28.2.06

Resolvi pular carnaval eletrônico. 7 horas direto. Um dos meus poderes mutantes, como já disse em post anterior, é pular sem me cansar. Claro que ajuda se a música for boa. Portanto, fui atrás do Mauricio Lopes. Eu tinha duas opções: a rave de 40 reais no meio do nada em que ele faria apenas a abertura, ou o long set só-dá-ele na Fosfobox, 15 com filipeta. Pela relação custo-benefício, escolhi a segunda.
Pela primeira vez em toda minha história de stalker do Mauricio Lopes reconheci umas musiquinhas (estraçalhadas, claro) com certeza. Adonis - No way back (waaay back). Underworld - Kittens. Um Vitalic. Um Autechre recente (Gantz Graf, talvez). Estou orgulhosa.
Como pude esquecer... parte dois.

Outra coisa 1996/7: Da Hool - Meet her at the loveparade. Bom pra jogar Heretic também. Se você ainda não lembrou, vai lembrar quando ouvir: baixe aí.
Como pude esquecer... do vômito nas calçadas e transportes públicos, azedando até 4a de cinzas que antes disso ninguém vai limpar. E da purpurina nas maçanetas, corrimãos, torneiras, paredes... everywhere people touch.

26.2.06

Carnaval pra mim é assim

A cidade fica diferente essa época. O vento pára e fica quente mesmo sem sol. Você vê estopas no chão e estilhaços nas esquinas. Cheira a protetor solar e queimado - álcool, nos elevadores e orelhões. Não tem ninguém na rua, estão todos em outro lugar o qual não se sabe. O silêncio é mortal. Aqui e ali se vê um mendigo, uma bermuda cítrica adolescente. No domingo a calçada vai estar cheia de cocô de cachorro e confetti pisados, e então você vai ouvir vozes isoladas discutindo engrolado. Sirenes. Helicópteros e aviões no céu, o tempo todo.

(Agora é realmente fashion detestar o carnaval, e eu pessoalmente nem sempre detestei; quando era pequena e não entendia as implicações.)
Eu não sei porque quando mandam a pessoa pensar num lugar calmo e tranqüilo nos filmes, é sempre um campo verdejante, com cachoeira, pássaros etc.
Eu tenho tido um sonho com meu lugar de relaxamento. Não tem nem um pouco de verde. É cinza-azulado: uma cidade à noite. Uma cidade italiana, eu diria, de prédios nunca muito altos, residenciais. Os rooftops de brasilit, ardósia e cimento não cedem aos meus pés. A brincadeira é a seguinte: estou como que cheia de hélio e posso flutuar ou aterrisar graciosamente (eu o faço sempre numa ponta de pé bailarínica). Observo as pessoas nos bailes, na ópera, chegando em suas casas. Eu conheço a cidade por cima e vôo aonde quero ir, sem pressa, me sentindo ótima. Eu ainda tenho que lembrar o que exatamente visto nesse sonho, mas sei que tem inspiração anos 40 pra baixo e esvoaça.

25.2.06

Meu The Sims travava toda vez que eu tentava fazer meus Sims saírem de casa para espairecer. Estava quase desistindo de sair para a vizinhança e colocando Tous les garçons et les filles na rádio para meus personagens poderem chorar melhor seu isolamento forçado quando descobri: a vizinhança travava por causa de uma música em formato .ogg que coloquei nela.

24.2.06

FRANCISCO
Você não pode ficar preso nos anos 80.

MARIA LUIZA
(achando vagamente engraçado)
Claro que pode.


Isto não é do livro novo. É do roteiro do livro. Em breve vou pegar minha redinha e começar a caçar diretores de cinema nacional.
Lembrei por causa da recompra dos bradies (títulos da moratória do Sarney) e por causa do início da coluna da Míriam Leitão:

"Estamos virando uma página, a página dos anos 80", disse ontem o secretário do Tesouro, Joaquim Levy.

Economia é legal apenas quando e se você delirar em cima dela.

(E a propósito: argh.)

22.2.06

don't want no Sh0Rt d1ck man

Já recebi tantos spams dizendo como aumentar meu pênis pequeno que já estou ficando com complexo de inferioridade.

20.2.06

Jogos de guerra contra máquinas mortíferas

Eu conheço marketing. Eu ia fazer Publicidade. Digo isso com o mesmo orgulho de ter sido da Igreja Universal; deixa as pessoas com medinho. Na verdade, gosto até de misturar os dois às vezes e dizer que, aos 15 anos, fiz o jingle de campanha e prestei serviços de assessoria de imprensa ao candidato evangélico que teve votação recorde. Scary, huh. Funciona como informar aos outros países que minha pátria possui armas nucleares e que isso deve ser levado em conta nas negociações. Mas hoje uso só em cogitações estratégicas e defesa. Por exemplo: com o mesmo fervor que creio que uma bala que anuncia ter somente 2 calorias e refresca o hálito só pode estar direcionada a anoréxicas e bulímicas, acredito que ser desejada Feliz Aniversário por uma máquina é ofensivo. Ainda mais quando a máquina dá conselhos sem dúvida escritos por algum estagiário do 2o período de marketing da UniverCidade - Pense em coisas boas. Alimente seus sonhos. Perca o controle. Grite. -, com sérios erros de coerência, e sem dar qualquer desconto ou vantagem.
E rememoremos minha fiel placa de som SoundBlaster 16, slot ISA, que me serviu de 1995 até o início do ano passado (ê, placa boa) até ser dada para o meu primo, onde continua servindo.

19.2.06

the tiniest weirdest playlist

1. Blue Nond - Land of Love
2. Bill Withers - Just a Two of Us
3. Radiohead - Life in a Glasshouse

Sabe praquê serve? Pra jogar Heretic - eu ainda tenho.*
Eu ligava o rádio porque o jogo ficava lento com música. E era isso que passava nas tardes de 1996**, todas as tardes, que parecia que os programadores só faziam mudar a ordem das músicas. Eu esperava que os problemas de memória cessassem com a multiplicação dos hertz nos processadores e da RAM nos pentes, mas o DOS parou no 6.2 (né?) e o Windows o engoliu. Hoje tenho um emulador de DOS que roda tão lento quanto o original sob meu Pentium IV 3 GHz.***

* Afinal, quando você começa a assassinar seus Sims em série, você sabe que é hora de mudar pro first-person shooter.
** Sei que Life in a glasshouse não existia em 1996, mas quando ouvi tive a visão de que era perfeita para o episódio aquático com mosaicos de lápis-lázuli.

Mosaicos de lápis-lázuli. We are hungry for lynching.


*** Já que estamos no assunto (não leia se não quiser spoilers da 2a temporada de Lost ou se isso simplesmente não o interessa): eu ia apontar o brinquedinho do Desmond como um C64, mas aqui diz que é "Apple II- inspired" - e pensando bem, tem que ser, porque o bunker é de 79/80.

13.2.06

Great space for telling

Quando você acorda de alguns sonhos ou realidades, você descobre que tem que contar aquilo. Você tem que passar aquilo adiante. É crucial.
Quando eu era pequena, descobri um espaço pra fazer isso, que eu precisava. Os livros.
Tinha a família, pra quem eu tentava contar e obtinha reações adversas. Pra eles eu devia precisar de um psicólogo, vergonha.
Embora ainda sejam espaços ideais, os livros não dão conta de alguns snippets.
Descobri um significant other. Aprendi o gosto do ping-pong. Antes era só eu--> pessoas que não entendiam, livros/filmes--> eu.
Então agora tem os blogs, e quando eu fico oh I gotta tell this, conto. Mensagem na garrafa.
*Em vez de fazer reportagens sobre "jovens empreendedores" (pessoas de seus dezenove anos com os olhos horrivelmente saltados), queria ver uma única revista que fizesse reportagens sobre o "jovem faz-nada". "Horácio tem 22 anos e nunca trabalhou. Quando adolescente, ele passava seus meses jogando counter-strike; agora, dedica-se à leitura de livros comprados baratinhos em sebos e à contemplação inspiradora. Nas horas vagas, legenda filmes piratas que distribui ilegalmente através de um servidor que mantém com alguns amigos, também fora do mercado de trabalho no momento." Isso poderia apaziguar muitos pais.

*Hoje me ocorreu que signos são a invenção perfeita pra justificar o inexplicável. "Sacaneio as pessoas porque tenho Áries em Marte", "Assassino padawans por causa do maldito Capricórnio na Lua." etc.
A exceção que confirma a regra.

Sempre que você está escutando algo no Winamp e entra algum fundo musical de uma página com fundo musical, é pior do que o que você está ouvindo.
Certo?
Menos aqui.

12.2.06

Alguém lembra da Feel so real do Moby? Pois é. Sonhei com ela.
Foi a primeira música dele nas paradas, se não me engano. O sonho envolvia uma galeria de arte num sombrio restaurante familiar inspirado na ópera de Dom Quixote ("a mais encenada em todo o mundo"). Rezava a tradição que os quadros tinham de ser substituídos pela nova proprietária (eu) mas sem perder o estilo. E eu estava começando a pegar o jeito.
Fazer um pouco de "mágica" todo mundo quer. Alguns fazem o que foram mandados por livros de auto-ajuda, como escrever a fórmula concisa do que se quer quinze vezes ao dia em pedaços de papel, ou repetir em voz alta para si próprio. Eu já acho que temos que descobrir nossas próprias regras.

8.2.06

Uma cidade ficando careca, deixando crescer e penteando pro lado.
Santos se perseguindo pela parte excomungada do dia.
Prostituições financiando ascensões espirituais.
Assombrações pré-cambrianas e pré-atarianas.
Marqueteiras diletantes e cabelos mutantes.
Gente fugindo do robô gigante berrando com as mãos pro alto.
Abajures e dimmers no mínimo.
Andróides com defeito.

Coloquei a sinopse no site. Na verdade, a 4a capa e a orelha provisórias.

6.2.06

Primeiro, eu era uma assassina esfregando as manchas de sangue do chão.
Depois, trabalhadora da mina de sal grosso.
Depois, recolhedora de purpurina mal-moída.
Não, não foi sonho. Foi um blindex partido. Inexplicavelmente.

Se você reparar, o que eu escrevo acontece. A purpurina mal-moída acontece no livro novo, além das duas estocadas que também aconteceram, com impressionante precisão.
Não sei o que isso quer dizer. Talvez tenha a ver com o fato de eu lembrar de todos os meus sonhos. Talvez a minha fronteira entre o inconsciente e o real seja meio mal-policiada.

3.2.06

Sinto-me como K. livre de seu Processo

Em um só dia, obtive meu diploma universitário, minha confirmação de manutenção de vínculo para Produção Editorial & fiz o novo crachá de identificação para entrada no campus.

On a minor note, meu primeiro Sim-romance rendeu 2500 e poucos simoleons e o segundo, 3550 e poucos. Eu arregalei os olhos quando soube.



(Eu estava obviamente à l'aise.)

1.2.06

Omigod omigod.
Isso deve fazer sucesso no Japão.
Gantz Graf salva

A aspirina foi absolutamente ineficaz. Foi sentar na frente do computador, colocar Gantz Graf no loop e... batata. Acho que a dor-de-cabeça ficou assustada.