30.8.04

Textos do exílio (II)

Tipo, a estagiária ruiva de 22 anos não podia responder, "qual é, tio, tu é velho mermo!", como provavelmente na vida real. Ela tem que ser burra de outra forma e deixar o cara passar por cima delicado como uma jamanta, sentindo-se fodão, professoral etc., etc., Berna fica na Suíça, etc., etc. E dar corda, dar corda. Bem, isso algumas dão, mas não passa de corda, lembram da Ana Carolina? "Dar corda pra depois te abandonar"?.
(Especialmente para quem não pega as referências desse blog: não é culpa de vocês, eu quero ser hermética e acaba que não obtenho a tal da identificação que eu queria. Vou explicar dessa vez, mas deixe o textinho lá, bonitinho: estou falando do novo e primeiro livro do Arthur Dapieve, colunista de O Globo, chamado "De cada amor tu herdarás só o cinismo". É o nheco-nheco entre um publicitário casado de 46 anos (mesma idade do colunista) e sua estagiária ruiva de 22. Para tudo piorar, o livro entra na prateleira da tal da literatura pop, listas de cinco mais e referências musicais muito, mas muito insistentes. Abri na livraria (com cuidado pra não espirrar no olho) e peguei o seguinte diálogo: ele dizendo quando e onde ele nasceu (dados completos; por que a punhetice?) e ela fazendo a seguir um comentário bem burro geográfica e historicamente, e ele lembrando de um conselho de um amigo ("buceta não cai do céu") e por isso sendo "delicado" ao corrigi-la (delicado como uma jamanta, já disse). E a Ana Carolina é uma cantora da MPB cujo primeiro sucesso falava em dar corda pra depois abandonar. Pronto. Viram porque eu não explico?).