can't quite put my finger on it
Reclamo muito, muito mesmo do hábito do brasileiro de dizer gracinhas e lançar olhares séquiçis para mulheres desconhecidas na rua. Quem não me conhece acha que sou reprimida e amargurada. Depois que me conhecem (meu lado pernas-de-fora) acham que sou esquizofrênica. Até sou, mas falta uma atenção às sutilezas da natureza do meu ódio. É a avaliação apressada e superficial que me enoja, acompanhada pela falta de respeito/semancol em se dizer o elogio para quem visivelmente não o está procurando nem consideraria uma surpresa agradável ouvi-lo impromptu.
Quer dizer, espere ela abrir a boca. E não, não para avaliação da capacidade de armazenamento. Por que só deixar a imaginação correr em uma direção? De repente você não quer avaliá-la apenas pelo seu potencial sexual. De repente você quer avaliá-la como um todo, e pensar "esta aí dava uma boa vocalista de rock", "o sinal abriu e ela não andou", "será que consigo afanar o celular dela?", "vou ajudar a velha senão ela cai", "vou pedir pra ela guardar meu lugar e vou ali lanchar", "vê se anda pelo canto, ô lerda!". Aquelas coisas que o heterossexual pensa dos outros homens, apenas acrescidas de um ocasional "que gostosa". Peraí. O que estou dizendo? Já é muita sofisticação o cara separar as mulheres "namoráveis" das "comíveis", obliterando todo o resto...
O bom da internet foi ter introduzido (melhor que o disk-paquera, que sempre descambou para o phone sex ralo) a possibilidade de se ver o interior das pessoas antes do exterior. Tanto que o fotolog e o Orkut, que já dão a imagem junto, foram um grande alívio para o imbecil digital. Que, através dos seus atos, logo se denuncia.