18.8.07

As pessoas bonitas deviam escrever mais.
Cheguei a essa conclusão depois que tive que dizer não a uma poeta de rua. Você leu certo, uma poeta de rua. Eu sempre digo não aos poetas de rua, mas é a primeira vez que tenho que dizer não a uma.
Ah, mas por que você diz não a poetas de rua? Ora, bolas, não é óbvio que estão se escorando numa mitologia dos anos 70 de poesia-de-mimeógrafo para sobreviver? Se quisessem fazer poesia a sério, leriam muito, começariam num blog, ou em casa, melhorariam e só depois começariam a procurar uma editora. Eles pularam todas essas etapas. Por que será?
E nunca vi um poeta de rua estender seu livro para uma gordinha ou feiosa - alguns até se escondem das interessadas -, mas observei que pulam (literalmente) na frente da mulher bonita perguntando se ela "gosta de poesia". Também exibem o comportamento predatório dos empregados de financeira vestidos de fruta cítrica em relação às velhinhas solitárias, o que me agasta.
Como se tudo isso não me deixasse certa de que não era a sério, confirmei com uma amiga poeta (publicada e com sucesso) que leu o trabalho deles (teve essa pachorra): é nível de quinta série.
O que nos leva à minha teoria. Um dos grandes motores de toda atividade artística é atrair o sexo oposto (ou o mesmo, whatever). As pessoas bonitas logo percebem que não precisam escrever para isso, e as feias vão para a escrita por falta de alternativa. Afora os feios que escrevem coisas geniais sem muito esforço, a pessoa feia não se esforça muito para desenvolver o dom porque só os feios estão escrevendo, mesmo. Se mais pessoas bonitas escrevessem, talvez os feios se esforçassem para escrever muito melhor, pois a concorrência estimula melhores ofertas. E pelo menos uma pessoa bonita será um gênio que escreve coisas geniais sem muito esforço. Ou seja, só se tem a ganhar. O mesmo se aplica às demais atividades intelectuais.
Eu? Eu escrevo em causa própria. Para encantar pretendentes, prefiro um batom.