Isso ia entrar no final do livro, mas não entrou. Enjoy.
Observações paraliterárias
Mousmé - Conto japonês - O diálogo entre a menina e o vendedor ocorreu realmente, num sebo já extinto. O curioso é que eu nunca tinha lido Mishima, embora soubesse quem ele era. Inseri o diálogo num conto já começado e ele desabrochou magicamente. Quando terminei a versão preliminar para enviá-lo para a seleção da Petrobras, pensei que pegaria bem ter lido Yukio Mishima. Comprei dois livros seus em sebos e, embora “Confissões de uma máscara” fosse mais falado, comecei por “O templo do pavilhão dourado” – que forneceu a epígrafe para este meu “Conto japonês”. Mas a principal inspiração para esse conto foram todos os mangás (quadrinhos japoneses) que li.
Herói foi uma encomenda da Editora Azougue para uma coletânea de contos eróticos. O voyeurismo de Darel foi inspirado pelo “aquário” que é a sede da editora (edifício Odeon, Cinelândia).
Composição é uma volta ao shopping pelo ângulo de quem trabalha lá (contraposto ao de quem consome). A idéia surgiu numa visita a um shopping paulista (na verdade, a vários).
Segundo andar - A gradativa aglomeração de clínicas e empresas foi tornando a rua Dona Mariana menos e menos segura, pela falta de porteiros e pedestres no fim-de-semana. Imaginei a história “em reverso”, juntando pedaços de coisas observadas em todas as adoráveis transversais do bairro de Botafogo com pedaços de várias fábulas.
Tabu surgiu com a costura de várias experiências como pesquisadora, inclusive na Biblioteca Nacional. Aproveito para agradecer ao Jorge, da seção de Periódicos, pela força.
Elidu – Vi a cena da menina empurrando a cadeira de rodas da avó desmontada e imaginei o resto. Li alguns livros sobre tráfico de mulheres enquanto escrevia o final, como O ano em que trafiquei mulheres, de Antonio Salas.
O último dia – O fechamento de um colégio onde estudei, em 2002.
Wifi – A idéia mesmo surgiu depois de tentar um concurso público e de assistir algumas reportagens na TV sobre como o brasileiro era criativo em matéria de burlar a lei para obter vantagens pessoais. Já com o conto encaminhado, por acaso assisti a uma montagem do balé Coppélia (por sua vez inspirado no conto Der Sandmann de Hoffmann, que eu nunca li). O final foi inspirado por um sonho em que um robô saía do prédio da MTV e dizia: "Quero entregar minha alma a satã. Preciso fazer sexo com um cartão de crédito".