31.3.08
Gostaria de saber quando é que a gente velha vai parar de usar "ooh, você é muito novinha ainda, um dia você vai entender" como argumento "decisivo" quando todos os seus argumentos toscos já foram rebatidos pela "inexperiente" aqui. Quando você completa 30 anos você ganha algum tipo de imunidade contra isso, não é mesmo? (espero?)
28.3.08
Nove vidas
Bíblia no idioma LOLCats. Alguns destaques:
Salmo 23
Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo
vira
I iz in teh valli of dogz, fearin no pooch, bcz Ceiling Cat iz besied me rubbin' mah ears, an it maek me so kumfy.
Ester 5 - Ester se deita com o rei
Cânticos 1 - pra quem gosta de puizia
Apocalipse 6 - parte das bestas.
9 Den they openeded anuther sealz an under teh altarz there wuz all kitteh souls who had deded more than niyne timez. Satain and pitt bulls done it cuz they tried to givez kittehs baths, diddnt like too much.10 Den teh voicez cries out "Ceiling Cat, how long wez sufferz untill you avengez our niyne deafs an drown dem pitt bullz, srsly?"
É bom comparar com o original pra entender a piada. Alguns se esquecem que a Bíblia é um bom livro (na verdade, vários, com flutuações de qualidade) e tem partes memoráveis. Quem não sabe o que é LOLcats, kitten pidgin e lolspeak, clica aqui. Thx.
Bíblia no idioma LOLCats. Alguns destaques:
Salmo 23
Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo
vira
I iz in teh valli of dogz, fearin no pooch, bcz Ceiling Cat iz besied me rubbin' mah ears, an it maek me so kumfy.
Ester 5 - Ester se deita com o rei
Cânticos 1 - pra quem gosta de puizia
Apocalipse 6 - parte das bestas.
9 Den they openeded anuther sealz an under teh altarz there wuz all kitteh souls who had deded more than niyne timez. Satain and pitt bulls done it cuz they tried to givez kittehs baths, diddnt like too much.10 Den teh voicez cries out "Ceiling Cat, how long wez sufferz untill you avengez our niyne deafs an drown dem pitt bullz, srsly?"
É bom comparar com o original pra entender a piada. Alguns se esquecem que a Bíblia é um bom livro (na verdade, vários, com flutuações de qualidade) e tem partes memoráveis. Quem não sabe o que é LOLcats, kitten pidgin e lolspeak, clica aqui. Thx.
24.3.08
Dinheiro não é sujo. Mas engraçado.
Para quem não sabe (ficadica) o mecenato da Lei Rouanet funciona assim: a(s) empresa(s) mecena(s) deposita(m) uma Polpuda Soma numa conta (a de captação), o Minc aprova, abre outra conta onde dessa sim você pode sacar. Ou transferir, para a sua conta por exemplo. Então estou com três contas abertas no mesmo banco. Burocracia, que delícia.
(E ela ainda reclama, vocês estão pensando. É, viu, sou ingrata. É um dos meus muitos defeitos.)
too pretty to be a writer?
Fui tirar o primeiro salário-bolsa da Petrobras no banco. Ainda não tenho o cartão da conta. Tive que ir no caixa. Solicitada a isso, dei os números da "conta origem" e da "conta destino". Os olhos do cara se arregalaram quando viu o saldo da conta origem (e não menos quando informei o valor da transferência para a conta destino), e imediatamente ficou imaginando que eu era puta ou protegida de algum daddy. Conforme fui falando com ele, sua opinião mudou sucessivamente para 1) tem um único cliente rico, fetichista de aparelho e óculos, 2) aplica golpes em aposentados indefesos e 3) hacker. Essa última suposição foi a que me deixou mais satisfeita.
Normalmente o que te dizem é para encarar esse e outros eventos em que te julgam pela sua casca externa pelo "lado bom", como "um elogio" -- afinal, se você não fosse bonita, ou magra, ou gostosa, néam, não te pensariam puta, não te chamariam de princesa em frente ao canteiro de obras, não procurariam desesperadamente roçar em você na fila etc. Essa disposição Pollyanna funciona apenas para mulheres medianas, que não tiveram que lidar com esses incidentes freqüentemente; quem teve que lidar com eles desde que completou doze anos (e pasmem, algumas vezes antes disso também) já perdeu a paciência, e até a falta de paciência, há tempos.
Oban
Fiquei meio deprimida com tanto dinheiro. Lembrei da Morvern Callar, que roubou o romance do namorado suicidado e foi pra Espanha com o adiantamento. Vendo-me fitar o extrato entre perdida e embevecida, o caixa finalmente perguntou se eu queria mais alguma coisa. Na verdade suas palavras exatas foram "Tudo certo, senhora?"; de modo que não se soubesse se havia perguntado se estava tudo certo com o extrato ou comigo. Finalmente acordei e me mandei dali. Agradeci antes.
Para quem não sabe (ficadica) o mecenato da Lei Rouanet funciona assim: a(s) empresa(s) mecena(s) deposita(m) uma Polpuda Soma numa conta (a de captação), o Minc aprova, abre outra conta onde dessa sim você pode sacar. Ou transferir, para a sua conta por exemplo. Então estou com três contas abertas no mesmo banco. Burocracia, que delícia.
(E ela ainda reclama, vocês estão pensando. É, viu, sou ingrata. É um dos meus muitos defeitos.)
too pretty to be a writer?
Fui tirar o primeiro salário-bolsa da Petrobras no banco. Ainda não tenho o cartão da conta. Tive que ir no caixa. Solicitada a isso, dei os números da "conta origem" e da "conta destino". Os olhos do cara se arregalaram quando viu o saldo da conta origem (e não menos quando informei o valor da transferência para a conta destino), e imediatamente ficou imaginando que eu era puta ou protegida de algum daddy. Conforme fui falando com ele, sua opinião mudou sucessivamente para 1) tem um único cliente rico, fetichista de aparelho e óculos, 2) aplica golpes em aposentados indefesos e 3) hacker. Essa última suposição foi a que me deixou mais satisfeita.
Normalmente o que te dizem é para encarar esse e outros eventos em que te julgam pela sua casca externa pelo "lado bom", como "um elogio" -- afinal, se você não fosse bonita, ou magra, ou gostosa, néam, não te pensariam puta, não te chamariam de princesa em frente ao canteiro de obras, não procurariam desesperadamente roçar em você na fila etc. Essa disposição Pollyanna funciona apenas para mulheres medianas, que não tiveram que lidar com esses incidentes freqüentemente; quem teve que lidar com eles desde que completou doze anos (e pasmem, algumas vezes antes disso também) já perdeu a paciência, e até a falta de paciência, há tempos.
Oban
Fiquei meio deprimida com tanto dinheiro. Lembrei da Morvern Callar, que roubou o romance do namorado suicidado e foi pra Espanha com o adiantamento. Vendo-me fitar o extrato entre perdida e embevecida, o caixa finalmente perguntou se eu queria mais alguma coisa. Na verdade suas palavras exatas foram "Tudo certo, senhora?"; de modo que não se soubesse se havia perguntado se estava tudo certo com o extrato ou comigo. Finalmente acordei e me mandei dali. Agradeci antes.
19.3.08
EU LEMBRO
Eu lembro que o Collor começou a fechar o sistema de saúde caído em 93. Eu lembro das imagens que vi nos jornais de gente morrendo e sofrendo nos corredores e macas de hospitais. Eu lembro daquelas siglas legíveis grandes, vocálicas, que circularam pela imprensa na época como
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde
INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
Então comecei a sonhar com um Brasil paralelo, em que o sistema de saúde se chamava
PENUMB
e era tudo muito, muito escuro e noturno. Às vezes nevava. A partir daí, toda vez que eu me feria ou pegava doença no sonho, eu ia parar no PENUMB. De repente tudo se acelerava. O problema nesse Brasil inverso não era a lentidão no atendimento. Era a hipervelocidade. Eu era colocada numa maca e ela era empurrada pelo corredor como um carrinho de montanha-russa. Se eu continuasse dormindo o bastante, teria a oportunidade de assistir cenas de operação com enfermeiras malucas e médicos psicóticos com furadeiras.
Hoje eu sonhei que um certo videogame de tiro com robôs laser era adaptado para a vida real. Eu era atingida. E ia parar não no
PENUMB
mas no
FUNEST
que era mais ou menos a mesma coisa, mesmo com a mudança de sigla (vejam como esse meu Brasil antônimo é bem caracterizado).
Lembrei de todos os sonhos com essa sigla PENUMB a partir desse. Acordei assustadíssima, mas repetindo PENUMB, PENUMB, PENUMB. Percebi finalmente que aquela sigla não existia fora da minha cabeça. Queria lembrar para escrever. É o único jeito de acabar com isso.
Minha faculdade era noturna ao invés de diurna e eu ia passar férias numa montanha nevada; quando eu chegava lá, roubavam todo o meu dinheiro e é por isso que eu tive que voltar ao PENUMB, ou melhor, ao FUNEST. Parece que tive sonhos cobertos por plano de saúde por algum tempo. Mas enquanto eu tiver um Brasil real para me inspirar, não estou bem certa que o pesadelo realmente termine. Quando acordei vi o jornal anunciando uma epidemia de dengue. Cheio de pessoas em leitos de hospital. Me acontece ocasionalmente de sonhar no quarto com coisas da primeira página do jornal que me espera na sala... mas isso é outra história.
Eu lembro que o Collor começou a fechar o sistema de saúde caído em 93. Eu lembro das imagens que vi nos jornais de gente morrendo e sofrendo nos corredores e macas de hospitais. Eu lembro daquelas siglas legíveis grandes, vocálicas, que circularam pela imprensa na época como
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde
INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
Então comecei a sonhar com um Brasil paralelo, em que o sistema de saúde se chamava
PENUMB
e era tudo muito, muito escuro e noturno. Às vezes nevava. A partir daí, toda vez que eu me feria ou pegava doença no sonho, eu ia parar no PENUMB. De repente tudo se acelerava. O problema nesse Brasil inverso não era a lentidão no atendimento. Era a hipervelocidade. Eu era colocada numa maca e ela era empurrada pelo corredor como um carrinho de montanha-russa. Se eu continuasse dormindo o bastante, teria a oportunidade de assistir cenas de operação com enfermeiras malucas e médicos psicóticos com furadeiras.
Hoje eu sonhei que um certo videogame de tiro com robôs laser era adaptado para a vida real. Eu era atingida. E ia parar não no
PENUMB
mas no
FUNEST
que era mais ou menos a mesma coisa, mesmo com a mudança de sigla (vejam como esse meu Brasil antônimo é bem caracterizado).
Lembrei de todos os sonhos com essa sigla PENUMB a partir desse. Acordei assustadíssima, mas repetindo PENUMB, PENUMB, PENUMB. Percebi finalmente que aquela sigla não existia fora da minha cabeça. Queria lembrar para escrever. É o único jeito de acabar com isso.
Minha faculdade era noturna ao invés de diurna e eu ia passar férias numa montanha nevada; quando eu chegava lá, roubavam todo o meu dinheiro e é por isso que eu tive que voltar ao PENUMB, ou melhor, ao FUNEST. Parece que tive sonhos cobertos por plano de saúde por algum tempo. Mas enquanto eu tiver um Brasil real para me inspirar, não estou bem certa que o pesadelo realmente termine. Quando acordei vi o jornal anunciando uma epidemia de dengue. Cheio de pessoas em leitos de hospital. Me acontece ocasionalmente de sonhar no quarto com coisas da primeira página do jornal que me espera na sala... mas isso é outra história.
17.3.08
malversação
Estou pensando em fazer dança do ventre. Pensei em fazer pole dancing como a Diablo Cody, mas o pole dancing eu já aprendi. Com 11 anos, no caramanchão do pátio da escola.
Não tínhamos muito o que fazer no recreio e os inspetores retentivos-anais não emprestavam bola. A bola era material exclusivo da aula de educação física. Então inventamos essa brincadeira. Formávamos uma fila como se fosse para amarelinha, só que atrás do poste do caramanchão, para aprender a rodopiar como strippers (sim, todas nós crescemos assistindo Flashdance na Sessão da Tarde). Cada uma rodopiava o máximo de vezes que conseguisse. Quem desse mais voltas ou permanecesse mais tempo, ganhava. Lembro que logo depois dessa nossa atividade escandalosa pintaram uma amarelinha no chão do outro pátio e nos mandaram parar "porque o caramanchão poderia cair" (ah, tá, sei). Mas o pole dancing era bem mais divertido. Eu era a melhor pole dancer do pedaço. Minhas coxas eram musculosas por causa do vôlei que eu fazia desde os nove anos, então minha aderência era ótima. Eu controlava a altura e a velocidade da rodada: de um pulo, grudava no poste lá no alto como uma tarântula e ia escorrendo devagar, mantendo o impulso do giro com leves angulações de cada perna - isso aprendi com o balanço -, até chegar, bem lentamente, à base. Cheguei a aprender a rodopiar com uma perninha esticada, a outra encolhida, e o tronco jogado para trás. Eu era uma nerd estranha.
Coisas físicas em que eu era ótima: pole dancing, queimado, handebol, pular corda. Coisas físicas em que eu era péssima: natação, ginástica olímpica, qualquer dança sincronizada inclusive quadrilha, pular elástico.
(É, eu tive uma educação bem completa. Adorava aquele colégio. Ele permitia que os alunos explorassem todas as suas possibilidades na vida - todas mesmo.)
Eu danço cerca de meia hora por dia. Ou dançava. O téquino não propicia mais os movimentos vigorosos de antigamente, primeiro porque não os acho mais cool e depois porque tenho uma vizinha de baixo insone que adora ter em quem pôr a culpa por isso.
Praticar qualquer atividade que use o corpo é necessário para mim. Tendo aos problemas circulatórios, quer dizer, desmaiar por aí e ter varizes, e nenhum me apetece. Também tem aquela coisa de equilibrar dionisíaco e apolíneo, all work and no play makes jack a dull boy, mimimi mimimi. Minha psicopata interior fica mais calminha com uma dose esporádica de endorfina. Então, tome dança do ventre.
(Essa escola, a minha escola, aliás, fechou. Mas ela é tão coberta de good vibes que não vai virar faculdade particular fuleira, nem shopping, nem igreja, nem cinema e nem clube. Vai virar um centro de artes. Aproveito para fazer minha performance no caramanchão.)
Estou pensando em fazer dança do ventre. Pensei em fazer pole dancing como a Diablo Cody, mas o pole dancing eu já aprendi. Com 11 anos, no caramanchão do pátio da escola.
Não tínhamos muito o que fazer no recreio e os inspetores retentivos-anais não emprestavam bola. A bola era material exclusivo da aula de educação física. Então inventamos essa brincadeira. Formávamos uma fila como se fosse para amarelinha, só que atrás do poste do caramanchão, para aprender a rodopiar como strippers (sim, todas nós crescemos assistindo Flashdance na Sessão da Tarde). Cada uma rodopiava o máximo de vezes que conseguisse. Quem desse mais voltas ou permanecesse mais tempo, ganhava. Lembro que logo depois dessa nossa atividade escandalosa pintaram uma amarelinha no chão do outro pátio e nos mandaram parar "porque o caramanchão poderia cair" (ah, tá, sei). Mas o pole dancing era bem mais divertido. Eu era a melhor pole dancer do pedaço. Minhas coxas eram musculosas por causa do vôlei que eu fazia desde os nove anos, então minha aderência era ótima. Eu controlava a altura e a velocidade da rodada: de um pulo, grudava no poste lá no alto como uma tarântula e ia escorrendo devagar, mantendo o impulso do giro com leves angulações de cada perna - isso aprendi com o balanço -, até chegar, bem lentamente, à base. Cheguei a aprender a rodopiar com uma perninha esticada, a outra encolhida, e o tronco jogado para trás. Eu era uma nerd estranha.
Coisas físicas em que eu era ótima: pole dancing, queimado, handebol, pular corda. Coisas físicas em que eu era péssima: natação, ginástica olímpica, qualquer dança sincronizada inclusive quadrilha, pular elástico.
(É, eu tive uma educação bem completa. Adorava aquele colégio. Ele permitia que os alunos explorassem todas as suas possibilidades na vida - todas mesmo.)
Eu danço cerca de meia hora por dia. Ou dançava. O téquino não propicia mais os movimentos vigorosos de antigamente, primeiro porque não os acho mais cool e depois porque tenho uma vizinha de baixo insone que adora ter em quem pôr a culpa por isso.
Praticar qualquer atividade que use o corpo é necessário para mim. Tendo aos problemas circulatórios, quer dizer, desmaiar por aí e ter varizes, e nenhum me apetece. Também tem aquela coisa de equilibrar dionisíaco e apolíneo, all work and no play makes jack a dull boy, mimimi mimimi. Minha psicopata interior fica mais calminha com uma dose esporádica de endorfina. Então, tome dança do ventre.
(Essa escola, a minha escola, aliás, fechou. Mas ela é tão coberta de good vibes que não vai virar faculdade particular fuleira, nem shopping, nem igreja, nem cinema e nem clube. Vai virar um centro de artes. Aproveito para fazer minha performance no caramanchão.)
De vez em quando descubro coisas novas pelos sebos. Coisas desconhecidas de que (supostamente) só eu gosto. O pior é que eu acerto. Compro e depois não me arrependo. Senhorita ninguém, por exemplo. Romance polonês de Tomek Tryzna. Por algum motivo me interesso avidamente por autores de certos países. Escócia, Polônia e Japão são os principais.
Comecei a ler Senhorita ninguém sem grandes esperanças, porque o resumo tenta fazer do livro um panfletinho que ele não é. Enfim, dediquei-me ao livro, o dito-cujo foi me enganchando, e a partir de um determinado ponto fui coagida a lê-lo até o final. Foi fenomenal. Parece um pouco com o A feia noite. Tem uns delírios da personagem principal pelo meio, delírios absolutamente compreensíveis. A personagem principal é uma adolescente, e fiquei esperando o momento em que apareceria aquele garoto para ela, porque sempre aparece, e fiquei agradavelmente surpresa quando cheguei ao final e ele não veio. É something else entirely. É uma mistura de Tudo se ilumina, Nietótchka Niezvánova e Coraline.
Outro desse naipe que está aqui comigo é o Fossa, de uma tal de Ester Delamare. Parece que ela fez a versão brasileira daquele pop clássico japonês, Sukiyaki. Estava oito reais num sebo aí. Achei tão tosco que peguei para criar. Eu li o primeiro capítulo e gostei muito, muitíssimo. É aquela coisa: você vai encontrar semelhanças com Hilda Hilst e Clarice Lispector, mas não me inste a ir direto à fonte; isso é completamente fora da proposta. O objetivo aqui não é procurar o autor mais fodaço, e sim localizar o seu autor. Sua alma-gêmea de escrita. Dá para entender? Estou dando exemplos, não pretendo que você me siga, que compre justamente esses livros. Estou ensinando um jogo borgiano. Esticar o galho em Y e procurar a sua água. Quanto mais obscuro melhor. Mediano é bom. A variedade, a desorganização e a aleatoriedade do local pesquisado é importante, portanto prefira sebos.
Comecei a ler Senhorita ninguém sem grandes esperanças, porque o resumo tenta fazer do livro um panfletinho que ele não é. Enfim, dediquei-me ao livro, o dito-cujo foi me enganchando, e a partir de um determinado ponto fui coagida a lê-lo até o final. Foi fenomenal. Parece um pouco com o A feia noite. Tem uns delírios da personagem principal pelo meio, delírios absolutamente compreensíveis. A personagem principal é uma adolescente, e fiquei esperando o momento em que apareceria aquele garoto para ela, porque sempre aparece, e fiquei agradavelmente surpresa quando cheguei ao final e ele não veio. É something else entirely. É uma mistura de Tudo se ilumina, Nietótchka Niezvánova e Coraline.
Outro desse naipe que está aqui comigo é o Fossa, de uma tal de Ester Delamare. Parece que ela fez a versão brasileira daquele pop clássico japonês, Sukiyaki. Estava oito reais num sebo aí. Achei tão tosco que peguei para criar. Eu li o primeiro capítulo e gostei muito, muitíssimo. É aquela coisa: você vai encontrar semelhanças com Hilda Hilst e Clarice Lispector, mas não me inste a ir direto à fonte; isso é completamente fora da proposta. O objetivo aqui não é procurar o autor mais fodaço, e sim localizar o seu autor. Sua alma-gêmea de escrita. Dá para entender? Estou dando exemplos, não pretendo que você me siga, que compre justamente esses livros. Estou ensinando um jogo borgiano. Esticar o galho em Y e procurar a sua água. Quanto mais obscuro melhor. Mediano é bom. A variedade, a desorganização e a aleatoriedade do local pesquisado é importante, portanto prefira sebos.
15.3.08
Texto ótimo sobre o Borges na Rascunho. O que posso dizer. O homem me fascina. Gente maluca tem que se unir, para não ficar acreditando sozinha em invasões da realidade pelos sonhos e que James Joyce é ruim. Tive até meu próprio hrönir, e fabricado na Biblioteca Nacional. Mas perdi. Quem sabe um dia não acho de novo... talvez numa forma ligeiramente modificada?
Quem estiver em casa curtindo o fim de semana chuvoso, pode conferir dois começos de conto que vão entrar no meu livro novo, cedidos à revista literária Germina. São o Conto japonês e Herói. Tá classe, tem até ilustração. E tem a entrevista também.
Uma coisa boa que estou em condições de fazer agora, para o Amostragem complexa (é o nome do meu livro), são contos em camadas. Camadas de significados. Assim leitores novatos vão desfrutar deles, mas também vão ter graça para os experientes, que vão poder desfrutar deles em vários níveis. E falar assim aos leitores inexperientes funciona quase que como um plano de milhagem de leitura: quanto mais se lê, mais prazer se tira dela.
Uma coisa boa que estou em condições de fazer agora, para o Amostragem complexa (é o nome do meu livro), são contos em camadas. Camadas de significados. Assim leitores novatos vão desfrutar deles, mas também vão ter graça para os experientes, que vão poder desfrutar deles em vários níveis. E falar assim aos leitores inexperientes funciona quase que como um plano de milhagem de leitura: quanto mais se lê, mais prazer se tira dela.
11.3.08
Retórica I
Eu tinha prometido isso há algum tempo, mas esqueci. Quando mandei o A feia noite para a editora, em 2006, escrevi duas críticas ao meu próprio livro, uma positiva e uma negativa. Eu estava cursando Redação Técnica 2 na época, quer dizer, Retórica. Encontrei agora e achei divertido. Taí.
NEGATIVA
Simone Campos fez um sucesso considerável com seu primeiro romance, No Shopping, publicado aos 17 anos. Era uma crítica ácida à sociedade de consumo toda passada em um shopping center. Freqüentou as mídias largamente e vendeu o bastante para cobrir o investimento da pequena editora que bancou a publicação.
Com tudo isso, é certo que Simone se sentiu muito pressionada pelas expectativas quanto ao novo livro, A feia noite. Talvez isso explique o hiato de cinco anos (povoado por contos esporádicos) entre No Shopping e este segundo romance, A feia noite. Talvez.
A história de A feia noite é a de Francisco, recém-separado que leva a jovem Maria Luiza para casa. Ele quer salvá-la (a princípio, não sabemos do quê), mas esbarra nos próprios desejos há muito reprimidos. O título refere-se, de maneira irônica, à mania de Maria Luiza de trocar o dia pela noite.
Como se pode ver, a história não se parece nada com a do primeiro livro. A estrutura demonstra ligeira semelhança, e só. É evidente que a autora fez um esforço para não se repetir. Suas limitações como contadora de histórias, antes mascaradas pelo picote situacional de No Shopping, neste romance ficam patentes. Algumas vezes, o tom de uma cena destoa da imediatamente anterior; cenas que, isoladamente ou num romance não-linear, poderiam até funcionar.
Este, aliás, parece ser um dos grandes problemas de A feia noite. Pretensão. Pretensão de parecer antigo, sofisticado e linear. Pretensão filosófica, sendo que a autora parece não ter estofo para tanto.
O livro não é um equívoco completo. Existem passagens, como a de x e a de y, que comprovam o talento da autora. Pode ser que fale mais a leitores da sua geração; mas por enquanto, o melhor é esperar pelo terceiro.
_________________________________________________
(Não estou sendo palhaça, nem assumindo ter publicado algo ruim “por publicar”. É que eu compreendo as restrições que algumas pessoas terão a esse livro. Mas um livro que sou eu não pode ter aprovação unânime. É como se ele portasse minhas idiossincrasias, que também não é todo mundo que suporta.)
_________________________________________________
POSITIVA
Em No Shopping, Simone Campos atacou uma (anti-)unanimidade: a sociedade de consumo. Evidente que foi coberta de elogios pela mídia e vendeu centenas de livros. Desta vez, as baterias se voltam para a chamada Cidade Maravilhosa. Isso mesmo. Nem todo mundo vai perceber, mas A feia noite é a antítese de tudo o que se associa a "Rio de Janeiro": sol, praias, afabilidade, molecagem...
As alfinetadas também se estendem à política. Francisco, o personagem principal, é "profissionalmente mau": consultor político. Maria Luiza, a menina que ele acolhe em seu apartamento, é prostituta – e com o tempo as afinidades entre as duas profissões se tornam mais que explícitas. Para completar, o livro se passa em 2002, ano eleitoral.
Mas e quanto ao mérito literário? Afinal, de nada vale uma obra catalogar todas as mazelas do mundo se ninguém agüentar ler duas linhas sem cair no sono. Também aí não há problema. Talvez seja a espiral obsessiva de Francisco, talvez seja a qualidade instigante e humana dos personagens; o fato é que o leitor acaba envolvido.
As referências são boas. Há contribuições de As mil e uma noites e Alice, de Carroll; uma certa reverência aos onipresentes anos 80; e uma declarada influência dos gibis japoneses (mangás). As passagens "filosóficas", mesmo se tornando um tanto pesadas às vezes, soam consistentes. O realismo não foi tentado; o tom é de fábula, e isso pode confundir alguns leitores acostumados com o estilo da geração a que Simone pertence (ou foi pertencida).
Com tudo isso, pode-se dizer que A feia noite é um livro negativo. Não propõe soluções; apenas tenta fazer arte com o que encontra. O resultado é bastante animador, embora seja só o segundo livro de Simone Campos; agora a espera é pelo terceiro.
______________________________________________
(A feia noite é um livro tomado pela retórica. Quem o lê sai convencido de alguma coisa, não necessariamente do que eu saí ao escrevê-lo; mas eu o escrevi exatamente com essa intenção de deixar as pessoas convictas e duvidantes ao mesmo tempo. Então mais um motivo para o joguinho das duas críticas.)
Eu tinha prometido isso há algum tempo, mas esqueci. Quando mandei o A feia noite para a editora, em 2006, escrevi duas críticas ao meu próprio livro, uma positiva e uma negativa. Eu estava cursando Redação Técnica 2 na época, quer dizer, Retórica. Encontrei agora e achei divertido. Taí.
NEGATIVA
Simone Campos fez um sucesso considerável com seu primeiro romance, No Shopping, publicado aos 17 anos. Era uma crítica ácida à sociedade de consumo toda passada em um shopping center. Freqüentou as mídias largamente e vendeu o bastante para cobrir o investimento da pequena editora que bancou a publicação.
Com tudo isso, é certo que Simone se sentiu muito pressionada pelas expectativas quanto ao novo livro, A feia noite. Talvez isso explique o hiato de cinco anos (povoado por contos esporádicos) entre No Shopping e este segundo romance, A feia noite. Talvez.
A história de A feia noite é a de Francisco, recém-separado que leva a jovem Maria Luiza para casa. Ele quer salvá-la (a princípio, não sabemos do quê), mas esbarra nos próprios desejos há muito reprimidos. O título refere-se, de maneira irônica, à mania de Maria Luiza de trocar o dia pela noite.
Como se pode ver, a história não se parece nada com a do primeiro livro. A estrutura demonstra ligeira semelhança, e só. É evidente que a autora fez um esforço para não se repetir. Suas limitações como contadora de histórias, antes mascaradas pelo picote situacional de No Shopping, neste romance ficam patentes. Algumas vezes, o tom de uma cena destoa da imediatamente anterior; cenas que, isoladamente ou num romance não-linear, poderiam até funcionar.
Este, aliás, parece ser um dos grandes problemas de A feia noite. Pretensão. Pretensão de parecer antigo, sofisticado e linear. Pretensão filosófica, sendo que a autora parece não ter estofo para tanto.
O livro não é um equívoco completo. Existem passagens, como a de x e a de y, que comprovam o talento da autora. Pode ser que fale mais a leitores da sua geração; mas por enquanto, o melhor é esperar pelo terceiro.
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(Não estou sendo palhaça, nem assumindo ter publicado algo ruim “por publicar”. É que eu compreendo as restrições que algumas pessoas terão a esse livro. Mas um livro que sou eu não pode ter aprovação unânime. É como se ele portasse minhas idiossincrasias, que também não é todo mundo que suporta.)
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POSITIVA
Em No Shopping, Simone Campos atacou uma (anti-)unanimidade: a sociedade de consumo. Evidente que foi coberta de elogios pela mídia e vendeu centenas de livros. Desta vez, as baterias se voltam para a chamada Cidade Maravilhosa. Isso mesmo. Nem todo mundo vai perceber, mas A feia noite é a antítese de tudo o que se associa a "Rio de Janeiro": sol, praias, afabilidade, molecagem...
As alfinetadas também se estendem à política. Francisco, o personagem principal, é "profissionalmente mau": consultor político. Maria Luiza, a menina que ele acolhe em seu apartamento, é prostituta – e com o tempo as afinidades entre as duas profissões se tornam mais que explícitas. Para completar, o livro se passa em 2002, ano eleitoral.
Mas e quanto ao mérito literário? Afinal, de nada vale uma obra catalogar todas as mazelas do mundo se ninguém agüentar ler duas linhas sem cair no sono. Também aí não há problema. Talvez seja a espiral obsessiva de Francisco, talvez seja a qualidade instigante e humana dos personagens; o fato é que o leitor acaba envolvido.
As referências são boas. Há contribuições de As mil e uma noites e Alice, de Carroll; uma certa reverência aos onipresentes anos 80; e uma declarada influência dos gibis japoneses (mangás). As passagens "filosóficas", mesmo se tornando um tanto pesadas às vezes, soam consistentes. O realismo não foi tentado; o tom é de fábula, e isso pode confundir alguns leitores acostumados com o estilo da geração a que Simone pertence (ou foi pertencida).
Com tudo isso, pode-se dizer que A feia noite é um livro negativo. Não propõe soluções; apenas tenta fazer arte com o que encontra. O resultado é bastante animador, embora seja só o segundo livro de Simone Campos; agora a espera é pelo terceiro.
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(A feia noite é um livro tomado pela retórica. Quem o lê sai convencido de alguma coisa, não necessariamente do que eu saí ao escrevê-lo; mas eu o escrevi exatamente com essa intenção de deixar as pessoas convictas e duvidantes ao mesmo tempo. Então mais um motivo para o joguinho das duas críticas.)
8.3.08
6.3.08
Botafogo
As transversais de Botafogo, estreitas e idílicas, são dadas a estabelecimentos os mais estranhos. De religiões exóticas a sociedades secretas, passando por jardins de infância e clínicas de aborto. (Pelo menos desconfio muito de um "laboratório" que tem ali perto do cemitério.) De vez em quando você está passando na frente de uma casa e ouve um cântico. Às vezes há filas do lado de fora. Também há as plaquetas de metal ao lado do portão anunciando que aquela é a "Sociedade dos Filhos do Sol" ou whatever.
Há variações. Na Rua Dona Mariana há uma concentração de clínicas de cirurgia plástica de gabarito que a meu ver conjugam com perfeição os três: religião exótica, sociedade secreta e clínica de aborto. Talvez jardim de infância também, por a clínica ser um gênero de fonte da juventude.
Já na rua 19 de Fevereiro você encontra O Aleph. É um laboratório de testes, mas parece uma sociedade secreta.
Na Barão de Lucena tem muita casa de festas infantil e jardim de infância. Fica no ponto oposto a onde acho que tem clínica de aborto, perto do cemitério. Na metade do caminho, na Rua Paulino Fernandes, há pelo menos uma termas. Ela fica a dois prédios da casa de festas infantil, e a três prédios do Grande Edifício de Estatal. Pelo menos a última parte sei que não é uma coincidência. A termas (previamente conhecida como "sauna") ficava do outro lado, na 19 de Fevereiro, num terreno em que hoje existe plantado um alegre edifício amarelo. Com dormitórios minúsculos.
Essas oposições são bem comuns em Botafogo. Se você ficar em frente ao portão principal do cemitério e olhar para a frente, você vê a favela Dona Marta. Em cima do cemitério também surgiu uma que não lembro o nome.
Botafogo também é grande reduto de vilas. Tem uma linda que fica do lado do motel, ou quase do lado. Esse motel fica colado com uma escola primária. As criancinhas devem adorar encostar o ouvido na parede.
Temos dois motéis em Botafogo. Seus logotipos têm um "H" com um misterioso vinco na trave de forma a se parecer discretamente com um "M".
O que mais? Botafogo não é Botafogo sem esgoto a céu aberto. Temos um famoso ponto de erupção (nosso gêiser) na 19 de Fevereiro com Voluntários da Pátria e um ou dois nas imediações da minha rua. Estamos esperando a reforma das galerias de esgoto desde que me entendo por gente. São as galerias mais antigas do Rio, pelo que se diz. Mas as otoridades preferem fazer Rio-Cidade, que é em cima e não embaixo.
A última novidade que tivemos foram os traficantes migrando do morro do Alemão (Bonsucesso-Ramos) para o nosso Dona Marta, resultando em tiroteios muito mais freqüentes. Eu moro bem longe dali. Mas às vezes passo por lá. E não gostaria de tomar um tiro na nuca (ou em qualquer lugar) à toa. Por isso desde já voto no Gabeira. Se a candidatura dele a prefeito sair, é claro.
As transversais de Botafogo, estreitas e idílicas, são dadas a estabelecimentos os mais estranhos. De religiões exóticas a sociedades secretas, passando por jardins de infância e clínicas de aborto. (Pelo menos desconfio muito de um "laboratório" que tem ali perto do cemitério.) De vez em quando você está passando na frente de uma casa e ouve um cântico. Às vezes há filas do lado de fora. Também há as plaquetas de metal ao lado do portão anunciando que aquela é a "Sociedade dos Filhos do Sol" ou whatever.
Há variações. Na Rua Dona Mariana há uma concentração de clínicas de cirurgia plástica de gabarito que a meu ver conjugam com perfeição os três: religião exótica, sociedade secreta e clínica de aborto. Talvez jardim de infância também, por a clínica ser um gênero de fonte da juventude.
Já na rua 19 de Fevereiro você encontra O Aleph. É um laboratório de testes, mas parece uma sociedade secreta.
Na Barão de Lucena tem muita casa de festas infantil e jardim de infância. Fica no ponto oposto a onde acho que tem clínica de aborto, perto do cemitério. Na metade do caminho, na Rua Paulino Fernandes, há pelo menos uma termas. Ela fica a dois prédios da casa de festas infantil, e a três prédios do Grande Edifício de Estatal. Pelo menos a última parte sei que não é uma coincidência. A termas (previamente conhecida como "sauna") ficava do outro lado, na 19 de Fevereiro, num terreno em que hoje existe plantado um alegre edifício amarelo. Com dormitórios minúsculos.
Essas oposições são bem comuns em Botafogo. Se você ficar em frente ao portão principal do cemitério e olhar para a frente, você vê a favela Dona Marta. Em cima do cemitério também surgiu uma que não lembro o nome.
Botafogo também é grande reduto de vilas. Tem uma linda que fica do lado do motel, ou quase do lado. Esse motel fica colado com uma escola primária. As criancinhas devem adorar encostar o ouvido na parede.
Temos dois motéis em Botafogo. Seus logotipos têm um "H" com um misterioso vinco na trave de forma a se parecer discretamente com um "M".
O que mais? Botafogo não é Botafogo sem esgoto a céu aberto. Temos um famoso ponto de erupção (nosso gêiser) na 19 de Fevereiro com Voluntários da Pátria e um ou dois nas imediações da minha rua. Estamos esperando a reforma das galerias de esgoto desde que me entendo por gente. São as galerias mais antigas do Rio, pelo que se diz. Mas as otoridades preferem fazer Rio-Cidade, que é em cima e não embaixo.
A última novidade que tivemos foram os traficantes migrando do morro do Alemão (Bonsucesso-Ramos) para o nosso Dona Marta, resultando em tiroteios muito mais freqüentes. Eu moro bem longe dali. Mas às vezes passo por lá. E não gostaria de tomar um tiro na nuca (ou em qualquer lugar) à toa. Por isso desde já voto no Gabeira. Se a candidatura dele a prefeito sair, é claro.
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