Fiz a planta para saber se isso existia mesmo ou era Escher.
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As coisas esdrúxulas que uma pessoa faz quando escreve um livro. Devo ser das pessoas menos preocupadas com coisas como exatidão e verificação "científica": se exercesse mesmo o jornalismo, eu teria que me forçar a ser atenta ou viveria nas erratas até ser despedida. Só fiquei curiosa para saber se tinha inventado algo plausível.
Apenas um detalhe era arquitetonicamente improvável: o outro quarto dar para o poço de ventilação. Apartamentos antigos são bem mais generosos: um quarto de frente prum poço de ventilação seria algo impensável. Agora este quarto dá para a parede, pronto.
Também descobri que o apartamento de Francisco é de fundos e seu quarto é lateral.
Cheguei a pesquisar normas da ABNT:
"Nos últimos anos, tem renascido o interesse na promoção das boas práticas de projeto de iluminação natural por razões de eficiência energética e conforto visual. O uso otimizado da luz natural em edificações usadas principalmente de dia pode, pela substituição da luz artificial, produzir uma contribuição significativa para a redução do consumo de energia elétrica, melhoria do conforto visual e bem-estar dos ocupantes. A luz natural possui uma variabilidade e qualidades mais agradáveis e apreciadas que o ambiente proporcionado pela iluminação artificial. Aberturas, em geral, proporcionam aos ocupantes o contato visual com o mundo exterior e permitem também o relaxamento do sistema visual pela mudança das distâncias focais. A presença da luz natural pode garantir uma sensação de bem-estar e um relacionamento com o ambiente maior no qual estamos inseridos."
Dado que o livro tem gente trocando o dia pela noite e vedando as janelas com papel-cartão preto, achei uma certa graça.