10.9.07

pequena reflexão

Se leio um livro e fico pensando, essa pessoa de quem o alter ego mal-disfarçado do autor fala, acho que sei quem é, ou aposto que essa pessoa existe, isso estraga o livro para mim. É que tenho uma imaginação maldita que triangula tudo. Imagino logo o autor falando com a tal pessoa e observando tudo com avidez de caninos pontudos, observando seus maneirismos e a reação dos circunstantes a ela, tomando notas mentais para depois escrever. Aí fico com raivinha do escritor, e não consigo esfregar as mãos junto com ele, cupincha, e rir porque compartilho de sua noção do quanto o indivíduo retratado é ridículo. Um livro assumidamente todo baseado nisso, no entanto, teria seu interesse (estou atrás de um com esse perfil).
Suponho que personagens de livros famosos e bons tenham sido inspirados em pessoas reais - penso em Clare Quilty, de Lolita, e no Gatsby de O grande Gatsby -, mas o aspecto vingancinha é completamente perdoável quando a pessoa "vampirizada" ganha vida própria no papel.