30.9.07

“Será isso uma das muitas formas de escapismo de uma sociedade doente e entediada a essa realidade saudável e dionisíaca que é sempre a marca da boa música popular? Evidentemente. A música com saúde passou a constituir um elemento “Onézimo” no ambiente escuro e enfumaçado das boates pequenas. As estátuas de talco precisam – para serem convenientemente cantadas pelos manequins de cera – de ritmos emolientes, pervertidos e agônicos à meia-luz de pistas de dança mínimas, pois o amor das estátuas e dos manequins não pode se executar senão à vista dos demais. E como é um amor que, em geral, não resolve, que lhe resta senão exibir-se? E para exibir-se, que lhe resta senão estimular a morbidez dos ritmos que propiciam essa exibição?”

Isso foi escrito há mais de cinqüenta anos por Vinicius de Moraes sobre o bolero, na revista Flan - mas se aplica otimamente ao emocore movido a fotolog.
Quero ser feliz, pô. Dançar que nem a Bjork e sorrir na pista de dança. O engraçado é que as estátuas te olham condenando, como se você fizesse aquilo só pra aparecer (mais do que elas). Devia fazer a dança da bundinha nelas, quem sabe entusiasmo pega.
My hips don’t lie: é melhor ir nas festas de eletrônica, lá pelo menos o clima é mais dionisíaco.