13.4.04

Eu leio TUDO. Se não tem nada para ler, eu leio rótulo do xampu, etiqueta de colchão. Na Disney, cheguei a ler a Bíblia do hotel, descobrindo que o Apocalipse em inglês era "Revelations". Na Inglaterra, comprei um livro horrível por 6 libras e arranjei tempo pra ler, apesar de dormir 4 horas por noite, acordar às nove para a aula, andar o dia todo, dançar até a madrugada. Passei 3 semanas. Quando voltei, tinha perdido 4 quilos.
Mas, podendo escolher, leio especialmente tudo o que é BOM. Não importa o que os outros achem. Li até Sidney Sheldon uma época. Enjoei no segundo, mas li o primeiro, sim, com entusiasmo. Estou lendo "Neuromancer", acabei de ler "O caso Morel" (as pessoas vão achar que copiei esse livro, quando "A feia noite" sair). O penúltimo foi "O papel do jornal", do Alberto Dines (descobrindo que alguns livros da bibliografia opcional são legais). O antepenúltimo foi da bibliografia também ("Notícia, um produto à venda").
Eu odiava quem lia Harry Potter. Geralmente, patties deslumbradas que levavam o livrinho pra aula e nenhum caderno. Um dia, peguei e... achei bom. Do nível do Roald Dahl. Os ingleses são ótimos.
O problema é que vicia. Te inspira comparações horríveis. Desculpem. Se não quiserem saber, ignorem a próxima passagem.

A lista de discussão da faculdade que está pegando fogo: detratores e defensores do Saboga, o Snape do pedaço. Pega os calouros, 1o período. Não importa o ano, reprova 80% de uma turma e 50% da outra (aquela com a qual ele simpatiza mais).
E Olho-Tonto Moody, com suas histórias mirabolantes: Argolo. "Senta que lá vem história". Várias cicatrizes. Alguns dizem que ele é maluco.
E a Trelawney, a vidente picareta, cabeça-nas-nuvens: Guaraciaba. Ela se referia à mim como "menina de short".
E o Dumbledore, Zé Henrique. Ele raspou a barba que o deixava tão parecido com ele, mas continua de óculos redondinhos. E sabe que a faculdade é uma merda, mas se esforça para ajudar os alunos a lidar com os furos (rombos!) acadêmicos.
Temos um gato que entra nas salas de aula e um porteiro-Filch que já trancou "acidentalmente" a Umbridge, quer dizer, a professora Fátima, na faculdade à noite.

Não lembro muito da cara dela. Um dia, depois de um passeio na Leicester Square, onde tem vários cinemas, o grupo de latinos com quem eu andava viu uma aglomeração de repórteres e fotógrafos perseguindo uma pessoa. Pensamos que devia ser alguma estrela de cinema. Fomos ver quem era. Com pouca coisa para carregar, ultrapassamos eles e chegamos a um beco, onde caras de paletó guardavam uma dirty blonde balzaquiana, cabelos no ombro, sem saber onde pôr as mãos. Nenhum de nós sabia quem era ela, e ficou aquele vácuo de constrangimento, mínimos "quién es?" "who is she?" "quem é?" voando pelo ar e todos parados com cara de bobos. Ela ficou meio decepcionada também. Achei que era alguma atriz local da Inglaterra. Mas ela parecia tímida demais para ser atriz. Acho que estive bem em frente à J.K.Rowling sem saber.
Tentei guardar a cara dela, porque podia ser alguma starlet que futuramente eu poderia vir a ouvir falar de, mas sou péssima fisionomista. Assim como entrei em várias (várias!) livrarias e não me lembro de ter visto um livro do Harry Potter (talvez tivessem comprado tudo - estive lá em julho de 1999, quando lançaram o terceiro livro). Fico só no achismo.