28.6.06

cluelessness

Meu cabelo está azul e mantenho um blog - isso causa uma certa confusão, acabam me colocando num balaio de siameses quando sou angorá. Por um lado acho ótimo essa confusão, o leitor não tem nada que conhecer the real me, isso é pros amigos (que agüentem). Mas pelo bem da literatura eu acho bom organizar essa gôndola um pouco. Ironicamente, para isso eu vou ter que falar de mim.
É que, veja bem, eu não sou desestruturada e confissões-de-adolescente; fui evangélica durante toda a adolescência, ao mesmo tempo em que freqüentava clubs e raves - sem qualquer uso de bebidas, fumo ou drogas, e mesmo de beijos. Não era privação forçada, era um suave desprezo lúcido. Atenção e implicância insistentes e tendenciosas, que aplicadas a outras mocinhas produziram resultados fora de série, me congelam instantaneamente de dentro para fora.
Eu sou um personagem inverossímil: quando conto minha história as pessoas burras acreditam, as comme-ci comme-ça me chamam de mentirosa e as inteligentes ficam com água na boca.
Eu acho isso meio transgressor e sincrético, porque se houve uma era em que o cool era incompreendido (certo, Ferris Bueller?), hoje em dia é cool ser cool. Já existe mais aceitação para o tipo certo de escrotice, o que acho ótimo, mas a total incompreendida da vez é a falta de noção. Às vezes ela é saudada por risos nervosos, às vezes apedrejada em praça pública; mas colocada no pedestal, ah, isso não. Ainda não.