18.5.06

Hoje dei outra volta por sebos. Queria encontrar a Kalocaína de Karin Boye. Encontrei logo de primeira e fui passear. Tinha um romance do Paulo Francis (e eu nem sabia que ele era romancista) chamado As Filhas do Segundo Sexo. Achei gozadíssimo (entenda como quiser), me arrependo de não ter levado. O Kalocaína acabei hoje, também ótimo. Ficção em estado totalitário anterior a 1984 (o livro, não o ano; 1984 foi escrito em 1948 e Kalocaína em 1941). Mas 1984, convenhamos, é um pouco chato; Kalocaína não. Parece Clarice Lispector misturado com V de Vingança (HQ), Suicide Club (filme) e Evangelion (anime). A pergunta are you connected to yourself, a perda do medo que impede as atitudes que realmente desejamos tomar, a conexão entre indivíduos fora (além!) da organização social - tudo isso. Descobri Kalocaína lendo isso aqui, que também tem outros textos interessantes. O único senão é a capa - aquelas capas horrendas dos anos 70 que tentam imitar as da Civilização Brasileira. Parece ser uma mulher pelada na penumbra ao lado de uma barafunda indefinida que se assemelha a um rosto. Tudo isso roxo-berinjela, para combinar com o nome do sebo.
As Filhas do Segundo Sexo são duas novelas. Uma conta a história de Mimi, moça tolinha que começa a dar involuntariamente e depois passa a dar voluntariamente - phoder por poder, get it. Lá pelo meio Mimi tem um caso com uma socialite (descobri na biblioteca do Santo Inácio, onde aliás estudou Paulo Francis, que a chance de você abrir um livro usado e cair numa página com algum conteúdo sexual é muito alta, já que geralmente são as páginas que ficam mais abertas e por mais tempo). Eu achei a narrativa, pelo menos o que li, muito boa - diferente de coisas como A estrela sobe do Marques Rebelo, que é fundamentalmente a mesma coisa, e que li na biblioteca do Santo Inácio. Droga, eu devia ter comprado. Até para descobrir sobre o quê era a outra novela.