4.5.03

Bunker, a fronteira final

Foi difícil. Demorou muito. Estava cheio demais. Mas eu dancei muito.
Era o último dia. Irrespirável. Centenas de pessoas. Cheiro de suor. Banheiros entupidos e vomitados.
Chegou uma hora que fui no banheiro, liguei a torneira e tomei um banho.
JP, me vendo fresquinha, resolveu ir no banheiro dele fazer a mesma coisa. Enquanto isso, fiquei paradinha dentro do banheiro feminino, encostada na bancada da pia.
Uma garota veio e se deitou sobre a bancada da pia para descansar. Abri a bolsinha e tirei o relógio: eram 3:44.
De repente, sinto um cutucão. Era a garota da bancada. De novo, não.
Ela me perguntou uma pergunta com uma só palavra. Tive que pedir pra repetir, não estava acreditando.
"Loló?"
"Não" - e tirando o relógio da bolsa - "Só as horas, mesmo".
Nisso, um casal de meninas expulsa dois caras do banheiro reservado. Eles saem alegres e elas entram.
JP estava lá fora o tempo todo, mas tinha uma parede que impedia que eu o visse. Contei o que aconteceu. E terminei:
"Toma cuidado. Pelo andar da carruagem, ainda hoje você vai ser cantado por um cara!"