Não pense. Pule.
Sabem aquele gênero de mate em xadrez que em inglês é chamado de stalemate? (e em português tem uma tradução ambígua e compridona como "mate por afogamento de posições")
Um exemplo disso é quando sobram dois reis e uma dama no tabuleiro. Só. O rei oposto sempre poderá fugir da dama, por mais que ela percorra, resignada, trilhas horizontais e verticais tentando alcançá-lo; ele sempre se moverá de casa em casa, enervante e invencível, até que (acho que até existe um jeito de o rei perder, indo pro canto do tabuleiro, mas não é preciso ser nenhum Kasparov para evitá-lo) depois de certo número de jogadas, é considerado um stalemate pelos jogadores. Chega uma hora que as coisas ficam assim na vida também.
Felizmente, a vida não é um jogo. Nós criamos nossas próprias regras. As regras que criamos, a princípio baseadas em situações familiares, nos ajudam a organizar o mundo, mas não são universalmente aplicáveis. Eu demorei tanto para entender isso. Foi apenas há alguns meses que eu realmente entendi isso.
O tempo não pára. Novas situações surgem, e as regras ficam velhas. Não que precisem ser descartadas, mas racionalismo, neste caso, tem que conter um pouco de irracionalismo, ou ficará... incoerente. É como tentar vestir aos 20 uma calça que você usava quando tinha 12 anos. Ou nem isso: ponhamos 17 aí, que vestibular engorda. Talvez a questão não seja emagrecer, mas comprar uma calça nova.
Meu professor de TREP II (juro que colocaram este nome na matéria) diz que jornalista que lê todos os jornais fica burro.
Eu "nunca pego folheto na rua", mas às vezes pego. E se me perguntarem porque resolvi pegar, será um motivo fútil. (Como: "eu estava distraída". Ou seja, eu fiz sem pensar. Só isso já prova que eu fiz a regra; ela não "faz parte do meu ser", tá, filósofos caducos?) Eu saberia que foi um motivo fútil, e um hiper-racionalista me diria: "mas você não era contra a futilidade?". E sou.
Se você não entendeu, talvez precise crescer antes de começar a mexer suas peças de novo. Ou de um pouco de álcool. (Eu não bebo nunca. E odeio beberrões.)