26.5.04

Aquele sonho de novo, o dos poderes que revogam. Sandman me sacaneava desde pequena quando tive este primeiro sonho de revogação, faz tempo. Dissolvi o cinema para o qual eu tinha ingresso e agora não podia mais entrar. Placas de concreto caíam à minha volta, mas não em cima de mim. Poeira. Saí pela porta, ilesa, enquanto os sonhoneses eram esmagados.
Lá fora, na colina de grama tão verde, dissolvi as flores. Meu indicador revogou a ordem do sonho, como uma arma apontada para os atores do teatro. A grama corcoveou, a figurante loira parou na calçada com cara de "diretor, ela estragou a cena", olhei pro céu e comecei a girar. Girei. Girei. O som dos guinchos de microfonia. O sol girava loucamente no céu. Foi a última coisa que vi antes de cair na grama, quer dizer, na cama.