Os pais não querem traumatizar os filhos dizendo não (ou não querem ter esse trabalho) ou impondo restrições - por exemplo, andai pelo shopping e verás pais distraídos batendo papo enquanto crianças barbarizam no degrau seguinte da escada rolante. Isso sempre existiu, mas antigamente, quando a mãe se dava conta, puxava a criança pela camisa para perto, morrendo de vergonha; hoje, você tem que reclamar para a mãe te dirigir um olhar de supremo desdém e continuar a conversa com a outra mãe - ou dizer casualmente "Pára, Paulinho" (sem ser ouvida nem obedecida), ou ainda "eu, hein, eles não tão fazendo nada".
Acho que estamos nos tornando um mundo de bananas, onde ninguém quer punir porque não tem colhões pra admitir que é capaz de fazer sofrer, e nem que frustração forma o caráter. Mas essa pirralhada sem limites cresce, e aí (depois de um ambiente escolar infernal) temos uma sociedade sem contrato, onde as pessoas fazem burradas primárias umas contra as outras e ninguém as pune por isso - e nem mesmo se afasta delas por isso. Mas em situações de confronto, um adulto babaquinha acaba ferindo outro adulto babaquinha onde dói. Resultado: os traumas são vividos com maior intensidade, só que na idade adulta. Aí o mundo da pessoa desaba e talvez alguém receite remedinhos para ela se sentir melhor. Tenho visto cada vez mais isso.
Comentário feito a isso aqui, aumentado para ficar com tamanho de post.