Se você não tem idade para ler o OWNED - Um novo jogador, pode ler os livros-jogos infanto-juvenis que deram origem a ele. Eu os li quando era criança e achava divertidíssimos. Livros-jogos são livros de aventura que oferecem escolhas ao leitor e têm vários finais diferentes. Os links abaixo apontam para a central de sebos Estante Virtual, onde você pode adquiri-los baratinhos:
Série Enrola e desenrola
Série Aventuras fantásticas
Caso prefira edições mais recentes, e não do fim dos anos 80, a editora Jambô republicou alguns livros da série Aventuras Fantásticas em português.
Tive a ideia de fazer essa indicação por causa de algo que aconteceu hoje depois da palestra no CCBB. Uma menininha parou do meu lado e perguntou:
-- O seu livro-jogo é para a minha idade?
-- É pra maiores de 18 anos. Você tem quantos anos?
-- Oito anos.
-- Então, se você tivesse uns 15, já dava para ler. Pelo jeito, vai ter que esperar. É sobre videogame... eu também adoro videogame, desde que tinha a sua idade. Você ia gostar. Guarda pra depois.
Lembrei dela na plateia: ela passou a palestra inteira jogando num Nintendo DS (era Tetris). A mãe disse que ela só levantou os olhos do DS quando falei em livro-jogo durante a palestra. Gente, chorei.
P.S. Como me sinto quando uma menininha gamer fala comigo depois da palestra:
14.10.12
20.8.12
Gratuidade
Muitas bibliotecas possuem pelo menos um exemplar impresso de OWNED - o novo jogador. Para ler o seu, baixe a lista de bibliotecas onde ele está disponível (em formato Excel). A versão online, como sempre, continua disponível em novojogador.com.br
12.8.12
História do cabelo ou Dark & Long
*Aviso: Este texto parte do pressuposto de que cabelo é poder.*
As heroínas da era dos videogames 2D podiam ter cabelos longos, bastos e soltos. Ou melhor, era quase um requisito. Afinal, a maioria delas era um monte de pixels e/ou tinha pouca necessidade de animação.
Samus Aran (em Metroid, 1986). Jill of the Jungle (1992).
Mas cresci mesmo foi na era dos adventures, jogos com muito humor, muita história e muitos puzzles. As heroínas de adventures tinham cabelos maravilhosos. Na maioria, cabelos encaracolados. Severamente encaracolados.
Mas isso durou até mais ou menos 1994. Aí veio o que pode ser tachado de Era 3D. Uma época com muito mais ação, onde os personagens tinham que ser visíveis por todos os lados.
Só que em 1994 os PCs domésticos tinham o vídeo tosco e o processador lerdo. Esse mundo 3D precário teve que usar polígonos - faces de pequenos sólidos virtuais, uns emendados nos outros - para delinear os corpos ao redor dos quais deveria rodar a "câmera".
A questão é que cabelos não ficavam nada bons em polígonos. Polígonos não dão ao cabelo aquilo que os comerciais de xampu chamam de movimento.
Em Tomb Raider 1 (1996), por exemplo, a heroína usava uma espécie de coque amarrado com barbante. Bem fácil de animar. Nem balançar balançava. Feioso... mas prático. Provavelmente, seria a minha escolha se eu me metesse a arrombar tumbas na vida real. Ha.
No Tomb Raider 2, esse coque foi substituído pela famosa trança. Esta sim balançava conforme Lara corria, nadava, pulava. Ainda assim, era uma trança constituída de um monte de polígonos. De qualquer modo, a atenção dos animadores nunca esteve dedicada a este grupo de polígonos, entende.
Quando refizeram a Elaine de Monkey Island para a Era 3D, estilizaram o cabelo dela. Ficou um negócio duro, que não fluía. Tudo por causa dos malditos polígonos, que não trabalham com cabelos longos, muito menos encaracolados.
Mas o tempo passou, e a tecnologia deu outra virada.
Estava eu jogando a mais recente versão do Prince of Persia (de 2008), e notei que estavam animando alguns inimigos com vetores ao invés de polígonos.
Eu imediatamente pensei: podiam fazer disso cabelo.
Dito e feito, alguém foi lá e fez isso.
Bayonetta (2010) é um jogo completamente insano onde você é a personagem-título, uma bruxa que tanto se veste como ataca com o cabelo (a conveniente consequência disso é peladismo na hora do fatality). Não só com o cabelo; ela tem todo tipo de ataques divertidíssimos, com armas as mais variadas. Em Bayonetta, afinal, o cabelo virou uma espécie de protagonista do jogo, ao que sou toda aplausos.
Enfim, animação vetorial: uma solução para o problema do movimento. Mas e quanto a cabelo encaracolado? Bem, a cabeleira ruiva da Merida, da animação Valente (2012), é muito bem animada no filme, mas completamente parada nos videogames inspirados nele. Fiquei tristíssima; ainda não chegou o revival dos caracóis nos games. Mas aguardo e confio.
As heroínas da era dos videogames 2D podiam ter cabelos longos, bastos e soltos. Ou melhor, era quase um requisito. Afinal, a maioria delas era um monte de pixels e/ou tinha pouca necessidade de animação.
Samus Aran (em Metroid, 1986). Jill of the Jungle (1992).
Mas cresci mesmo foi na era dos adventures, jogos com muito humor, muita história e muitos puzzles. As heroínas de adventures tinham cabelos maravilhosos. Na maioria, cabelos encaracolados. Severamente encaracolados.
Zanthia, de Kyrandia: Hand of Fate (1994) e Elaine, de Monkey Island (1990)
Só que em 1994 os PCs domésticos tinham o vídeo tosco e o processador lerdo. Esse mundo 3D precário teve que usar polígonos - faces de pequenos sólidos virtuais, uns emendados nos outros - para delinear os corpos ao redor dos quais deveria rodar a "câmera".
A questão é que cabelos não ficavam nada bons em polígonos. Polígonos não dão ao cabelo aquilo que os comerciais de xampu chamam de movimento.
Em Tomb Raider 1 (1996), por exemplo, a heroína usava uma espécie de coque amarrado com barbante. Bem fácil de animar. Nem balançar balançava. Feioso... mas prático. Provavelmente, seria a minha escolha se eu me metesse a arrombar tumbas na vida real. Ha.
No Tomb Raider 2, esse coque foi substituído pela famosa trança. Esta sim balançava conforme Lara corria, nadava, pulava. Ainda assim, era uma trança constituída de um monte de polígonos. De qualquer modo, a atenção dos animadores nunca esteve dedicada a este grupo de polígonos, entende.
Entende?
Quando refizeram a Elaine de Monkey Island para a Era 3D, estilizaram o cabelo dela. Ficou um negócio duro, que não fluía. Tudo por causa dos malditos polígonos, que não trabalham com cabelos longos, muito menos encaracolados.
Mas o tempo passou, e a tecnologia deu outra virada.
Eu imediatamente pensei: podiam fazer disso cabelo.
Dito e feito, alguém foi lá e fez isso.
Bayonetta (2010) é um jogo completamente insano onde você é a personagem-título, uma bruxa que tanto se veste como ataca com o cabelo (a conveniente consequência disso é peladismo na hora do fatality). Não só com o cabelo; ela tem todo tipo de ataques divertidíssimos, com armas as mais variadas. Em Bayonetta, afinal, o cabelo virou uma espécie de protagonista do jogo, ao que sou toda aplausos.
Enfim, animação vetorial: uma solução para o problema do movimento. Mas e quanto a cabelo encaracolado? Bem, a cabeleira ruiva da Merida, da animação Valente (2012), é muito bem animada no filme, mas completamente parada nos videogames inspirados nele. Fiquei tristíssima; ainda não chegou o revival dos caracóis nos games. Mas aguardo e confio.
8.8.12
Outro vídeo falando sobre OWNED
Palestra que dei em fevereiro junto ao Carlos Klimick e ao Oswaldo Lopes Jr. Falamos sobre RPG, livro-jogo e seu nexo com a educação (e eu expliquei cruamente sobre o que era o meu "OWNED - um novo jogador").
Oficializando
Quem estiver a fim de comprar a versão impressa de "OWNED - um novo jogador" pode comprar da autora por R$ 30,00 (frete incluído). Por este valor você recebe o livro autografado em casa! Basta mandar um email para simonecampos@gmail.com para os dados do depósito. Grata!
6.8.12
Que vibe
Minha escola era o máximo. Tivemos um professor nissei de informática que deu o básico do BASIC na 2a série do fundamental; na falta dele, deixavam a gente ficar jogando videogames sob a vaga desculpa de "aprender inglês" e tudo isso consistia em um tempo de aula pós-recreio de pura diversão. Ou talvez não apenas diversão: o craque em construir cidades funcionais no SimCity, Rodrigo Mandarino, mais tarde concluiu arquitetura na UFRJ com média 10 e hoje trabalha em um escritório famoso.
Quando tínhamos 12 anos (6a série), fomos instados a fazer campanhas - sim, nós mesmos tínhamos de criar e implementar, valendo nota - sobre cigarro, sexo, álcool, drogas, reciclagem, ecologia... Lembro do esquete antifumo que escrevi: cinco adolescentes estavam sentados à mesa depois de uma refeição, fumando "cigarros" (canudos de papel cheios de talco; havia que se soprar para fora; uma das integrantes se esqueceu disso e tragou o talco, com resultados previsíveis). Entrava eu com uma túnica de bruxa de Halloweens passados, a balaclava ("touca ninja") de lã da minha avó e um cabo de vassoura com uma foice de papel prateado e ceifava todo mundo. Os fumantes tombavam sobre a mesa, um por ceifada. Para arrematar, eu pegava um dos cigarros de talco e tirava uma bela baforada. Havia falas engraçadinhas, mas não me lembro mais delas.
Escrevi também a versão de Pipoca (da Xuxa) e do jingle de guaraná que adaptei para, em vez de exaltarem as virtudes da pi-po-ca, falarem mal de ci-gar-ro. Nessa mesma ocasião, cantei ambas a capella num microfone.
Nada disso foi filmado e, se existissem celulares com câmera naquela época (1995), eu certamente não teria tal desenvoltura. E nenhuma dessas palhaçadas impediu meus colegas já fumantes de perguntar se eu não tinha algum cigarro de verdade na minha cenografia improvisada (eu tinha, e cedi).
Minha escola era oficialmente laica. Mas quase pagã na sua ânsia de nos preparar para a vida como ela é com uma naturalidade aterrorizante. Apenas, em vez de contar fábulas sobre meninas que param para conversar com lobos, minha escola preferia nos assustar com ciência e experiência pessoal.
Foi nessa vibe que aconteceu a melhor e pior palestra escolar de todos os tempos. Fomos convocados sem aviso certo dia. Entramos no auditório e anunciaram que receberíamos ex-alcoólatras do AA.
Primeiro a diretora e a coordenadora falaram algumas palavras-padrão sobre os males do fumo e do álcool. Como o álcool era droga e era perigosa e viciava, mesmo sendo legalizada. Que a pessoa viciada em álcool já não consegue funcionar sem álcool; isso se chamava dependência. E, quando tentava parar, não conseguia. Ficava tremendo.
Então entrou outra pessoa, do AA, para explicar um pouco da filosofia do AA: evitar o primeiro gole, um dia de cada vez. E que a pessoa que se torna ex-alcoólatra jamais pode pôr uma gota de álcool na boca de novo, senão entontece e volta tudo.
Aí entrou o testemunho. Era um cara bonito, grande, bronzeado de praia, uns 35 anos, louro, de cabelos amarrados num rabo de cavalo, mas o rosto dele era muito gasto, como se tivesse passado por poucas e boas. Como se tivesse desinchado, eu diria agora. Um sotaque francamente carioca zona sul. E foi isso mesmo que ele falou. Que, como nós, tinha ido a boas escolas na Zona Sul do Rio de Janeiro. Que tinha começado a beber para tomar coragem para ir falar com as meninas - e deu certo. Mas dali a pouco, ele estava bebendo pra tudo - pra estudar para a prova, pra tomar coragem pra prova, pra esquecer os problemas -, e em quantidades cada vez maiores.
O homem olhava do palco para a plateia e via: a maioria dos alunos admitindo estar impressionada, outros tentando olhar pro colega com risinhos e exorcizar o medo que aquela história estava dando. Vendo essa reação mista, ele começou a falar MUITO alto no microfone, e a piscar muito para evitar as lágrimas. Ele tinha que atingir os outros, os candidatos a rebeldes.
Ninguém, nem da família dele, tinha falado dos perigos do álcool pra ele. "Até incentivavam" - claro, coisa de macho, de homem de verdade. Logo eram quinze chopes para ele começar a se sentir bêbado. Ele precisava beber cada vez mais. A toda hora. Na faculdade. No emprego. Para levantar de manhã. Até que começou a perder tudo. Emprego primeiro. Depois, amigos.
Nesse ponto - gritava ele - ele já não conseguia mais parar! Estava VICIADO EM ÁLCOOL!
(E a criançada agora transfixada, olhos pregados nele. A coordenadora e a diretora nervosíssimas, agarrando disfarçadamente as pontas bege das cadeiras.)
"Minha família me abandonou! Tentei frequentar um psicólogo, mas logo eu voltava a beber. Depois eu tentei buscar ajuda na religião. A Igreja Católica não me curou. Tentei de tudo! umbanda! espiritismo kardecista...! bati até a porta da Igreja Universal!" -- e aqui, todos os meus colegas viraram as cabeças para mim, que sabiam ser da Igreja Universal; balbuciei alguma coisa, ninguém ouviu -- "Mas não deu certo! Não deu certo!! Nada adiantou! Só os Alcoólicos Anônimos. Seguindo os doze passos..."
Na Igreja Universal eu vivia ouvindo testemunhos no altar, alguns de ex-alcoólatras. Mas eram relatos hesitantes, molengos - história mal narrada, protagonistas pouco convencidos do valor dela. O sujeito no palco estava desesperado para passar a mensagem. Ele tinha visto o inferno. Ele não estava representando. Não queria agradar ninguém fazendo aquilo. A gente era como uma volta ao passado para ele, a encarnação de sua juventude perdida por falta de alerta. Bem, que não fosse por falta de alerta.
Achei que iam ter que tirar ele dali à força. Mas, se bem me lembro, pouco depois ele fechou o discurso apropriadamente ("estou sóbrio há um ano e meio") e foi muito aplaudido.
Creio que uma grande limitação da educação religiosa é achar que pega mal para crianças inocentes saberem esse tipo de coisa. Escola, igreja e família religiosas muitas vezes fingem que podem manter as crianças no escuro, em vez de se colocarem como fonte de informação confiável e útil sobre drogas e sexo. É preciso não esconder a parte boa e não esconder a parte ruim. Não vai evitar que a pessoa use drogas ou faça sexo, mas vai ajudá-la a ter expectativas realistas quanto a essas experiências, e a ser madura o suficiente para identificar um jeito responsável de passar por elas (e desfrutá-las, se for o caso).
Quando tínhamos 12 anos (6a série), fomos instados a fazer campanhas - sim, nós mesmos tínhamos de criar e implementar, valendo nota - sobre cigarro, sexo, álcool, drogas, reciclagem, ecologia... Lembro do esquete antifumo que escrevi: cinco adolescentes estavam sentados à mesa depois de uma refeição, fumando "cigarros" (canudos de papel cheios de talco; havia que se soprar para fora; uma das integrantes se esqueceu disso e tragou o talco, com resultados previsíveis). Entrava eu com uma túnica de bruxa de Halloweens passados, a balaclava ("touca ninja") de lã da minha avó e um cabo de vassoura com uma foice de papel prateado e ceifava todo mundo. Os fumantes tombavam sobre a mesa, um por ceifada. Para arrematar, eu pegava um dos cigarros de talco e tirava uma bela baforada. Havia falas engraçadinhas, mas não me lembro mais delas.
Escrevi também a versão de Pipoca (da Xuxa) e do jingle de guaraná que adaptei para, em vez de exaltarem as virtudes da pi-po-ca, falarem mal de ci-gar-ro. Nessa mesma ocasião, cantei ambas a capella num microfone.
Nada disso foi filmado e, se existissem celulares com câmera naquela época (1995), eu certamente não teria tal desenvoltura. E nenhuma dessas palhaçadas impediu meus colegas já fumantes de perguntar se eu não tinha algum cigarro de verdade na minha cenografia improvisada (eu tinha, e cedi).
Minha escola era oficialmente laica. Mas quase pagã na sua ânsia de nos preparar para a vida como ela é com uma naturalidade aterrorizante. Apenas, em vez de contar fábulas sobre meninas que param para conversar com lobos, minha escola preferia nos assustar com ciência e experiência pessoal.
Foi nessa vibe que aconteceu a melhor e pior palestra escolar de todos os tempos. Fomos convocados sem aviso certo dia. Entramos no auditório e anunciaram que receberíamos ex-alcoólatras do AA.
Primeiro a diretora e a coordenadora falaram algumas palavras-padrão sobre os males do fumo e do álcool. Como o álcool era droga e era perigosa e viciava, mesmo sendo legalizada. Que a pessoa viciada em álcool já não consegue funcionar sem álcool; isso se chamava dependência. E, quando tentava parar, não conseguia. Ficava tremendo.
Então entrou outra pessoa, do AA, para explicar um pouco da filosofia do AA: evitar o primeiro gole, um dia de cada vez. E que a pessoa que se torna ex-alcoólatra jamais pode pôr uma gota de álcool na boca de novo, senão entontece e volta tudo.
Aí entrou o testemunho. Era um cara bonito, grande, bronzeado de praia, uns 35 anos, louro, de cabelos amarrados num rabo de cavalo, mas o rosto dele era muito gasto, como se tivesse passado por poucas e boas. Como se tivesse desinchado, eu diria agora. Um sotaque francamente carioca zona sul. E foi isso mesmo que ele falou. Que, como nós, tinha ido a boas escolas na Zona Sul do Rio de Janeiro. Que tinha começado a beber para tomar coragem para ir falar com as meninas - e deu certo. Mas dali a pouco, ele estava bebendo pra tudo - pra estudar para a prova, pra tomar coragem pra prova, pra esquecer os problemas -, e em quantidades cada vez maiores.
O homem olhava do palco para a plateia e via: a maioria dos alunos admitindo estar impressionada, outros tentando olhar pro colega com risinhos e exorcizar o medo que aquela história estava dando. Vendo essa reação mista, ele começou a falar MUITO alto no microfone, e a piscar muito para evitar as lágrimas. Ele tinha que atingir os outros, os candidatos a rebeldes.
Ninguém, nem da família dele, tinha falado dos perigos do álcool pra ele. "Até incentivavam" - claro, coisa de macho, de homem de verdade. Logo eram quinze chopes para ele começar a se sentir bêbado. Ele precisava beber cada vez mais. A toda hora. Na faculdade. No emprego. Para levantar de manhã. Até que começou a perder tudo. Emprego primeiro. Depois, amigos.
Nesse ponto - gritava ele - ele já não conseguia mais parar! Estava VICIADO EM ÁLCOOL!
(E a criançada agora transfixada, olhos pregados nele. A coordenadora e a diretora nervosíssimas, agarrando disfarçadamente as pontas bege das cadeiras.)
"Minha família me abandonou! Tentei frequentar um psicólogo, mas logo eu voltava a beber. Depois eu tentei buscar ajuda na religião. A Igreja Católica não me curou. Tentei de tudo! umbanda! espiritismo kardecista...! bati até a porta da Igreja Universal!" -- e aqui, todos os meus colegas viraram as cabeças para mim, que sabiam ser da Igreja Universal; balbuciei alguma coisa, ninguém ouviu -- "Mas não deu certo! Não deu certo!! Nada adiantou! Só os Alcoólicos Anônimos. Seguindo os doze passos..."
Na Igreja Universal eu vivia ouvindo testemunhos no altar, alguns de ex-alcoólatras. Mas eram relatos hesitantes, molengos - história mal narrada, protagonistas pouco convencidos do valor dela. O sujeito no palco estava desesperado para passar a mensagem. Ele tinha visto o inferno. Ele não estava representando. Não queria agradar ninguém fazendo aquilo. A gente era como uma volta ao passado para ele, a encarnação de sua juventude perdida por falta de alerta. Bem, que não fosse por falta de alerta.
Achei que iam ter que tirar ele dali à força. Mas, se bem me lembro, pouco depois ele fechou o discurso apropriadamente ("estou sóbrio há um ano e meio") e foi muito aplaudido.
Creio que uma grande limitação da educação religiosa é achar que pega mal para crianças inocentes saberem esse tipo de coisa. Escola, igreja e família religiosas muitas vezes fingem que podem manter as crianças no escuro, em vez de se colocarem como fonte de informação confiável e útil sobre drogas e sexo. É preciso não esconder a parte boa e não esconder a parte ruim. Não vai evitar que a pessoa use drogas ou faça sexo, mas vai ajudá-la a ter expectativas realistas quanto a essas experiências, e a ser madura o suficiente para identificar um jeito responsável de passar por elas (e desfrutá-las, se for o caso).
30.7.12
Suicídio e empatia
Inúmeros intelectuais
foram e continuam sendo apontados com ênfase em função do fato de terem se
suicidado – vêm à mente Walter Benjamin, Sylvia Plath, David Foster Wallace, Yukio Mishima,
Virginia Woolf. No entanto, o apontar do suicídio como “promessa” de uma vida-obra
comprometida contra a opressão – ou de uma mente sensível e frágil demais para
viver em uma sociedade naturalmente opressora –, pode acabar virando um
mecanismo viciante.
O ser humano é atraído
como abutre pela morte trágica pois pode despejar sobre ela sua compreensão
e empatia – muitas vezes de forma um tanto automática, numa espécie de fetiche
mórbido. O mecanismo aqui é se autoarrolar como Boa Pessoa por ter tido empatia
para com a Boa Pessoa que, oprimida, se suicidou. No entanto, nada é tão
simples assim. Essa empatia partiu de dois pressupostos que podem facilmente
ser desconstruídos – não por maldade, mas com vistas a uma reflexão. O suicídio
não é um selo de garantia de que o suicida era uma Boa Pessoa, e sentir piedade
é um sentimento tão natural para a maioria dos humanos (excluídos psicopatas,
esquizoides e outros portadores de transtornos mentais) que senti-la só acarreta,
no máximo, o status de Pessoa Normal.
Esse mecanismo pode servir
para colocar eternamente em segundo plano duas coisas muito importantes: 1) pessoas
cujas vidas não foram tão trágicas, mas nem por isso menos significativas e 2) as
particularidades do gesto pessoal de cada suicida, roubando-lhes o direito de
serem únicos em suas mortes (e de terem seus motivos individuais para buscá-las).
Corre-se, a meu ver, o risco
de viciarmos no mecanismo visão da
vítima/empatia padrão/narcisismo dos próprios sentimentos a ponto de
construirmos uma história só de vítimas indiscutíveis, com motivos tão monolíticos
(opressão externa/loucura interna) quanto a grande narrativa histórica
ocidental, anulando com isso não só as vítimas óbvias como também outras
vítimas. Desejo, portanto, empreender um esforço para uma história de vítimas
menos óbvias de opressões menos óbvias, associando suas vidas à arte que
construíram.
(Trecho de um trabalho de mestrado sobre Walter Benjamin com o qual finalmente estou satisfeita. Adaptei, é claro - duas frases a menos. No resto do trabalho usei Benjamin no
próprio Benjamin, escovei-o a contrapelo, associando-o a três escritores que viveram depois dele - e que não se suicidaram.)
19.7.12
Linguagem privada
Hoje sonhei que encontrava meu amigo imaginário de infância, o Iogurpo. Também é um nome que existe só no meu sonho, e creio que a palavra era uma mistura de Igor (um amigo real) com Iogurte. Outra coisa é que eu só encontrava esse amigo imaginário no sonho, jamais delirei que ele existisse de verdade.
Sempre tive esses termos particulares e estrambólicos no meus sonhos. Meus sonhos tinham um sistema de saúde próprio, chamado PENUMB, depois alterado para FUNEST (mas só no nome, era a mesma coisa). Já contei essa história em outro post.
Iogurpo não falou comigo no sonho de hoje. Ele e sua irmãzinha estranha eram paranormais, e tinham roubado o corpo adulto dos meus amigos reais (e atuais) para poder sair pelo mundo, em vez de prisioneiros na casinha de interior de uma velha. Eu pedia meus amigos reais de volta aos paranormais, chamando-os pelos nomes que a velha tinha dado (algo como "João" e "Maria"), e "Maria" me corrigia, dizendo que na verdade ela e o seu irmão se chamavam Iogurpo e...
-- IOGURPO! -- exclamei. -- Aquele nome que só existia nos meus sonhos quando eu era criança!
Acordei imediatamente, é claro. Meus sonhos também estão cheios desses momentos semilúcidos em que eu faço referência ao mundo real, estilhaçando a ilusão.
E o sonho de hoje serviu para sublinhar: tenho sonhos lúcidos há tanto tempo que tenho uma espécie de consciência histórica deles, regurgitando a história que andou acontecendo aqui fora (então os termos não formam uma linguagem privada realmente; o título é brincadeira). O PENUMB mudou para FUNEST quando o INAMPS passou a ser INSS, por exemplo.
Além disso, não só são sonhos lúcidos, como lembrados ao acordar em detalhes. Isso dá uma nostalgia em várias camadas: a lembrança da lembrança do sonho ao acordar, e a confusão de ter inventado o nome Iogurpo de mim para mim, e a estranheza de ter reencontrado uma pessoa que eu não sabia se existia fora da minha cabecinha de, então, 4 ou 5 anos -- tudo isso volta. Vem a saudade dessa pessoa imaginária, da pessoinha real que eu era, e desses sonhos, e dessas sensações.
Se eu não tivesse atribuído nomes a essas "pessoas" e "instituições" de sonho, seria muito difícil lembrar de tudo isso. O mais bizarro é ter feito isso enquanto sonhava, e não aqui fora, e ter escolhido nomes sonoros e exclusivos, que dificilmente existiriam aqui fora.
Sempre tive esses termos particulares e estrambólicos no meus sonhos. Meus sonhos tinham um sistema de saúde próprio, chamado PENUMB, depois alterado para FUNEST (mas só no nome, era a mesma coisa). Já contei essa história em outro post.
Iogurpo não falou comigo no sonho de hoje. Ele e sua irmãzinha estranha eram paranormais, e tinham roubado o corpo adulto dos meus amigos reais (e atuais) para poder sair pelo mundo, em vez de prisioneiros na casinha de interior de uma velha. Eu pedia meus amigos reais de volta aos paranormais, chamando-os pelos nomes que a velha tinha dado (algo como "João" e "Maria"), e "Maria" me corrigia, dizendo que na verdade ela e o seu irmão se chamavam Iogurpo e...
-- IOGURPO! -- exclamei. -- Aquele nome que só existia nos meus sonhos quando eu era criança!
Acordei imediatamente, é claro. Meus sonhos também estão cheios desses momentos semilúcidos em que eu faço referência ao mundo real, estilhaçando a ilusão.
E o sonho de hoje serviu para sublinhar: tenho sonhos lúcidos há tanto tempo que tenho uma espécie de consciência histórica deles, regurgitando a história que andou acontecendo aqui fora (então os termos não formam uma linguagem privada realmente; o título é brincadeira). O PENUMB mudou para FUNEST quando o INAMPS passou a ser INSS, por exemplo.
Além disso, não só são sonhos lúcidos, como lembrados ao acordar em detalhes. Isso dá uma nostalgia em várias camadas: a lembrança da lembrança do sonho ao acordar, e a confusão de ter inventado o nome Iogurpo de mim para mim, e a estranheza de ter reencontrado uma pessoa que eu não sabia se existia fora da minha cabecinha de, então, 4 ou 5 anos -- tudo isso volta. Vem a saudade dessa pessoa imaginária, da pessoinha real que eu era, e desses sonhos, e dessas sensações.
Se eu não tivesse atribuído nomes a essas "pessoas" e "instituições" de sonho, seria muito difícil lembrar de tudo isso. O mais bizarro é ter feito isso enquanto sonhava, e não aqui fora, e ter escolhido nomes sonoros e exclusivos, que dificilmente existiriam aqui fora.
25.4.12
A espiral do barulho
Quem mandou cursar Comunicação Social? Sempre que tento fazer concursos (e tento), acabo tendo que revisar coisas como a Espiral do Silêncio de Noelle Neumann. (Para quem estiver com preguiça de ler a Wikipédia, o ponto-chave é de que "quanto mais uma opinião for dominada dentro de um universo social, maior será a tendência de que ela não seja manifestada".) Pelo menos isso me dá algum respaldo na hora de palpitar sobre fenômenos sociais.
Tenho ouvido amigos tão díspares reclamarem tanto de opiniões divergentes serialmente expostas na timeline de redes sociais que há tempos penso em escrever algo a respeito. Hoje consegui um tempo. E estou sem sono.
A timeline popularizada pelo Twitter e pelo Facebook, mais os estímulos dos mesmos para cada usuário se expressar ininterruptamente ("o que você está fazendo?" "o que você está pensando?" "e agora?"), causaram essa situação paradoxal: você é instado frequentemente a afirmar sua identidade postando coisas, mas não suporta ver tanta gente postando afiliações tão diferentes das suas. Gente que você chama de amiga, mas sabe como é. Antigamente eles ficavam mais quietos. Não gritavam a diferença na sua cara o tempo todo.
Para o brasileiro, tão amigo de redes sociais e de cordialidade, isso é algo terrível. Com a cultura da cordialidade, todo brasileiro tem vários conhecidos que chama de amigos, trata como tal, mas no fundo não têm muito a ver com ele. Outra categoria explosiva, até mais, é a de amigos que têm muito a ver com ele, mas discordam em algum ponto fundamental.
Bem. Seu conhecido-amigo vai postar coisas que para ele, reafirmam a sua identidade. Se a identidade dele, na cabeça dele, estiver ligada à causa X, no silêncio do quarto de cada um de seus amigos online suas postagens soarão como recriminações pessoais (caso o amigo discorde) ou louros do reconhecimento (caso concorde). Os concordantes vão fortalecer a auto-estima do sujeito com polegares e estrelinhas virtuais. Mas vamos pressupor, por diversão, que você discorde dele. Seu amigo-de-consideração seguirá frenético e impávido repetindo que o jeito X é o jeito bom de se ser. Você não é do jeito X. Você não sente a menor vontade de ser do jeito X. Ele está (te) metralhando argumentos que (te) dizem como a pessoa que não acredita na causa X (você) é imbecil, idiota, desumana etc.
O que você faz?
a) Oculta as atualizações da pessoa.
b) Continua lendo como você não presta.
Pois é.
Mas qualquer pessoa decente pensa-se chauvinista ao silenciar vozes dissonantes assim tão automaticamente (esse, pelo menos, é o meu jeitinho X de pensar). E volta atrás. Até porque seu amigo-de-rede-social pode conviver com você na realidade, e pode perceber que você não tem recebido as atualizações dele. Você toma também a decisão cordial de ficar virtualmente calado - não comentar nas postagens engajadas para não irar todos os partidários da mesma causa que curtiram aquele conteúdo (porque eles se iram. E muito. E, muitas vezes, desproporcionalmente, ou sem ler direito o que você falou, o que pode ser engraçado e trágico ao mesmo tempo. Been there, done that.).
Aí você é deixado com um monte de gente te dizendo no conforto do seu lar que você é imbecil, idiota e desumano de várias maneiras, ângulos e posições diferentes. OK. Mas não acaba aí. Pois o partidário da causa X posta que os partidários da causa ligeiramente diferente X' não são tão bons quanto ele. Os partidários da causa X', querendo reafirmar suas identidades, entram na postagem da causa X e nas de seus amigos e começam a bradar que não é nada daquilo. Outros defensores de X aparecem para retrucar, uns mais educados e sensatos, outros menos; surgem os comentaristas das causas Y e Z, e a briga se desdobra em múltiplas direções. Partidários de X', Y e Z fazem suas próprias postagens - muitas vezes, venenosas indiretinhas* -, reafirmando suas identidades X', Y e Z, e dizendo como todos os X são chauvinistas - e linkando para a prova. Daqui a pouco, você está com a mão na boca olhando para a timeline e se perguntando como ela virou uma pizza portuguesa**.
Essa, meus amigos, é a Espiral do Barulho: todo mundo grita com você e entre si suas opiniões minoritárias. Você assiste. Engraçado que, quando todo mundo concorda em bater num mesmo alvo, a velha espiral do silêncio continua funcionando direitinho - você tem direito a expressar sua opinião, apenas não sua opinião CONTRÁRIA A ALGO. Mesmo que você demonstre querer se abrir e se deixar convencer a mudar de ideia. O nível da discussão não decola. Nunca decola. Pois em todas as causas há adeptos mais e menos sérios/competentes. A medida dessa seriedade, para mim, está principalmente na atuação real desses adeptos. E a medida da maturidade está na falta de lembrança do adepto em declarar, constantemente e aos quatro ventos, que é a causa X que faz dele... E L E, aquela pessoa tão perfeita/especial/boa, em comparação com outras que não são da mesma opinião. Os adeptos menos sérios e menos maduros de cada causa afluem e inundam os canais de resposta, e você decide ficar calado. Pois são eles que ficam perdendo todo o tempo em redes sociais, reafirmando suas identidades com argumentos copiados de páginas ativistas - argumentos estes que não sabem manejar direito -, em vez de, né, sair pelo mundo afora, fazendo amizades e conquistando vitórias.
Quanto a mim, toca postar música, literatura, artes plásticas, artigos e curiosidades. Pelo menos aparentemente, coisas inofensivas - mas não destituídas de perigo e risco.
*Ah, as venenosas indiretinhas!
**Sim, a timeline tende a pizza portuguesa. Ela vem com cebola, presunto, azeitona, ovos, tomate e bacon e deve ser dividida com todos os seus amigos, e nem todos comem de tudo. Eu poderia falar em Huis-clos, mas quem escolhe seus amigos é você - e a pizza portuguesa também é uma escolha
8.4.12
Matemática - de novo
Quando estou aprendendo matemática, sou muito mais lenta que as outras pessoas. Sendo que as outras pessoas podem ser basicamente divididas em outras categorias: as que se frustram e desistem, e as que aprendem matemática matematicamente. Essa segunda categoria vai ser aquele que lê fórmulas sem precisar de uma explicação extensa do que elas significam; se ele tiver dúvidas, vai pedir ao professor a prova daquilo - em MAIS linguagem matemática -, e assim que entender a prova, vai provavelmente ficar saciado. Digo provavelmente pois haverá aqueles, nessa categoria, que vão querer construir a própria prova ou demonstrar que aquela prova está errada ou entrar em debates filosóficos de por que uma determinada prova não prova (é trivial*).
Mas meu caso não é nada disso. Não faço questão de provas pois geralmente não as entendo. Eu preciso de uma historinha, um enredo, um conflito. Eu aprendo matemática lentamente porque vou traduzindo cada fórmula ou passo em português (ou inglês) à medida que as explicações vão sendo dadas. Preciso literalmente escrever o que está acontecendo. Vou narrando a matemática para mim mesma. Também gosto quando matemática se mistura com história - entender o conflito que aquilo gerou, o tipo de pessoa que o descobridor da fórmula era, a tragédia pessoal de ter achado aquilo, o choque quando aquilo entrou no mundo da ciência - e com economia - duas empresas estão disputando lugar num mercado decadente, só uma pode ficar. TENSÃO! DRAMA! PAYOFFS ALTERADOS!
Quando se adentra em filosofias, os problemas me parecem ou simples ou insolúveis, mas também é divertido ouvir e acompanhar o que os outros dizem. Por exemplo, por que se diz que uma pessoa "descobriu" e não "inventou" um teorema? Será que é por que ele já estava lá? Sempre esteve lá e havia uma ideia disso, como o Novo Mundo? E onde diabos seria "lá"?
Como eu disse, simples ou insolúveis. Mas divertidos.
Tudo isso é para dizer que tirar onda de que se odeia matemática ou tratá-la como intrinsecamente prejudicial ao pensamento é uma grande bobagem. Há vários modos de se aprender e interpretar qualquer coisa. Exercer o autocontrole, lidar com a frustração inerente ao aprendizado - se sentir burro e odiar quem explica mal faz parte, aceite - e se conhecer o bastante para avaliar como absorver melhor determinada informação são as técnicas mais úteis para isso (aprender).
(P.S.: Li esse texto hoje e hoje estou panfletária.)
*Trivial, queridas pessoas de humanas, não é o nosso "trivial". É simplesmente o pior xingamento que um matemático pode fazer ao trabalho de outro (siga o link para conhecer a história).
Mas meu caso não é nada disso. Não faço questão de provas pois geralmente não as entendo. Eu preciso de uma historinha, um enredo, um conflito. Eu aprendo matemática lentamente porque vou traduzindo cada fórmula ou passo em português (ou inglês) à medida que as explicações vão sendo dadas. Preciso literalmente escrever o que está acontecendo. Vou narrando a matemática para mim mesma. Também gosto quando matemática se mistura com história - entender o conflito que aquilo gerou, o tipo de pessoa que o descobridor da fórmula era, a tragédia pessoal de ter achado aquilo, o choque quando aquilo entrou no mundo da ciência - e com economia - duas empresas estão disputando lugar num mercado decadente, só uma pode ficar. TENSÃO! DRAMA! PAYOFFS ALTERADOS!
Quando se adentra em filosofias, os problemas me parecem ou simples ou insolúveis, mas também é divertido ouvir e acompanhar o que os outros dizem. Por exemplo, por que se diz que uma pessoa "descobriu" e não "inventou" um teorema? Será que é por que ele já estava lá? Sempre esteve lá e havia uma ideia disso, como o Novo Mundo? E onde diabos seria "lá"?
Como eu disse, simples ou insolúveis. Mas divertidos.
Tudo isso é para dizer que tirar onda de que se odeia matemática ou tratá-la como intrinsecamente prejudicial ao pensamento é uma grande bobagem. Há vários modos de se aprender e interpretar qualquer coisa. Exercer o autocontrole, lidar com a frustração inerente ao aprendizado - se sentir burro e odiar quem explica mal faz parte, aceite - e se conhecer o bastante para avaliar como absorver melhor determinada informação são as técnicas mais úteis para isso (aprender).
(P.S.: Li esse texto hoje e hoje estou panfletária.)
*Trivial, queridas pessoas de humanas, não é o nosso "trivial". É simplesmente o pior xingamento que um matemático pode fazer ao trabalho de outro (siga o link para conhecer a história).
29.1.12
Vídeos do OWNED
Alguns vídeos que fiz para divulgar o OWNED. No primeiro, eu falo um pouco com o leitor enquanto traço o fluxograma em alta velocidade:
Esta é a versão eletrônica do fluxograma, com algumas anotações explicando do que se trata:
Este é um vídeo de divulgação do patrocinador (a Petrobras) em que falo do projeto em geral:
Esta é a versão eletrônica do fluxograma, com algumas anotações explicando do que se trata:
Este é um vídeo de divulgação do patrocinador (a Petrobras) em que falo do projeto em geral:
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