24.8.02

Historinha

Eu estava indo a pé para a Colortel, pegar uns vídeos prum trabalho, três problemas: é o lado underground de Botafogo, era de noite, estava engarrafado. Os carros parados tinham homens dentro, que olhavam pra minha bunda e peitos. Eu estava odiando. Dois caras num carro me gritaram alguma coisa e eu perguntei se estavam falando comigo. Eles assistiram paralisados: joguei uma garrafa de plástico pela janela deles. Virei e continuei, feliz da vida, mas pensei que eles poderiam querer se vingar, e imediatamente procurei no chão alguma outra arma. Sim, logo à frente havia uma calçada destruída cheia de PEDRAS bem grandes. Peguei uma bonita, dei uma limpada e continuei andando com ela na minha mão. Reparei, que engraçado, que um vácuo de carros se recém-formara ao meu lado, mesmo com todo aquele engarrafamento. Coisa curiosa. Andei até a videolocadora sem ser molestada de nenhuma forma. Guardei a pedra na mochila, peguei meus vídeos, e saí, pensando: "pareço louca carregando a pedra, e além do mais, não deve ser por causa da pedra que não estão mexendo comigo". Imediatamente após um imbecil disse alguma coisa. Imediatamente eu abri a mochila e joguei a pedra nele, mas o sujeito já estava longe e não pegou aonde eu mirei (na perna). Abaixei e peguei outra pedra, um pouco maior. As pessoas na calçada passavam junto ao meio-fio, bem longe de mim. Quando cheguei em casa, deixei a pedra no jardim. Bacana.
Louca, eu? Louco é quem não faz nada. Eu tenho o direito de ir e vir, está lá na declaração universal, preto no branco, não é uma tradição machista que vai me impedir.