17.3.08

De vez em quando descubro coisas novas pelos sebos. Coisas desconhecidas de que (supostamente) só eu gosto. O pior é que eu acerto. Compro e depois não me arrependo. Senhorita ninguém, por exemplo. Romance polonês de Tomek Tryzna. Por algum motivo me interesso avidamente por autores de certos países. Escócia, Polônia e Japão são os principais.
Comecei a ler Senhorita ninguém sem grandes esperanças, porque o resumo tenta fazer do livro um panfletinho que ele não é. Enfim, dediquei-me ao livro, o dito-cujo foi me enganchando, e a partir de um determinado ponto fui coagida a lê-lo até o final. Foi fenomenal. Parece um pouco com o A feia noite. Tem uns delírios da personagem principal pelo meio, delírios absolutamente compreensíveis. A personagem principal é uma adolescente, e fiquei esperando o momento em que apareceria aquele garoto para ela, porque sempre aparece, e fiquei agradavelmente surpresa quando cheguei ao final e ele não veio. É something else entirely. É uma mistura de Tudo se ilumina, Nietótchka Niezvánova e Coraline.
Outro desse naipe que está aqui comigo é o Fossa, de uma tal de Ester Delamare. Parece que ela fez a versão brasileira daquele pop clássico japonês, Sukiyaki. Estava oito reais num sebo aí. Achei tão tosco que peguei para criar. Eu li o primeiro capítulo e gostei muito, muitíssimo. É aquela coisa: você vai encontrar semelhanças com Hilda Hilst e Clarice Lispector, mas não me inste a ir direto à fonte; isso é completamente fora da proposta. O objetivo aqui não é procurar o autor mais fodaço, e sim localizar o seu autor. Sua alma-gêmea de escrita. Dá para entender? Estou dando exemplos, não pretendo que você me siga, que compre justamente esses livros. Estou ensinando um jogo borgiano. Esticar o galho em Y e procurar a sua água. Quanto mais obscuro melhor. Mediano é bom. A variedade, a desorganização e a aleatoriedade do local pesquisado é importante, portanto prefira sebos.