Os "luluzinhas"
Como se sabe pela ranzinice costumeira deste blog, eu detesto alguns hábitos que envenenam o convívio social. A mania estúpida de 99,9% dos homens cariocas de querer ser sempre o "malandro" e nunca o "otário" torna a vida das cariocas um inferno. Não vou me estender no assunto, pelo menos as mulheres sabem do que estou falando.
"A little respect". É tudo o que eu peço. Aí o cara, querendo ser mais "malandro" ainda, resolve que vai me "filmar" (se é que vocês me entendem) sem que eu veja. É aí que se desenrola uma das cenas mais patéticas que existe.
O cara está sentado na frente do ônibus e não tem nenhuma mulher pra ele filmar à sua frente. Aí você entra e, pensando em preservar sua paz de espírito, senta atrás do indivíduo. Mas ele nota. A partir daí, ele é tomado de súbito interesse pela paisagem e fica "olhando pela janela", ou seja, torcendo o pescoço pra olhar pra você. Achando que você não está percebendo que a janela pode muito bem ser olhada a 45 graus, e não a 110 como ele está fazendo. E também que a pupila dos olhos dele não está olhando a paisagem coisíssima nenhuma. Os mais profissionais escondem isso com óculos escuros.
Isso me fez pensar no gibi da Luluzinha, não sei se vocês lembram. A menina (e toda a sua turma) conseguia virar a cabeça 180 graus! Aquilo me deixava abismada! Eu tentava fazer igual, e não entendia porque não conseguia. Mas, claro, eu era pequena. Ao contrário de mim (mas olhe lá), esses "luluzinhas" não evoluíram.
Porém, este tipo de mané não possui apenas esta técnica; ele é especialista em "olhar pelo reflexo". Sabe aquela brincadeira em que tem um espelho posicionado de maneira a que você veja a outra pessoa e a outra pessoa veja você? Ele usa isso. Ou seja, o mané brinca de "caverna": não olha para você, e sim para o seu reflexo: através dos vidros de ônibus, das vitrines, sem arriscar tanto um torcicolo - e provando que, além de idiota, é preguiçoso.