4.10.02

Festival VII

Quarta.
Eu errei um código e pedi o ingresso antecipado errado. Com isso, tive que deixar de ver Samy e eu pra ver A viagem de Chihiro.
7 da noite: A viagem de Chihiro (Spirited away/ Chihiro alguma coisa). Todo mundo fala bem desse filme. E, realmente, é um épico. É engraçado, é universal, é lindamente desenhado (e dura 2 horas e 5 min, que passam bem rápido). Novamente, um "filme do Lynch". Isso acontece em vários mangás e animes... é que a cultura oriental tem outra noção de contar uma história. Recomendo!
9:40 da noite: Irreversível (Irreversible). Epiléticos, afastem-se. A tela pisca e roda. Muito. Está a serviço da história, tudo bem, mas o lanche do McDonalds quase voltou. A história é contada como em Amnésia, ao contrário. Tudo isso porque o filme é entrópico... sabe a entropia, a lei que diz que a tendência de qualquer sistema é murchar e desaparecer? Essa. O lema do filme é "o tempo destrói tudo". Quem fez esse filme ainda não descobriu o reverso da moeda da entropia, a Teoria do Caos. Mas vá lá.
A famosa cena de estupro de dez minutos me lembrou outra, e teve o mesmo efeito desta; em Cidade de Deus, a esposa de Mané Galinha é estuprada por Zé Pequeno. O que vemos da cena são dois ou três flashes de fração de segundo, enquanto o som (da brutalidade do estuprador e do sofrimento da mulher) permanece todo o tempo, e depois a mulher fora de foco, ao fundo, humilhada. Ambas as cenas causaram exatamente a mesma repulsa. O tempo que elas duram colabora para o mesmo efeito.
De qualquer modo o filme é forte pra caramba. JP disse uma coisa certa: "Eu não teria coragem de recomendar isto pra ninguém".