"papai, mamãe, não sou vagabunda. Passei num concurso! Um concurso público de verdade!"
O primeiro dia não foi muito diferente. No segundo dia comecei a flutuar pelas ruas – como assim não vêem que estou andando em câmera lenta, wideshot lateral me acompanhando os passos? (Minha câmera é assim. Como é a sua?)
Uma moça do ibiCred me pára, querendo me empurrar um pacote a juros extorsivos. Pego nos seus ombros, moça baixinha e leve, e bailo cantarolando "Eu não estou precisando! Eu não estou precisando!" e a moça-feita-de-nêga-maluca foge para os braços da colega, pensando provavelmente que precisa largar aquele emprego diabólico, e eu dou uma gargalhada e mais uma dançadinha.
(esse último parágrafo não aconteceu. Quase aconteceu. Óia a chuva. É mentira.)
A carta da Petrobras vai na bolsa comigo. Virou amuleto. Agora é preciso debelar a burocracia.
Acho um cartório surpreendentemente sem filas, pago oito reais e meio para autenticar CPF e identidade.
Entro numa livraria e percebo o livro de Cecília Giannetti bem ali no topo de uma pilha. Abro, dou uma lida. Vou levar. Levo o da Ana Paula também.
Enquanto isso, continuo fazendo deveres de francês com a letra caprichada... uma boa moça.