Life in Mono
Amanhã apresento minha monografia. Vou disponibilizá-la aqui (ou em outro lugar) em breve (ou algum dia). O negócio é que fiquei feliz: meti devidamente o pé na jaca. Esse país é muito "bonzinho" na hora de criticar. Isso deixa as pessoas hipersensíveis: se você critica, elas fazem beicinho e começam a dizer que você é mau e que não gosta delas. Então tá. Fui muito "má" nessa monografia, inclusive com gente que eu gosto (muito) mas merecia uma criticada pra melhorar. Mais amigo é quem avisa.
O nome é Mudanças no equilíbrio de poder: o caso Napster. Idiota, mas eu precisava de um nome, e rápido, antes que a Mércia Roseli da secretaria viesse me pegar.
Umas amostras:
Diz-se, é claro, à boca pequena, que Colombo já sabia, ou tinha uma noção de que havia alguma coisa lá, no além-mar, no meio do caminho até as Índias, e foi por isso que, em vez de seguir a costa da África, discretamente virou o leme para estibordo. Esperança? Sede de conhecimento? Vontade de se encontrar, quem sabe? Só se sabe que muitos entram na internet com essa secreta disposição: esbarrar na sua América. O Napster foi a América de muita gente.
Eis a questão: quando o entusiasta da música percebeu que, como ele, muita gente (e cada vez mais gente, pois o número de usuários aumentava a olhos vistos) estava insatisfeita, ele concluiu que as gravadoras é que estavam erradas. O usuário perdeu sua timidez ao constatar-se massa (FREUD, 1974, p. 96 e 97), uma massa com os mesmos interesses, conectada através de um sistema tecnológico revolucionário e voltada para um mesmo ideal quase romântico. O Napster virou uma desobediência civil globalizada (THOREAU, 1876). O senso de responsabilidade de cada indivíduo enfraqueceu: sim, parecia com roubar música, mas as gravadoras não podem processar a todos nós, simplesmente porque precisam de nós - como consumidores[1]. Nem os artistas poderiam reclamar, pois isto os tornaria impopulares[2]. Seria um tiro no pé.
[1] Ironicamente, isto acabou acontecendo. A RIAA processou usuários da rede peer-to-peer de vários programas inspirados no Napster, selecionados a partir de sorteio. Um deles foi uma menina de 12 anos, Brianna LaHara, que alegou pensar que se tratava de um serviço incluído no seu provedor de serviços de internet. (PIROPO, 2003).
[2] Isto também acabou acontecendo. O primeiro e mais famoso caso foi o do grupo Metallica, que conseguiu perder milhares de fãs da noite para o dia.
Mas essas não são da parte mais divertida... tem a conclusão, que mete o pézão na jaca, e antes da conclusão, a parte da análise de discurso, em que eu fiz carinha malvada de expressionismo alemão enquanto teclava.