18.4.08

Risa Wataya, como eu já havia dito, é uma espécie de duplo meu. É uma escritora japonesa, nascida em 84, que estreou com apenas 17 anos. Como ainda não estou nem perto de saber japonês (ainda estou no “my name is”, ou “watashi no namae wa”), fiquei esperando os livros dela serem traduzidos para alguma língua que eu conhecesse. Descobri que foram traduzidos há pouco tempo para o francês e acabei de encomendá-los. Globalização: adoro.
Quem escreve e já tentou se infiltrar no exterior sabe o quanto é fechado o mercado de língua inglesa. Os portugueses nos ajudam muito (e nós, vice-versa). Mas os alemães são mais abertos, e os franceses podem ser classificados como escancaradíssimos: são doidos por novidades exóticas. Livros de jovens autores estrangeiros saem a rodo, e as pessoas se interessam. No caso de Risa Wataya, ajuda também o fato de ela ser mechalaureada; no Japão os grandes prêmios literários não vão só pros medalhões encanecidos, até num esforço para popularizar a literatura entre os jovens. Hélas...
Install (relevem a capa), a estréia de Wataya, conta a história de uma colegial de dezesseis anos e de um garoto de dez que abrem um site pornô e se fazem passar por adultos para tocar o negócio. Mas dizem que o melhor é o segundo, L’appel du pied (O chamado do pé) -- cujo título original foi traduzido para o inglês como The back you want to kick (As costas que você quer chutar... genial!) -- que, claro, também é ambientado num colégio.
Eu não sabia muito sobre os livros, apenas que tinham personagens dimenores e se passavam em colégios. Engraçado porque nisso eu já tinha praticamente terminado meu Conto japonês: Mousmé, que também se passa numa escola; e agora que descobri os detalhes dos enredos de Wataya, meu Conto do Clóvis (ainda sem título definitivo) já tem um rapaz de uns 20 anos com um servidor pornô dentro do quarto...
Acho que incorri em pré-plágio. De novo. Meses depois de No shopping, José Saramago lançou A caverna. Detalhes aqui.