8.5.07

Tenho essa noção de que o melhor para minha carreira literária seria eu estar morta. Novinha, assim, com um livro publicado e outro a publicar, eu seria um hit. Mas desperdicei a oportunidade perfeita para morrer em dezembro de 2005, quando o A feia noite estava pronto e me esfaquearam na rua querendo levar o iPod. A celeuma que isso não ia causar! O A feia noite seria uma obra póstuma, já pensou? Mas não: em vez de andar por Botafogo me esvaindo em sangue, e declamar minhas últimas palavras em frente a um gravador (e pof!, pra trás, que nem em filme hollywoodiano), eu sobrevivi, muito burguesamente, cinco dias no Quinta d'Or tomando sopinhas e gelatinas no ar-condicionado, ouvindo o iPod que impedi os bandidos de levarem... guess I just don't have what it takes.