9.1.07

Ora, que bom. Entrei com A feia noite em outra lista de fim-de-ano, não só feita por alguém que respeito, mas com outros autores que respeito muito. Estou no comecinho de As sementes de Flowerville (entrei no escritório com Neumani), e como pensei "esse livro vai ser delicioso", achei melhor adiar a leitura e intercalar uns mais "difíceis".
Bati o pezinho mesmo foi quando Paulo Roberto Pires disse num desses eventos aí que autor brasileiro não lê "colega". Eu estava com três livros de autores nacionais recentes encomendados no Submarino, e para ler nas férias, quer dizer: lazer. Não agüentei e fui lá falar com ele, protestar (tá vendo? tenho ego, só se manifesta de forma diferente...)
Mas devo confessar que tenho essa mesma impressão que o Paulo tem. Alguns não lêem mesmo os "pares". Ou, se lêem, não sabem ou não querem citar "um contemporâneo que admiram" nas entrevistas. Não é obrigatório ler contemporâneos, mas caramba, não tem a mínima curiosidade? Deve ser medo de encontrar algo melhor do que escrevem. Eu também tenho medo, mas leio mesmo assim. É um medo misturado com ardor: eu quero ser superada, me enlevar com o livro, sentir ciuminho e querer fazer melhor - e quem sabe até fazer melhor. Fico tão decepcionada quando abro um livro salpicado de hype e ele não é de nada. E, pelo que o hype tem salpicado, putz, só acontece isso. Prefiro ir atrás do meu juízo que ganho mais.

(Acho que vou abrir aqui uma seção de substituições do hype pelo bom. Por exemplo: ao invés de ler "Fazes-me falta", de Inês Pedrosa, leia "Vale Abraão", de Agustina Bessa-Luís.)