28.1.06

playing with your mind

Talvez quem não me conheça (assim, pessoalmente) fique realmente mal impressionado com o link aí embaixo para o blog-de-prostituta. Levo a mão ao colo, fecho os olhos e respondo: é o maior elogio. Afinal, minha vida é tão completamente desinteressante. Se eu conseguir ofender os outros tanto assim com pura ficção, devo ser boa nisso.
Gosto de não ser autobiográfica. Ou melhor, de fazer as coisas de um jeito que não deixe rastros: escrevo um troço inverossímil que parece uma falseação de um fato. No primeiro livro, uma patricinha xiita, a Delia; agora, a Maria Luiza. A uma, dei a moral protestante; a outra, os cabelos e a pele, pelo menos.
Vamos brincar de J.T. Leroy misturado com Borges. E se eu tiver mentido esse tempo todo e tudo tiver acontecido mesmo, de alguma forma, com algumas adições ficcionais aqui e ali? E se eu for uma criatura realmente altruísta que se pelos seus livros e ainda mente dizendo que nada aconteceu, sabendo que se assumisse, as vendas chegariam a milhares? Alguém assistiu o segundo box de A sete palmos?











Ou não: é tudo mentira mesmo.

Viram? CQD.

Não importa, cacete. Seres de papel não deviam importar, mas importam - por isso lemos o livro e nos chocamos e revoltamos e adoramos e epifanamos. As pessoas precisam aprender é isso: a se importar com seres de papel e esquecer de idolatrar o autor, ou de buscar o "fuckin' fact" por trás da ficção. Não precisamos de mais best-sellers escritos por idiotas praticantes. Precisamos de profundidade.
O blog-de-prostituta não é profundo. Ele é uma prequel. Aquilo é a matéria-prima que entra no início do livro. Sabe-se lá o que sai.
(Não vos deixei curiosos? Hein, hein.)