28.7.05

Cheguei à conclusão de que não me adapto neste lugar. Por "este lugar", entenda-se Brasil e tudo o que isso significa próximo à área de estereótipo.
Foi bom chegar a esta conclusão agora (eu ia colocar, na frase inicial, "amarga" conclusão, e desisti porque percebi que não reflete mais a realidade). Foi bom porque agora não estou nem aí e posso aceitar perfeitamente a conclusão que acabei de encontrar via diversos indícios.
Quando está "frio" e os cariocas se encolhem em coloridinhos casacos de lã, eu acho que aquilo, de alguma forma, devia ser o de sempre.
Quando numa boate as pessoas se agacham, põem as mãos no joelho e balançam a bunda, e outras pessoas sorridentes se encaixam no movimento logo depois, numa espécie de trenzinho infernal, eu penso que alguma coisa de errado com o mundo deve ter.
Quando alguém "chega" em alguém que está quieto no seu canto, obviamente após chopes demais e de cabeça feita por amigos tão bêbados quanto... não chego a pensar em suicídio, porém fico desejando arduamente um interruptor que, apertado, desligue aquilo - que só pode ter saído de uma novela ruim (pleonasmo exceto por Vamp e, vá lá, Que rei sou eu?).
O fator argh é triplicado quando a pessoa "chegada" concorda, e quadruplicado quando foi vencida pelo cansaço.
(O fator argh é o nome que eu inventei para o sentimento de nojinho constrangido, algo que grita em sua cabeça não! não! Nãããão!! enquanto você tenta não encostar muito naquelas pessoas e, nas primeiras vezes, deixa um gosto de céus, como é que elas não sabem, mas depois você se acostuma. Grandes amizades e até paixões surgiram do fato de uma pessoa perceber que outra está compartilhando do seu fator argh em relação a algum objeto, o que, dada a mediocridade geral e a tendência à indienização blasé já-vi-de-tudo, está cada vez mais raro.)