Da série: professores abomináveis
Dessa vez não é o reprovador maluco Saboga, nem a tia de quarta série Fátima. Hoje é dia da professora de Antropologia, Priscila Kuperman (pede trocadilho, não?).
Exemplar do gênero Picaretus, Priscila passa as três primeiras aulas de cada período falando sobre o Outro e os princípios da Alteridade, e de como devemos levar em conta as diferenças como algo enriquecedor, e não ter medo da sua potencial geração de caos. Pronto, isso é todo o conteúdo das aulas que ela dá. Sim, porque ela nos faz dar o resto das aulas sob a forma de seminários (a partir de textos que sempre chegam a essa mesmíssima conclusão).
Eu achava que ela só conhecesse esse conceito, mas que pelo menos o levasse a sério. Mas nem isso, o princípio da Alteridade pra ela é pura conversa acadêmica. Balela.
Hoje ela apareceu e... cadê os caras que iam dar o seminário? Não estavam (eram alunos picaretas, como ela). A mulher, contendo o pânico, foi buscar um texto e começou a falar uma resenha de um livro (interminável), entremeando com outros assuntos não de todo desinteressantes. Comecei a falar (sussurrar!) com quem estava do lado sobre a aula e qual a minha surpresa ao constatar que ela me mandara calar a boca!
Tudo bem, pensei, talvez eu estivesse falando um pouco alto. Até que ela falou de eleições e eu, tomando o maior cuidado com o volume da voz, comentei que havia lido uma coluna ótima do Verissimo sobre isso. Meu colega pediu um resumo do que eu lera, mas lá pela terceira frase noto um incomum silêncio.
Está a professora olhando para mim com aquela cara de Kuperman.
- Posso falar?
- Eu estava só fazendo um comentário sobre o que você estava dizendo.
- Não... pois é, só queria saber se eu podia falar.
E foi em frente. Eu rolei os olhos. Grande "princípio da Alteridade". Grande "multiplicidade de vozes"... aqui, ó! A única voz que tem por lá é a dela, chata e monocórdia (e ainda dá aula sentada atrás da mesa!).