22.7.09

Tenho recebido muito feedback do Amostragem complexa de gente do Sul e do Nordeste, mas nenhum do Rio. Às vezes tenho a impressão de que as pessoas daqui não leem mesmo e, se leem, não se empolgam. Não é só comigo não. Ando nos mais diferentes meios - jovens, ricos, pobres, velhos, sarados, sedentários - e, exceto pelo pessoal de literatura, a única conversa literária que ouço aqui é assim:
- Puxa, adoro Clarice Lispector.
- Ah, Clarice!
E é óbvio que você não leu mais de uma crônica por email dela em toda a sua vida - e, se bobear, nem era dela, e sim um Mude tosco da vida.
Vejo minha mãe comprar livros do João Ubaldo Ribeiro que empilha em sua cabeceira e não lê. Ela chegou a me dizer, sobre a Flip, que é muito mais legal encontrar um autor do que ler o livro dele. O marido dela lê muito, pelo menos, mas geralmente só livros de história e negócios.
Eu sinto falta, no Rio, é de gente se empolgando com algum livro. Não importa qual. Às vezes parece que só eu me empolgo aqui. Falo de livros e os empresto pra todo mundo, de acordo com a personalidade do interlocutor, é claro. E geralmente as pessoas se interessam, e depois chegam a me agradecer por ter apresentado o tal livro pra elas. Minha irmã postiça (ela é de Curitiba) e meu amigo Ismar (ele é escritor) estão nessa categoria, mas fico orgulhosa mesmo é pela minha avó, carioca da gema, ter gostado tanto de Clube da Felicidade e da Sorte.