5.4.07

"Ancelmo e Murilo também falam de mulheres, como se todas olhassem para eles e, principalmente, como se cada uma delas os desejassem selvagemente. Não é o caso, nunca foi." - Hermés, no Superego, em 27/03
Quando os lugares eram marcados, na sétima série, eu fui colocada perto dos meninos mais arruaceiros, no fundo. Não sei o que a professora pretendia com aquilo. Talvez que eu exercesse alguma boa influência sobre eles - e não que eu ouvisse eles falando em pregar a professora parecida com a Luana Piovani num crucifixo e comê-la de cabeça para baixo (patente influência do metal). Acontece que assim fiquei sabendo demais sobre os homens cedo demais.
Não é de propósito, mas é útil. Eu acabo ficando sempre em posições que me permitem ouvir o que os homens falam entre si, sem qualquer tipo de censura. E que tristeza que é. Outro dia fiquei próxima a um grupo de três quarentões numa dessas mesas compridas de restaurante a quilo. Eu fui acompanhando a conversa e lembrei logo da sétima série. Primeiro falaram em todas as mulheres que, obviamente, davam um mole desesperado para eles, e quais, dentre essas, gostariam de comer. (Aqui as estagiárias são muito citadas.) Aí o gordinho baixinho e careca começou a "lamentar" o próprio excesso de fixação sexual. Os outros opinaram: isso é até doença, hein cara. E o gordinho careca baixinho: pareço até aquele ator... o Michael Douglas. Eu ri e eles perceberam. Fingi uma tossida. Olhei para o garfo.
As mulheres também não são muito melhores que isso. No vagão para mulheres do metrô, os assuntos de que mais falam são: gatinhos, BBB, celulares, magreza, compras e pessoas que as apunhalaram no trabalho. Apenas como referência, coloco aqui os assuntos de que falei com uma amiga que encontrei no vagão feminino outro dia: férias, viagens, mestrado, livros, carreira, magreza e restaurantes que prestam.