12.5.04

Já contei que o cara-mais-popular-da-escola sempre se apaixonava pela nerd aqui? Bom, aconteceu duas vezes.
Já contei, também, que eu disse não pros dois? Um na sétima série, outro no segundo ano (ou terceiro?). Lembro da candidata a modelo me sacudindo pelos ombros na porta do McDonald's e berrando assustadoramente: NÃO? COMO NÃO? É A SUA CHANCE DE DEIXAR DE SER NERD!
Estou dizendo isto por quê? Porque parece que isto é algo como Jesus descer à terra e perguntar se você quer ficar do lado dele, que ele expulsa o Dimas. Parece que é uma chance que não pode ser desperdiçada. Parece, pelo menos em "Ela é Demais", "Nunca fui beijada", "Clube dos Cinco" e tantos, tantos outros filmes políticos.
Eu "desperdicei" duas vezes. Sendo nerd eu agüentava apelidos, zoações, exclusões, humilhações, sacanagens em geral. Parece que poderia usar minha inteligência para sofrer de outro jeito, deitar na fôrma. Mas na verdade, nerd (pelo menos no sentido pré-terceiro-grau) é uma denominação parcial. Você não "faz merda", não dança as músicas, não compra o produto, não fica com quem te arrolam, não tem problemas com as notas.
Na verdade, nerd é uma etiqueta aplicável mesmo a pessoas que se fodiam na escola (como eu, no ensino médio). É uma etiqueta ampla que só um não-nerd tem impulso e visão de afixar. Chamam de nerd a um tipo muito específico de pessoa.
Você faz merda, mas as invisíveis, as que não estão na moda. Você não se ofende com o que os outros se ofendem e se ofende com os que os outros não se ofendem. Você tem um mundo para destruir e outros pra construir; eles têm um mundo apenas, pra "participar". Eles andam na linha; você, na transversal (e é por isso que batem).
Feliz cérebro.