30.5.08

a quem interessar possa

Isso aqui anda meio parado. Mas fiz duas postagens no blog em inglês hoje, quem souber ler é só clicar. Já aviso que é um inglês imperfeito. É justamente para treinar, como este é pra treinar português...
É que estou me concentrando no meu próximo livro de contos, o Amostragem complexa (patrocinado pela Petrobras como vocês provavelmente sabem). O troço funciona, sabe? Sendo uma pessoa razoavelmente organizada, basta se organizar para mandar todas as fotocópias de documentos autenticadas em duas vias, os trinta quilos de formulários impressos e... he he. Sou mesmo uma pessoa muito ingrata. Mas como eu dizia, estou recebendo o dinheiro e vivendo com ele. Comprei um laptop, comecei a fazer dança do ventre, importei livros de mais de uma Amazon (como o I am a cat, que agora saiu aqui). Estou também cumprindo algumas promessas e saldando algumas dívidas - morais, não monetárias, que não sou besta de ficar devendo pra banco. O bom é fazer o diabo te dever favores, ensina Margarita. Minhas dívidas são coisas do tipo emprestar livros, levar pessoas que me apoiaram em lugares legais e diminuir um pouco a pilha de livros para ler que ficou tão grande. Mas essas obrigações quase não doem...

Este prelúdio todo é para dizer que acabou de sair minha última coluna (pelo menos por ora) para o Le Monde Diplomatique (para os íntimos Diplo, que se lê diplô porque é français). Esta é sobre a decrepitude do jornalismo, em especial a dos colunistas. Se você quiser ler todas as cinco colunas que escrevi para o Diplo, clique aqui para o índice. Obrigada. Voltamos logo mais com nossa programação normal.

28.5.08

Lista curta

O que aconteceria se um Death Note caísse nas mãos de um corrupto brasileiro?
Provavelmente os honestos começariam a morrer de ataque cardíaco.
Ricardo Izar morreu em 02/05 depois de uma "cirurgia cardíaca emergencial". Agora foi o Jefferson Péres. Gabeira, Minc, Cristóvam... watch your backs.

25.5.08

Vocês vão rir, mas eu preciso jogar jogos de computador para escrever. Falo de um joguinho de cartas depois de ficar umas três horas escrevendo. Agora, nos fins-de-semana, preciso de algo um pouco mais... substancial. Às vezes adventures, como os das séries Myst e The Longest Journey: paisagens bonitas para quando estou precisando acrescentar beleza ao texto ou presa num detalhe do enredo. (Também funciona com paisagens reais.)
Mas geralmente prefiro jogos violentos - "já criei muito, agora é hora do Shiva atuar". Quem acompanha o blog sabe que jogo a série Tomb Raider, da Lara Croft. Mas a série vem perdendo muito de seu brilho. Já fizeram gato e sapato da Lara: mataram-na pra depois ressuscitar, mudaram sua história pregressa, acrescentaram personagens novos chatos... e nada de novidades na mecânica de jogo - exceto pelas pioras na jogabilidade...


Aí resolvi jogar Prince of Persia: The Sands of Time porque adorava a versão antiga e também porque tinha ouvido falar bem. E não é que resultou? Muito melhor que a série Tomb Raider em seu presente estado. Para começar, o Prince usa armas brancas, adaga e espada. Descobri que prefiro o combate corpo-a-corpo ao com armas de fogo. O Prince salta, se pendura e balança em cordas como Lara, mas com a vantagem extra de correr pelas paredes. Basicamente ele ganhou as habilidades do Le Parkour. Outra coisa que o Prince tem que Lara não tem (mais): uma história. E humor - não necessariamente pra mostrar "o quanto ele é superior", como o esparso humor de Tomb Raider. E, ah, sim, ele é sexy sem ser apelativo. Enfim, para quem gosta, recomendo. Tem uma versão com anúncios que pode ser baixada de graça.

16.5.08

Lembrei do um mês de aikidô que fiz quando vi o sensei num anúncio de ônibus (um busdoor - mas acho essa palavra infame) da minha ex-academia. Fiquei muito chateada quando tive que sair, quando arrumei um estágio. Agora estou fazendo dança do ventre. Vai parecer uma heresia, mas ela me lembra muito uma arte marcial, com a mesma preocupação com o equilíbrio - a mão erguida oposta à perna que está adiantada, por exemplo. É como se fosse uma arte marcial feminina (ah, me odeiem, vai). Derrubar pela beleza em vez da força. Um treinamento de gueixas. Há uma forma tal de mover os braços, outra de fazer o movimento x ou y, mas a elegância e a airosidade, o mais importante, não há como pôr num manual. Só com a professora mostrando, e você pegando, ou não. Ainda estou dominando o sorriso nos olhos, mas sou boa com os braços. Outra dificuldade é mexer os braços e o quadril ao mesmo tempo. E ainda é preciso cuidado na hora de passar de um movimento a outro, para não ficar quadrado. É tudo muito redondo, boleado, fluido.

15.5.08

- Devolva-me minha cabeça, minha cabeça... Pode ficar com o meu apartamento, meus quadros, mas devolva minha cabeça!

Você já chegou a pensar, no meio de um livro, "não, o cara não pode ter escrito isso"?
Há algum tempo eu queria falar de Mikhail Bulgakov - mais exatamente, do seu romance O mestre e Margarita. É um livro em que você pensa isso o tempo todo. É um livro muito quadrinhos. Todo mundo vai parar no hospício, como em Gotham com seu Asilo Arkham. Também me lembrou em muitos momentos o Sandman de Neil Gaiman. As criaturas do além não chegam aqui para ficar, nem para serem derrotadas, mas para vingarem a mediocridade e a covardia. Assim como em Gaiman o escritor fuleiro que aprisiona a musa no sótão é punido por Sandman, aqui a MASSOLIT (clube estatal dos escritores fuleiros estalinistas) é punida por Margarita e pelos capangas de Satã.
Outra semelhança com Sandman são os interlúdios com outra história aparentemente díspar -- no caso, a (suposta) "verdadeira história" do que houve entre Jesus e Pilatos. Esta história é, na verdade, a obra-prima escrita pelo Mestre. Vai soar péssimo, mas Bulgakov conseguiu deixar o "livro do Mestre" engraçado. Aliás, O mestre e Margarita todo é muito engraçado e alegre, mesmo quando é terrível. Outra coisa: o livro se passa na Páscoa. E eu, sem saber disso, comecei e terminei de lê-lo justo na Páscoa.
A melhor parte do livro é quando entra a Margarita e, seguindo as instruções do capanga demoníaco Azazello, vira uma bruxa. Não uma bruxa tradicional, apesar de usar vassoura. Uma bruxa cheia de alegria vingativa. O seu vôo sobre Moscou é antológico. Parece até que já conheço a cidade. Muitos sonhos bons meus são assim, de sair voando pela cidade, entrando pela janela dos apartamentos e fazendo travessuras como as de Margarita.
Outra parte que me marcou foi quando, depois de vários reveses, o poeta Ryukhin faz um auto-exame e percebe que tudo o que já havia escrito era uma fraude.
O mestre e Margarita trata de um tema que me é muito caro: a bondade que existe na maldade e a maldade que existe na bondade. Quem quiser ler um exemplo, aqui tem um trecho do conto Bondade e onde encontrá-lo todo.

14.5.08

Olhinhos de tia Imperatriz

Acho que nunca tinha sido captado antes esse meu revirar de olhos de que muita gente reclama (mas no fundo os cativa). O beicinho é de bônus. Deixo a versão original, de ponta-cabeça:

É que meus fotógrafos usuais exigem poses. O olhinho de tia Imperatriz é um fenômeno espontâneo e efêmero, como um fogo-fátuo. Ele foi captado pela primeira vez por um fotógrafo "cândido" querendo testar a máquina nova.
Rumor has it que eu tinha uma tia portuguesa chamada Imperatriz. Tia-bisavó, se não me engano. E que ela fazia esse mesmíssimo olhar 43 para as coisas que a enfadavam.

Passando a assunto totalmente díspar, alguns recursos de música:

http://fillepenchee.muxtape.com/

http://www.lastfm.pt/user/maya_sibylla/

7.5.08

Hoje entrei na biblioteca infantil da casa de Ruy Barbosa. Foi a primeira biblioteca de que fui sócia. Perguntei se guardavam cartões de biblioteca antigos.
Guardavam.
A moça perguntou meu nome e há quanto tempo eu não pegava livros. Fiz as contas. 25 menos 8, na minha matemática, deu 13. (O certo seria 17.) Ela puxou a gaveta de um enorme arquivo, retirou os cartões da letra S e começou a procurar em cima da mesa.
Lá pelo meio encontrou meu cartão, carimbado de cabo a rabo com datas de 1989 a 1991. Tinha os dados datilografados. Meu antigo telefone. Meu antigo endereço. E minha foto aos seis anos. Ela disse que não mudei nada.