21.5.09

esse modelito da estação passada

Calma, citei Legião Urbana mas não é sinal de demência! Aliás, foi depois de ouvir Flores do mal no rádio que relaxei e admiti que não suportava Legião Urbana mesmo: era ruim. Antes eu ainda tentava contemporizar, ouvir aqueles disquinhos pseudo-românticos nas festas das minhas amigas (e as rodas de violão!) sem reclamar, mas... depois de ouvir esse verso, exatamente esse, do modelito da estação passada, sendo cantado com toda a pompa e gravidade renatorussianas, OK, joguei a toalha...

Mas divago. Eu ia falar era das batinhas. Essas batinhas de grávida que vêm vendendo desde 2002 como "blusa-padrão".
Muitas vezes fico achando que encontrei a blusa perfeita, mas assim que a tiro do cabide percebo que o corte perfeito dos ombros vai abrindo, abrindo, até chegar ao quadril duas vezes maior que o mesmo. Perfeito - como sacão de batata. Vestir saco pra mim é luto ou gravidez.
Antes das batinhas, vendiam-se as baby-looks, lembra? Blusas curtas demais, que mal cobriam o umbigo (se é que chegavam até ele), divulgando o baconzinho de tantas dietas à base de biscoito. E eu usei? Sim, até os 19 anos. Depois, comecei a achar ridículo.
Isso tudo é opinião pessoal, mas reparei numa coisa: quando a moda muda, eu não a sigo. Primeiro, eu a questiono.
Tenho meu estilo; se as coisas que eu gosto vão ficando muito difíceis de ser encontradas, porque a moda do momento não casa com elas, eu me recuso a comprar o que a moda oferece só para acompanhá-la.
Meu gosto não permanece exatamente o mesmo, claro - ele muda gradualmente, assim como o meu corpo, minha idade, minhas experiências - mas certamente não muda a cada estação, como a indústria da moda gostaria.

Não vou jogar minhas blusas berinjela fora porque alguém decidiu que isso está out. Eu fico bem de berinjela. Eu, hein.
Também não vou ficar putinha se o berinjela entrar na moda e todos começarem a dizer que usavam berinjela desde criancinhas. Vou é estocar boa berinjela. Eu sei que aquela batinha berinjela não vai ficar bem em mim e a jaqueta sim, enquanto que a pessoa desesperada vai comprar qualquer coisa berinjela, mesmo que a cor não a favoreça, mesmo que a peça seja medonha, só porque o berinjela está na moda e ela precisa usar berinjela.

(Prometo não usar a palavra "berinjela" de novo até o fim desse post.)

O mesmo vale para as ideias. Os movimentos literários vêm e vão, o que você faz sai e volta à moda, mas você - em "essência" - continua quase igual. O que te interessa e o que você produz a partir disso não muda tão radical nem tão rapidamente quanto a lista de mais vendidos exigiria.
E não há nada de errado com isso. Deixe a moda se afastar, relaxe, use o que você gosta. Um dia ela volta. Ou não. Mas aí você será o único usando... para o bem e para o mal.