19.4.04

As caipiras de hoje são sexy. E não são sexy como a Rosinha (a namorada do Chico Bento, não a do Garotinho, por favor). São sexy como Gisele Bündchen no comercial da C&A, como Dominique Swain em "Lolita". Magrelas e desenvolvidas, porque o "progresso" capitalista não chegou até lá com açúcar, mas com quadras de esporte. Não se entopem de perfume da Avon e havaianas usadas da patroa como as suburbanas cariocas. Não. Saem da escola estadual, recém-reformada, com perfume de jasmim, cabelos estilosos e acessórios gangsta-rappers. No meio do caminho, tiram discretamente a blusa uniforme para revelar frentes-únicas e blusas de uma só alça. Comentam a feiúra ou a beleza dos uniformes da escola. Emprestam CDs até a quinta-feira para as amigas copiarem em fitas, desde que não voltem arranhados nem com o encarte rasgado. Têm fichários das Meninas Superpoderosas. Carregam skates por aí e praticam na beira da União-Indústria. Falam mal dos pleiboizinhos. Sim, dizem gírias e palavrões, os mesmos que os nossos, mas há uma falta de vontade de parecer blasé, malvado, malicioso.
Estão certas em xingar. A suburbanização orquestrada pela violência empurrou pleiboizinhos para as cidades médias, mães de um loiro desmaiado preocupadas com seus rebentos, cercados de u-tererês e metralhadoras, pressionando seus maridos ricos por exatamente esta "qualidade de vida". Estes pleiboizinhos vão para as particulares e depois, Universidade Católica de Petrópolis ou Estácio (até lá tem, eu vi). E poluem o ambiente cantando funks e anti-hinos botafoguenses na parte de trás do ônibus, e desejando as caipiras.