Palavras boko-moko
Já falei aqui do autoentreguismo que é mencionar a palavra 'garotada' para se referir aos mais jovens: significa que você foi "jovem adulto" no máximo nos anos 70. Mas outra gíria que começou a incomodar depois de 98 foi "moçada" (concomitantemente com "radical"). Outro dia, assistindo Friends, me deparo com Chandler se referindo aos amigos como "a moçada". Quase tive um surto. Horroroso! Vigorosamente oitentista!
E já vislumbro a época em que terei essa mesma reação a respeito de "galera", a gíria dos anos 90, época em que fui adolescente, para "coletivo de pessoas" (aliás: "coletivo"; outra palavra que não topo.).
É que tem essa questão: o tempo passa e eu percebo. Essa percepção me faz enxergar como as outras pessoas estão defasadas, em que tempo elas estão presas. Eu quero ser solta, tem gente que quer ser presa. Mas também tem gente que não sabe que está presa e sinto a necessidade de despertar a consciência delas (ok, Morpheus...).
Numa boate, por exemplo, certa vez, eu tive um insight claro de que quase todas as pessoas dali estavam presas num comportamento de boate anos 90. É difícil explicar, mas lá estavam as pessoas, de drinque na mão, olhando em volta "à procura" e dançando em rodinhas, com roupas e maquiagem cuidadosamente selecionadas. Eu tinha ido sozinha, sem beber ou fumar, e estava com uma roupa normal, mas ao mesmo tempo estranha. Circulei pela boate toda, não procurei ninguém pra me relacionar, dancei fora da pista... foi uma noite boa. Voltei para casa a pé.
Vou lançar outra palavra aqui. Que tal panapaná de pessoas? Ou alcatéia de pessoas? Ou pomar de pessoas? Vamos ver o que o cardume vai preferir adotar...