31.5.07
Comecei a tremer no meio da Biblioteca Nacional. Quer dizer, taquicardia, palpitações, e não foi pela emoção de estar no playground de Borges, não, eu ia até lá todo dia continuar a pesquisa, e estava sentadinha à mesa aguardando um original. Do nada, dispara o coração (be still my heart). A culpada foi a segunda xícara de café do dia. Esta é a minha resistência a drogas que não o chocolate.
30.5.07
Palavras boko-moko
Já falei aqui do autoentreguismo que é mencionar a palavra 'garotada' para se referir aos mais jovens: significa que você foi "jovem adulto" no máximo nos anos 70. Mas outra gíria que começou a incomodar depois de 98 foi "moçada" (concomitantemente com "radical"). Outro dia, assistindo Friends, me deparo com Chandler se referindo aos amigos como "a moçada". Quase tive um surto. Horroroso! Vigorosamente oitentista!
E já vislumbro a época em que terei essa mesma reação a respeito de "galera", a gíria dos anos 90, época em que fui adolescente, para "coletivo de pessoas" (aliás: "coletivo"; outra palavra que não topo.).
É que tem essa questão: o tempo passa e eu percebo. Essa percepção me faz enxergar como as outras pessoas estão defasadas, em que tempo elas estão presas. Eu quero ser solta, tem gente que quer ser presa. Mas também tem gente que não sabe que está presa e sinto a necessidade de despertar a consciência delas (ok, Morpheus...).
Numa boate, por exemplo, certa vez, eu tive um insight claro de que quase todas as pessoas dali estavam presas num comportamento de boate anos 90. É difícil explicar, mas lá estavam as pessoas, de drinque na mão, olhando em volta "à procura" e dançando em rodinhas, com roupas e maquiagem cuidadosamente selecionadas. Eu tinha ido sozinha, sem beber ou fumar, e estava com uma roupa normal, mas ao mesmo tempo estranha. Circulei pela boate toda, não procurei ninguém pra me relacionar, dancei fora da pista... foi uma noite boa. Voltei para casa a pé.
Vou lançar outra palavra aqui. Que tal panapaná de pessoas? Ou alcatéia de pessoas? Ou pomar de pessoas? Vamos ver o que o cardume vai preferir adotar...
Já falei aqui do autoentreguismo que é mencionar a palavra 'garotada' para se referir aos mais jovens: significa que você foi "jovem adulto" no máximo nos anos 70. Mas outra gíria que começou a incomodar depois de 98 foi "moçada" (concomitantemente com "radical"). Outro dia, assistindo Friends, me deparo com Chandler se referindo aos amigos como "a moçada". Quase tive um surto. Horroroso! Vigorosamente oitentista!
E já vislumbro a época em que terei essa mesma reação a respeito de "galera", a gíria dos anos 90, época em que fui adolescente, para "coletivo de pessoas" (aliás: "coletivo"; outra palavra que não topo.).
É que tem essa questão: o tempo passa e eu percebo. Essa percepção me faz enxergar como as outras pessoas estão defasadas, em que tempo elas estão presas. Eu quero ser solta, tem gente que quer ser presa. Mas também tem gente que não sabe que está presa e sinto a necessidade de despertar a consciência delas (ok, Morpheus...).
Numa boate, por exemplo, certa vez, eu tive um insight claro de que quase todas as pessoas dali estavam presas num comportamento de boate anos 90. É difícil explicar, mas lá estavam as pessoas, de drinque na mão, olhando em volta "à procura" e dançando em rodinhas, com roupas e maquiagem cuidadosamente selecionadas. Eu tinha ido sozinha, sem beber ou fumar, e estava com uma roupa normal, mas ao mesmo tempo estranha. Circulei pela boate toda, não procurei ninguém pra me relacionar, dancei fora da pista... foi uma noite boa. Voltei para casa a pé.
Vou lançar outra palavra aqui. Que tal panapaná de pessoas? Ou alcatéia de pessoas? Ou pomar de pessoas? Vamos ver o que o cardume vai preferir adotar...
29.5.07
WAAAH!
O certo seria inventar uma onomatopéia nova para descrever essa sensação. E eu que pensei que nada poderia superar Barbarella dirigido por Robert Rodriguez...
Explicando: Amy Sherman-Palladino, a criadora de Gilmore Girls, está escrevendo e produzindo uma nova série (!) com a menina que faz Six Feet Under (!!) em que ela faz uma escritora! (!!!)
É um nível de compatibilidade impressionante. Os dois únicos boxes de séries que compro (e mesmo assim, só quando estão no saldão) são de Six Feet Under e Gilmore Girls... Claro, eu compraria o box de Daria se existisse... mas não existe.
O certo seria inventar uma onomatopéia nova para descrever essa sensação. E eu que pensei que nada poderia superar Barbarella dirigido por Robert Rodriguez...
Explicando: Amy Sherman-Palladino, a criadora de Gilmore Girls, está escrevendo e produzindo uma nova série (!) com a menina que faz Six Feet Under (!!) em que ela faz uma escritora! (!!!)
É um nível de compatibilidade impressionante. Os dois únicos boxes de séries que compro (e mesmo assim, só quando estão no saldão) são de Six Feet Under e Gilmore Girls... Claro, eu compraria o box de Daria se existisse... mas não existe.
26.5.07
Ouçam seus professores: aquilo realmente serve para alguma coisa.
Agora estou traduzindo um documento de biotecnologia. Quer dizer que meus setes em Biologia têm serventia no mundo real. Por exemplo, sei que "cis-acting" quer dizer "atuando em formação molecular cis", em oposição à trans... os tradutores mais velhos não se lembram dessas coisas, ou sequer chegaram a aprender, nos idos do "clássico".
Agora, não sei se vou me arriscar em Química. Cincos e seis em Química.
Agora estou traduzindo um documento de biotecnologia. Quer dizer que meus setes em Biologia têm serventia no mundo real. Por exemplo, sei que "cis-acting" quer dizer "atuando em formação molecular cis", em oposição à trans... os tradutores mais velhos não se lembram dessas coisas, ou sequer chegaram a aprender, nos idos do "clássico".
Agora, não sei se vou me arriscar em Química. Cincos e seis em Química.
25.5.07
Quando eu digo ninguém escuta. Vamos ver se escutam ao Eduardo Coutinho.
É, no fundo é o seguinte: é amar e idolatrar o povo ou odiar o povo. Sabe? "O povo é santo", "o povo é burro". E tem outra que despreza o povo. Uma visão antiga do CPC: o povo não tem cultura, o povo é um copo d'água… é um recipiente no qual a gente bota nosso conteúdo do saber. Vanguarda leninista uma, e na outra, vanguarda cristã. O que é a cristã? Eu sou um intelectual, portanto eu sou um escroto, uma lástima. Se eu sou classe média intelectual, o que todo intelectual é, qualquer que seja sua origem, então ele é maldito. Puro é o pobre de espírito, puro é o índio, puro é o analfabeto, puro é o fodido, entende? Transpondo pro cinema americano, puro é o gay, puro é o excepcional, puro é o negro… aquela coisa insuportável. Na verdade, o documentário de hoje ainda é assim. Intelectual é o cara que vai fazer filme pra purgar sua culpa. No momento que você tem culpa quando você filma, é melhor não filmar.
(...)
Eu ponho na equipe pessoas de classe média, que são as que fazem cinema. Mas isso tem, "Vou me encantar porque a favela é maravilhosa…" Não é maravilhosa nem horrível! (...) Todo mundo vai filmar o excluído, quando não são excluídos, então, deviam filmar o mundo delas também. Eu falo como me sinto, porque não quero fazer regras, não há regras. Por exemplo: "Ah, por que não filma a classe média, Barra da Tijuca?" Eu falo, acho fundamental você filmar os que mandam, os poderosos, a classe média, filmar tudo e não só filmar o excluído, aquele que não é você.
(Em entrevista à revista Cinestesia -- www.cinestesia.com.br)
É, no fundo é o seguinte: é amar e idolatrar o povo ou odiar o povo. Sabe? "O povo é santo", "o povo é burro". E tem outra que despreza o povo. Uma visão antiga do CPC: o povo não tem cultura, o povo é um copo d'água… é um recipiente no qual a gente bota nosso conteúdo do saber. Vanguarda leninista uma, e na outra, vanguarda cristã. O que é a cristã? Eu sou um intelectual, portanto eu sou um escroto, uma lástima. Se eu sou classe média intelectual, o que todo intelectual é, qualquer que seja sua origem, então ele é maldito. Puro é o pobre de espírito, puro é o índio, puro é o analfabeto, puro é o fodido, entende? Transpondo pro cinema americano, puro é o gay, puro é o excepcional, puro é o negro… aquela coisa insuportável. Na verdade, o documentário de hoje ainda é assim. Intelectual é o cara que vai fazer filme pra purgar sua culpa. No momento que você tem culpa quando você filma, é melhor não filmar.
(...)
Eu ponho na equipe pessoas de classe média, que são as que fazem cinema. Mas isso tem, "Vou me encantar porque a favela é maravilhosa…" Não é maravilhosa nem horrível! (...) Todo mundo vai filmar o excluído, quando não são excluídos, então, deviam filmar o mundo delas também. Eu falo como me sinto, porque não quero fazer regras, não há regras. Por exemplo: "Ah, por que não filma a classe média, Barra da Tijuca?" Eu falo, acho fundamental você filmar os que mandam, os poderosos, a classe média, filmar tudo e não só filmar o excluído, aquele que não é você.
(Em entrevista à revista Cinestesia -- www.cinestesia.com.br)
22.5.07
Queridos,
texto meu inédito na praça. Um textinho - restrição da mídia, sorry.
Sairá na revista Mininas no. 12, que por ser pequenininha do tamanho de um botão não é muito cara (acho que é dez reais). Eu não vou estar lá, está pensando que passagem da Gol nasce em árvore? Mas é uma espécie de revista feminina ideal. Uma espécie de Senhor, só que Senhora. E anã.
Aqui podem ver a edição número onze.
Mininas nº 12
Arte: Pucca, Stéphanie Padilha, Deborah Franco
HQ: Luli Penna
Ensaio fotográfico: Sissy Eiko
Poesia: Lilian Aquino, Sónia Bettencourt
Prosa: Simone Campos, Cristiane Lisbôa, Milena de Almeida
Reconheço nomes japoneses e portugueses nesta lista. Sinto-me em casa.
Revista Mininas – lançamento das edições 10, 11 e 12
22 de maio, terça-feira, a partir das 19h
Bar Canto Madalena
Rua Medeiros de Albuquerque, 471, Vila Madalena – São Paulo – Telefone: (11) 3813-6814
PS: Será que a ilustradora Pucca tem alguma relação com a Pucca dos animes?
texto meu inédito na praça. Um textinho - restrição da mídia, sorry.
Sairá na revista Mininas no. 12, que por ser pequenininha do tamanho de um botão não é muito cara (acho que é dez reais). Eu não vou estar lá, está pensando que passagem da Gol nasce em árvore? Mas é uma espécie de revista feminina ideal. Uma espécie de Senhor, só que Senhora. E anã.
Aqui podem ver a edição número onze.
Mininas nº 12
Arte: Pucca, Stéphanie Padilha, Deborah Franco
HQ: Luli Penna
Ensaio fotográfico: Sissy Eiko
Poesia: Lilian Aquino, Sónia Bettencourt
Prosa: Simone Campos, Cristiane Lisbôa, Milena de Almeida
Reconheço nomes japoneses e portugueses nesta lista. Sinto-me em casa.
Revista Mininas – lançamento das edições 10, 11 e 12
22 de maio, terça-feira, a partir das 19h
Bar Canto Madalena
Rua Medeiros de Albuquerque, 471, Vila Madalena – São Paulo – Telefone: (11) 3813-6814
PS: Será que a ilustradora Pucca tem alguma relação com a Pucca dos animes?
21.5.07
Ontem saiu n'O Globo uma matéria sobre trailers de livros. Pouca gente sabe, mas o A feia noite tem seu trailer também.
O objetivo deste "fotovídeo" é passar o clima das andadas noturnas de Francisco e Maria Luiza, inclusive o completo ermo que é a noite do Rio de Janeiro (cada vez mais).
Para quem gostou, tenho mais dois vídeos no Youtube: o metálico e o bucólico.
O objetivo deste "fotovídeo" é passar o clima das andadas noturnas de Francisco e Maria Luiza, inclusive o completo ermo que é a noite do Rio de Janeiro (cada vez mais).
Para quem gostou, tenho mais dois vídeos no Youtube: o metálico e o bucólico.
Eu não lembro de ninguém. Preciso da Ana Paula pra me etiquetar as pessoas... "É ele, de camisa azul-clara, não lembra? A gente conheceu ele aquele dia..." - e eu com cara de interrogação, não, não lembro. Eu me envergonho - e esse me não quer se referir a um processo interno; é mais como se eu, de fora, me visse com a tal cara de interrogação e passasse a mão pela cara ("céus, essa menina, mas que desastre social") e deixasse para lá - afinal, não posso fazer nada. O triste é que sei o que parece: estou ignorando de propósito - e seja dito que, às vezes, muito raramente, é. Mas recordar de cada pessoa é um esforço extenuante e, portanto, procuro me lembrar apenas das melhores - e, mesmo assim, demora um pouco até mesmo para deliberar quais merecem o esforço.
16.5.07
Agora, com essa declaração de Lula, se confirma o que eu estava dizendo outro dia para minha mãe: Lula quer fazer o sucessor para superar o FHC no pôquer (ahá, tenho dois mandatos e fiz meu sucessor). Depois ouço no rádio que ele também disse que esse sucessor podia ser "de outro partido". Para mim isso é um tremendo mole pro Aécio Neves. E se fecharem a parceria, é óbvio que a eleição de 2010 nem vai ter graça. Aécio Neves tem cabelo, nome, e jeito pra coisa, além de uma aprovação absurda onde já governou. Até eu vou votar nele. Lembro de quando JP me mostrou, admirado, uma matéria que saiu em 2006 no Globo sobre Aécio em que, talvez pela primeira vez na história do jornalismo brasileiro, usavam o termo "maquiavélico" com o sentido certo - para qualificar a ação de Aécio no início de seu governo, de limpar a folha de pagamento do serviço público de Minas (pois titio Niccolo dizia para tomar medidas impopulares no começo do mandato, se tais medidas fossem necessárias). Talvez Aécio presidente deixe isso para 2015, para poder se reeleger. E se fizer um governo realmente eficiente (quem vai querer fazer oposição a esse homem?), estou bem certa de que o Brasil vai começar a incomodar.
PS: meu primeiro emprego foi este.
PS: meu primeiro emprego foi este.
14.5.07
Na seção de brinquedos das Lojas Americanas, percebi que estão vendendo um quebra-cabeças daqueles de 5 mil peças com um quadro renascentista. Me aproximei para verificar qual era. Lá estava Jesus com seus doze discípulos e, à volta dele, uma orgia romana. Achei que era Photoshop, mas não: era Veronese.
10.5.07
Sou muito pragmática no que diz respeito a magreza. Pessoas muito esquálidas ou muito gordas me dão nervoso: meu ideal é corpo de miss dos anos 40, de certinha do Lalau. Mas mesmo esse ideal é muito flexível. Só me preocupo se as roupas não estiverem cabendo mais, porque aí vou ter que comprar outras e, francamente, detesto comprar roupas (trauma de infância: lembro nitidamente da minha mãe escolhendo vestidos embabadados pra mim na Halloween, daqueles que pinicam terrivelmente). Ainda mais outro guarda-roupa inteiro de uma vez só. Minha excentricidade me mantém na linha.
Às vezes eu acho também que ando por aí muito arrebentada, crash-chic, cheia de cicatrizes e joelhos ralados. Pareço até uma cutter, mas não são machucados autoinfligidos (exceto pelas cutículas. mas quem pode resistir?). São mordidas de mosquitos, topadas, acidentes com a bicicleta, calos feitos por sandálias malvadas, etc. etc.
Agora, com o 300, parece que todo mundo descobriu o estoicismo, que pratico desde as aulas de Educação Física da 1a série. Mas não adianta, é de pequeno que se torce o pepino.
Pude comprovar isso na prática outro dia, quando percebi, apavorada, que a hora de trocar todo o guarda-roupa estava se aproximando. Só com o susto, perdi um quilo. Procurei um médico. Ele me receitou um regime que cortava doces, massas e pães.
Os naturebas dizem que é possível se viciar em açúcar. Pois isso bem serviria como minha definição: junkie do açúcar. Para que se entenda a enormidade do obstáculo, é preciso assinalar: estou para o chocolate como Vinícius de Moraes está para o uísque. Impressionei muita gente com minha resistência - e sem crise de fígado nem nada no dia seguinte. Normalmente, quem tentasse me acompanhar é que passava mal.
Apesar de tudo isso, foi comovente a receptividade com que abracei as barras de cereais. O sucrilho sem açúcar. O mate diet (isso sim boquiabriu os circunstantes). O leite desnatado e o ciclamato e o aspartame. Purê de batata e salada. Sem reclamar.
Pois bem. Esse regime começou no mês da Páscoa. No mês da Páscoa, perdi dois quilos. Agora mais outro. Faltam três para chegar no peso que eu tinha no segundo ano do ensino médio. E não, não estou enxergando os transeuntes como apetitosos coelhos de chocolate ainda. Na verdade, está bem tranqüilo. Continuo comendo bem, inclusive sobremesa, coisas como frutas, gelatina, iogurte, Trident. Começo a suspeitar que não sou viciada em açúcar, mas em doce.
Engraçado como há quem pense que estoicismo é coisa de oligofrênicos. Bobagem. Domar o corpo é fácil se a mente é forte. A recíproca não é verdadeira.
Às vezes eu acho também que ando por aí muito arrebentada, crash-chic, cheia de cicatrizes e joelhos ralados. Pareço até uma cutter, mas não são machucados autoinfligidos (exceto pelas cutículas. mas quem pode resistir?). São mordidas de mosquitos, topadas, acidentes com a bicicleta, calos feitos por sandálias malvadas, etc. etc.
Agora, com o 300, parece que todo mundo descobriu o estoicismo, que pratico desde as aulas de Educação Física da 1a série. Mas não adianta, é de pequeno que se torce o pepino.
Pude comprovar isso na prática outro dia, quando percebi, apavorada, que a hora de trocar todo o guarda-roupa estava se aproximando. Só com o susto, perdi um quilo. Procurei um médico. Ele me receitou um regime que cortava doces, massas e pães.
Os naturebas dizem que é possível se viciar em açúcar. Pois isso bem serviria como minha definição: junkie do açúcar. Para que se entenda a enormidade do obstáculo, é preciso assinalar: estou para o chocolate como Vinícius de Moraes está para o uísque. Impressionei muita gente com minha resistência - e sem crise de fígado nem nada no dia seguinte. Normalmente, quem tentasse me acompanhar é que passava mal.
Apesar de tudo isso, foi comovente a receptividade com que abracei as barras de cereais. O sucrilho sem açúcar. O mate diet (isso sim boquiabriu os circunstantes). O leite desnatado e o ciclamato e o aspartame. Purê de batata e salada. Sem reclamar.
Pois bem. Esse regime começou no mês da Páscoa. No mês da Páscoa, perdi dois quilos. Agora mais outro. Faltam três para chegar no peso que eu tinha no segundo ano do ensino médio. E não, não estou enxergando os transeuntes como apetitosos coelhos de chocolate ainda. Na verdade, está bem tranqüilo. Continuo comendo bem, inclusive sobremesa, coisas como frutas, gelatina, iogurte, Trident. Começo a suspeitar que não sou viciada em açúcar, mas em doce.
Engraçado como há quem pense que estoicismo é coisa de oligofrênicos. Bobagem. Domar o corpo é fácil se a mente é forte. A recíproca não é verdadeira.
8.5.07
Tenho essa noção de que o melhor para minha carreira literária seria eu estar morta. Novinha, assim, com um livro publicado e outro a publicar, eu seria um hit. Mas desperdicei a oportunidade perfeita para morrer em dezembro de 2005, quando o A feia noite estava pronto e me esfaquearam na rua querendo levar o iPod. A celeuma que isso não ia causar! O A feia noite seria uma obra póstuma, já pensou? Mas não: em vez de andar por Botafogo me esvaindo em sangue, e declamar minhas últimas palavras em frente a um gravador (e pof!, pra trás, que nem em filme hollywoodiano), eu sobrevivi, muito burguesamente, cinco dias no Quinta d'Or tomando sopinhas e gelatinas no ar-condicionado, ouvindo o iPod que impedi os bandidos de levarem... guess I just don't have what it takes.
Muito bom. Só vá lá, nem que seja para olhar as figuras; você não vai se arrepender. É o blog do Antonio Prata na China, pelo Amores Expressos.
6.5.07
Mais um pedacinho do Penados y Rebeldes:
"As reclamações chegavam às enxurradas, de todas as divisões. Era obviamente uma das malditas intervenções de Jack Jesus. E oh, quando iriam parar. Não que interferissem nas propagandas da própria Torrid: não, Jack Jesus era muito mais sofisticado do que isso. Suas intervenções apareciam como que sendo anúncios de uma empresa diferente, mas de conceito e identidade visual tão singulares e poderosos quanto os da Torrid. A tal empresa nunca era identificada – mas nem a Torrid, que capitaneava esta moda de “modéstia”, ou de “permanecer anônimo em sua singularidade”.
Em suma: as pessoas prestavam atenção naquele comercial infame. E prestando atenção naquele comercial, não veriam os da Torrid. Até porque aqueles, de forma subliminar, desconstruíam os da Torrid. Deus!"
"As reclamações chegavam às enxurradas, de todas as divisões. Era obviamente uma das malditas intervenções de Jack Jesus. E oh, quando iriam parar. Não que interferissem nas propagandas da própria Torrid: não, Jack Jesus era muito mais sofisticado do que isso. Suas intervenções apareciam como que sendo anúncios de uma empresa diferente, mas de conceito e identidade visual tão singulares e poderosos quanto os da Torrid. A tal empresa nunca era identificada – mas nem a Torrid, que capitaneava esta moda de “modéstia”, ou de “permanecer anônimo em sua singularidade”.
Em suma: as pessoas prestavam atenção naquele comercial infame. E prestando atenção naquele comercial, não veriam os da Torrid. Até porque aqueles, de forma subliminar, desconstruíam os da Torrid. Deus!"
"- Papai, papai.
- Estou com minha filha aqui e ela está parecendo uma hippie.
- Estou feliz agora, papai.
- Fizeram uma lavagem cerebral na menina. Preciso do melhor desprogramador. O mais experiente. Isso, o tal do Juruá-Purus. O quê? Não quero saber, pago qualquer divisa, quero ele aqui agora."
Terminei o Penados y Rebeldes, meu romance online de ficção-científica. Ao menos, terminei a Versão 1, que tem começo, meio e fim. Uma versão que dá para ler e que tem nexo, pelo menos na minha cabeça doentia. Dava um mangá.
O tom do Penados y rebeldes, exatamente por se tratar de um experimento, ficou engraçado: ficou meio best-seller canastrão, meio meu estilo fragmentado/delirante que vocês conhecem. Tem de tudo no meio: O código Da Vinci, terrorismo, espiões, advogados, prostitutas, celebridades, corporações, geopolítica - e até mesmo literatura. Mas botei uns personagens simpáticos e bem-explicados para ninguém ficar desorientado. Como eu disse, dava um mangá.
Estou terminando meus projetos incompletos, que estavam me incomodando em sua incompletude, como o roteiro e este romance online. Até mesmo uma revista de palavras cruzadas que estava pela metade estou terminando...
Foi boa a regra que estabeleci de só começar o projeto que valesse a pena terminar. O corolário desta regra é que termino o que começo.
Se você for um diretor (ou tiver sérias aspirações - eu disse sérias), e estiver interessado em ler o roteiro que fiz do A feia noite, me peça que eu mando.
- Estou com minha filha aqui e ela está parecendo uma hippie.
- Estou feliz agora, papai.
- Fizeram uma lavagem cerebral na menina. Preciso do melhor desprogramador. O mais experiente. Isso, o tal do Juruá-Purus. O quê? Não quero saber, pago qualquer divisa, quero ele aqui agora."
Terminei o Penados y Rebeldes, meu romance online de ficção-científica. Ao menos, terminei a Versão 1, que tem começo, meio e fim. Uma versão que dá para ler e que tem nexo, pelo menos na minha cabeça doentia. Dava um mangá.
O tom do Penados y rebeldes, exatamente por se tratar de um experimento, ficou engraçado: ficou meio best-seller canastrão, meio meu estilo fragmentado/delirante que vocês conhecem. Tem de tudo no meio: O código Da Vinci, terrorismo, espiões, advogados, prostitutas, celebridades, corporações, geopolítica - e até mesmo literatura. Mas botei uns personagens simpáticos e bem-explicados para ninguém ficar desorientado. Como eu disse, dava um mangá.
Estou terminando meus projetos incompletos, que estavam me incomodando em sua incompletude, como o roteiro e este romance online. Até mesmo uma revista de palavras cruzadas que estava pela metade estou terminando...
Foi boa a regra que estabeleci de só começar o projeto que valesse a pena terminar. O corolário desta regra é que termino o que começo.
Se você for um diretor (ou tiver sérias aspirações - eu disse sérias), e estiver interessado em ler o roteiro que fiz do A feia noite, me peça que eu mando.
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