilo que se produz. Eu acho que a gente devia botar no fogo a cultura brasileira também, e não tentar separá-la, isolá-la do universal, da jogada geral.


Assisti O bandido da luz vermelha e achei chato. Isso não impede que ache o cara genial nas entrevistas. E vai sair um livro só disso. Depois dou mais detalhes.