21.7.09

como não fazer um romance pop

Acabo de me dar conta de que atualmente estou escrevendo uma monografia para a faculdade, uma história em quadrinhos bastante escrachada e dois romances: um sério com uma pitada de scifi e outro de estrutura mirabolante com tema nerd-pop (tirei essa definição da orelha agora). Para mim, mais do que apenas fácil, trafegar entre as linguagens e os níveis culturais de cada projeto chega a fazer bem. Oxigena minha cabeça. Passei cinco anos obcecada com os personagens de A feia noite, meu segundo romance, simplesmente porque tinha decidido me concentrar "só naquilo" e deixar os outros projetos para depois. Big mistake. Enquanto outras pessoas precisam se concentrar em um projeto para fazê-lo render, eu preciso mesmo é diversificar - para arejar.

Enquanto escrevo e planejo o meu romance de estrutura mirabolante com tema nerd-pop, me veio à mente quantos erros já vi autores cometerem ao querer colocar uma pitada pop em seu romance. Me vieram à mente coisas que não se deve fazer de jeito nenhum:

- batizar personagens com o nome de seu personagem obscuro de HQ favorito;
- citar a(s) banda(s) indie(s) mais foda de todos os tempos da última semana, especialmente para caracterizar algum personagem (isso não funciona nem dentro da semana - de fato, isso não funciona com banda nenhuma, e diria até que com escritor nenhum);
- salpicar referências a esmo quando precisa fazer uma sequência de sonho ou fluxo de consciência;
- fazer de algum personagem um especialista (a não ser um especialista soft, ou para ridicularizá-lo, ou então para jogá-lo num tanque de jacarés - recompensar o leitor, excelente técnica narrativa).

E a regra que engloba todas as anteriores: não tente demonstrar como é profundo conhecedor de todas as formas de cultura, na faixa "olha como sei ser tosco & sofisticado!" (faça como eu, deixe isso no blog). Poucos compartilharão do seu precioso repertório, e isso não lhe trará a glória, tampouco inimigos invejosos, mas meros bocejos. Além de ser chato, ainda costuma mascarar uma profunda falta de vontade/ capacidade em contar alguma história que preste. Pronto, falei.

Apesar de No shopping ser chamado de romance pop, fui comedida na citação de bandas. Citei Massive Attack e Britney Spears, pelo que me lembro, e mesmo assim sem muita fanfarra.
Acho que este meu novo romance exibirá um certo parentesco com No shopping na medida em que o pop foi incorporado a sua estrutura, e não implantado no texto feito silicone.